Naquela noite, ela foi tudo o que queria ser... Introdução
Diaa data não muito distante da qual estou escrevendo. Acontecera um baile de formatura na escola em que estudo. Não escrevo sobre mim, embora eu tenha participação na história.
A protagonista é reconhecível por qualquer um que esteve nesse dia. No dia em que a menina dos cabelos acajus púrpuras. Ela faz questão de deixar esse nome bem claro. O nome dela não é preciso dizer, entretanto. Prefiro escrever sobre sua postura sempre reta e cabeça olhando a frente, pronta para o mundo, uma mulher madura, mas com ar inocente. Pronta pra enfrentar tudo, mas ainda dependente de alguma gente. De alguma gentileza. Isso a fazia sorrir.
Sorriso que, naquela noite, dera lugar à maldade no olhar; Com exigência de traje esporte fino, o baile estava programado para começar às 19horas. Como em todo bom filme clichê, a protagonista sempre chega atrasada, nas festas, e rouba a cena. Com ela não foi diferente. Estava vestindo um tomara que caia, preto fosco, que se emendava à uma meia calça preta, descendo até seus pés, sustentados por um salto alto de 5cm.
Nada muito exorbitante, exceto... a diferença. O preto não estava só em sua vestimenta, porém em seus olhos, também. Estavam estampados, nele, todos os desejos guardados por três anos. Os anos do colegial. Os anos onde a maioria se descobre. Nunca saberei se aquilo que aconteceu fora uma descoberta, ou uma decisão para me deixar descobrir o seu corpo...
Com um sorriso lindo, radiante e encantador, chegara como sempre, cumprimentando a todos e recebendo comentários sobre sua roupa. Sorria ainda mais, pois gostava de saber que sua decisão surtira efeito.
Ao passar por mim, me deu o abraço que eu sentia vontade de receber, sempre que a via passar pela escola. Entretanto, não era com o ar amigável, de sempre. Era com mais pegada... como se quisesse marcar as pessoas as quais ela queria ter, aquela noite. Senti um frio na barriga e, ao afastar meu rosto do ombro dela - o encaixe perfeito, devido ao salto - vi seus olhos sorrirem, como se sentissem orgulho de terem transmitido a mensagem de que, aquela noite, ela seria a garota que estava prendida há 3 anos...