Cap.5
O coração de Jorge batia descompassadamente, enquanto ele ainda se mantinha abraçado ao corpo de Eduard. Pensava em como aquilo tinha acontecido, sem ele perceber. E pensava o porquê aquilo tinha acontecido. Aquele desejo já estava se tornando incontrolável ? Ou ele estava, verdadeiramente se apaixonando, como nos livros, mas por um garoto ? Lentamente conseguiu se separar do corpo de Eduard e o deixou lá, dormindo como um anjo. Vestiu uma roupa e saiu. Foi até o refeitório, pegou um café, e foi para o pátio. Sentou numa bancada, se incolheu e ficou lá tomando café e pensando na vida.
- Será se isso é possível ?- falou ele pra si mesmo
Enquanto isso, Eduard acordava com a maior preguiça do mundo. E foi só aí que ele percebeu que estava dormindo sobre a cama de Jorge, sentindo seu cheiro gostoso.
- Mas o que eu estou fazendo aqui ?- falou pra si mesmo, se levantando e indo em direção ao banheiro. Se olhou no espelho e viu uma cara de preguiça fofa. Se vestiu e também saiu do quarto. Foi para o refeitório e em seguida pro pátio. Fitou todo o local, atrás de Jorge, até que encontrou. Foi em direção a ele e viu um olhar triste.
- Oi Jorge, acordou hoje foi ?- falou sorrindo, mas viu que o amigo não estava bem.
- Foi- Jorge tentou disfarçar com um sorriso, mas não conseguiu.
- O quê houve ein ?
- Nada- ele saiu andando e deixou Eduard falando sozinho. O mesmo ficou lá, com a maior cara de tacho, pensando que seu amigo tinha ficado de mau com ele. Mas ele saberia sim, o que tinha acontecido. Saiu andando atrás do amigo. Andou, até que o achou sentado numa pedra próximo a uma cachoeira. Ele olhava pro céu, parecia estar confuso. Subiu as rochas e chegou mais perto, pouco a pouco.
NARRADO POR EDUARD
- Me conta o quê houve, eu sou seu amigo, você sabe disso- falei, me aproximando anda mais, chegando a estar colado a ele.
- Eu já disse, não aconteceu nada - ele falou tranquilamente.
- Tem certeza ? - ele ficou em silêncio durante alguns minutos. Olhou pra mim, e ficou me encarando.
- Se você soubesse o que tem se passado na minha cabeça nos últimos dias, acho que me mataria -falou, olhando pra um pequeno passarinho branco, que ao nosso lado, insistia em escutar a nossa conversa. Ele estendeu a mão e pegou o passarinho, com todo o cuidado do mundo. Ficamos fazendo carinho no passarinho por alguns segundos, até que voltei a falar.
- Eu nunca te mataria, por nada. Nem que você cometesse o pior crime do mundo, nem que você me traisse, ou fizesse coisa pior contra mim, eu nunca te mataria- falei, olhando pra ele. Ele tirou os olhos do passarinho e olhou nos meus olhos.
- Sério ?
- Claro que sim
- Você é a coisa mais importante da minha vida ! - juro que me segurei pra não chorar agora. Ele soltou o passarinho, e me deu um longo abraço.
- Você também é a coisa mais importante da minha ! - nunca achei que falaria isso pra alguém, mas, sim. Ele era mesmo ! Era a única pessoa que eu mataria e morreria, que eu faria qualquer coisa pra ver feliz, que eu daria tudo o que eu tivesse, pra salva-lo. Ele era sim, a coisa mais importante da minha vida. Ele se separou de mim, e vi seus olhos lagrimarem.
- Obrigado por existir
- De nada - falei rindo - mas, e ai, voce não vai mesmo me dizer o que houve ?
- Por enquanto não. Um dia você vai saber
- Bem. Já que você não quer falar, eu respeito, mas não entendo. Vamos pro nosso quarto, mais tarde nossas aulas vão começar.
- Eu nem queria estudar, tava tão bom ficar lá na fazenda
Rimos e voltamos pro quarto. A manhã passou, e nos arrumamos. Pegamos todo nosso material e fomos pro pátio do colégio. Chegando lá todos os nossos amigos já esperavam.
- Enfim né Eduard e Jorge, achei que vocês não viriam hoje - Isabel, amiga de nós dois ,falava. Ela era bonita, era baixinha, mas era branca como a neve, tinha olhos azuis, cabelos loiros e lisos, então era bem bonita.
- Que isso Isa, você sabia que a gente viria, nunca faltamos né Eduard
- É sim
Fomos logo pra sala e as aulas começaram. As aulas eram extremamente chatas, mas suportáveis. Passamos a tarde, e enfim chegou a noite. Alguns dias passaram, e ele andava ainda mais misterioso e confuso. Fugia de mim, e algumas vezes o encontrava dormindo em outro quarto. O que está acontecendo com ele ? Será se ele passou a me odiar ? Certo dia, eram 21h, e ele ainda não estava no quarto. Comecei a procura-lo, até que o achei no bosque. A noite ele ficava ainda mais lindo. Chegando lá, ele deitou no gramado e ficou olhando pra lua. Eu o segui. Ficamos lá, calados por alguns minutos, até que eu quebrei o silêncio.
- Porquê você está tão misterioso esses dias, tem fugindo de mim, parece que está com raiva de mim, o que eu fiz ?- ele olhou pra mim
- Nada. O problema não é você, sou eu.
- Então conte-me, que a gente pode resolver isso- ele deu um longo suspiro
- Eu estou me apaixonando...
Continua
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