Nave Mãe Cap. 3

Cap.3

- Porquê... Porquê...- pensei em dizer a verdade a ele, mas fiquei com medo da reação, sei lá, a gente sempre fica com um pé atrás, então resolvi inventar uma desculpa esfarrapada- Porquê você é meu amigo, eu prefiro a sua companhia, do que a de uma patricinha fútil. Agora diz uma coisa, ficou com ciumes de mim foi- ele olhou pro chão e sorriu

- U-m p-p-o-u-q-q-u-i-n-h-o

- Porquê- eu estava com medo da resposta

- Bem... É... Não sei- ele virou as costas e começou a andar lentamente

- Como não sabe ?- segui ele

- Eu não sei ta..- ele se virou e ficamos com os rostos colados- ...bom- ele aos poucos se afastou- eu tenho ciúme de você sim... Mas eu não sei porquê...- ele novamente virou as costas

- Tem certeza ?- essa era a chance de manifestar meus sentimentos. Então coloquei a mão envolta dele e o abraçei por trás. Meu coração foi a mil ao perceber que eu estava abraçado a ele, e perceber que ele estava gostando. Sentir o cheiro daquele perfume cítrico me causou umas das maiores sensações que eu já vivi. Então, senti suas mãos retirarem meus braços, e ele se virou pra mim. Ficamos por uns bons momentos apenas nos olhando. E logo vi ele se aproximando. E quando pensei que ele me beijaria, ele apenas retribuiu o abraço, mas de um modo bem mais apertado. Recostou sua cabeça no meu ombro e falou...

- Eu esperei isso por muito tempo

- O quê ?

- Um abraço seu- e manteve- se abraçado a mim por alguns minutos. Carros e pessoas passavam e nos olhavam, mas eu fingia que era apenas nós dois ali- eu, acho que sei porquê tenho ciúme de você- essa frase soou como um sussurro em meus ouvidos

- Porquê ?- Nós dois usávamos timbres de voz calmos e românticos, o que tornava o momento ainda mais mágico.

- Seria loucura se eu dissesse que gosto de você... Não apenas como amigo ?- um sorriso se formou em meus lábios, o sorriso mais feliz da minha vida

- Não...- aos poucos ele me soltou e novamente nos olhamos, detalhadamente. Ele passou a mão pelo meu rosto, como se quisesse lembrar pra sempre

- Não ?- ele sorria, admirando meus lábios, e passando a mão por eles

- Não... Porquê eu também sinto o mesmo, por você...- sorri e vi seus olhos lindos brilharem ao ouvir aquilo

- Amor ?- agora ele começou a aproximar nossos rostos, calmo e lentamente. Meu coração parecia uma bateria de samba

- Amor...- parecia que um cordão formado por corações nos envolveu naquele momento, e lentamente, senti seus lábios tocarem os meus, como se fossem feitos um para o outro. Logo, senti sua língua invadir minha boca, e pude sentir um gosto de morango maravilhoso, que sua boca tinha. E soube naquele momento que teríamos muitos anos juntos. Seus lábios pareciam imas, para os meus, de forma que eu não conseguia para de beija-lo. Mas ele parou o momento mágico

- G-g-e-n-t-t-e, o quê foi isso ?- ele sorria como um bobo- meu primeiro b-b-e-i-j-o-o. Isso aqui é verdade ?

- É claro que é verdade, você fica um fofo envergonhado...- ele sorriu

- Então, você me acha fofo ?- ele olhava pro chão e pra mim, não nessa ordem

- Você é o garoto mais fofo do mundo, por isso que eu aprendi a te amar

- Pera aí, eu estou confuso...

- Confuso porque ?

- Acho que... a ficha não caiu...

- Será se isso ajuda ?- novamente eu o puxei, e dessa vez com um pouco mais de volúpia, o beijei. Por alguns segundos o mundo havia parado. Mas como sempre o momento tinha que parar. Ele sorriu pra mim, e descemos a rua juntos, de mãos dadas. Na nova sociedade, o preconceito ainda persistia, mas era bem menor. Apenas 7% da população brasileira dizia ter algum tipo de repugnância com os gays. Logo chegamos na frente da minha casa, e eu sabia que estava vazia, pois a chave ainda estava debaixo do tapete

PS: O Brasil terráqueo, era diferente do Brasil navemaezistico, ou seja, o crime era quase inexistente, de modo que, um assalto em uma capital de estado, era uma coisa rara

Abri a porta e nos entramos.

- Estamos sozinhos ?- ele me olhava ainda envergonhado e deixava si mesmo ainda mais fofo

- Sim, mamãe vai demorar a chegar- falei indo em direção a cozinha

- Halen, diz uma coisa... O quê nós somos agora ?

- Como assim ?

- Nós ainda somos só amigos, ou... mais que isso

- Agora...- entrelacei suas mãos com as minhas- Nós somos namorados... eu sou seu, e você é meu. O meu gago fofinho- vi ele se tornar um camarão ao ouvir aquilo. Ele soltou minhas mãos e me deu um longo abraço apertado

- Você não sabe o quanto eu esperei por isso... namorado

Continua

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