O Primogênito. 28

Aquela conversa doeu mais em mim do que nele, mesmo tendo todos os motivos para ficar longe dele eu o queria perto de mim...

A como eu queria que tudo fosse diferente, mas enfim quando descia a Luana e o Bruno me esperava no pé da escada com uma expressão tensa, é provável que eles tenham ficado com medo de nós dois brigarmos e quando ela viu meus olhos vermelhos acredito que obteve sua resposta, mas ela nem me deu tempo de falar alguma coisa pois ela me abraçou bem forte.

L:Vamos embora kadu... Acho que essa festa já deu o que tinha que dá.

K:Não vou deixar ele estragar tudo... Vamos ficar mais um pouco.

Por alguma razão tive a impressão que o motivo da tensão da Luana era outro ainda mais que o Bruno ficava o tempo todo olhando para os lados como se tivesse procurando alguém, mas na hora nem me dei conta do que ocorria nas minhas costas. Depois de algum tempo fomos para o jardim e ficamos em uma mesa eu a Luana o Bruno a Vanessa e o Dênis. A conversa fluía bem até que eu vi um casal perto da piscina conversando alguma coisa e os dois olhavam para mim torcendo o nariz, eu até olhei para atrás de mim para ver se era comigo mesmo, mas pelo jeito era sim, pois não havia mais ninguém perto.

K:Lu parece que estão falando de mim.

L:Quem?

K:Aquele casal ali perto da piscina.

L:É impressão sua Kadu.

Mas não era muitos convidados que estavam ali olhava para a nossa mesa de forma estranha, mas só tive a certeza quando me levantei e fui ao banheiro e no caminho as pessoas ficavam me olhando e aquilo já estava me irritando mais do que eu já estava graças a minha pequena conversa com o Digo então quando eu passava por um grupinho de convidados eu escutei alguém dizendo:

?:Será que é verdade... Meu Deus esse mundo esta perdido mesmo...

Quando voltava fui em direção a cozinha e antes que eu chegasse lá alguém falava no meu nome.

?:A cara é o que estão falando, imagina só o Kadu... Coitada da mãe dele ter um filho assim.

K:Assim como?

Eu não me lembrava daquele cara, mas se eu não me engano ele era um vizinho, mas quando me viu o cara ficou branco e mudo.

K:Fala logo eu quero saber assim como?

?:Olha cara eu só sei o que estão dizendo ai...

K:E o que é que estão dizendo?

?:Ok estão falando ae que você é gay e que a uns anos atrás você tentou seduzir o seu irmão ai sua mãe descobriu e te expulsou de casa e que você esta morando longe por que faz tratamento de HIV.

Caros leitores vocês que sabem o que aconteceu devem imaginar como me senti ao escutar isso, eu que já estava nervoso pelos recentes acontecimentos fez com que minha visão escurecesse e uma revolta com ódio tomasse conta de mim e esse cara que estava me contando viu que eu fiquei transtornado já ia saindo quando eu peguei no seu braço e puxei e perguntei:

K:Quem te falou isso...

?:Olha eu não quero confusão...

K:VAI TER CONFUSÃO SE TU NÃO ME CONTA QUEM TA ESPALHANDO ISSO.

?:Foi uma senhora que contou para a minha amiga que...

K:Que senhora?

?:Uma senhora com um vestido preto, meio loira...

K:Vem comigo...

Eu que ainda segurava em seu braço o puxei até a sala e pedi para que ele me mostrasse quem havia contado tantas mentiras a meu respeito, mas nem precisou de muito esforço, pois logo vi minha tia conversando com um pessoal então eu soltei o rapaz e fui em sua direção então eu escutei a confirmação de minhas suspeitas.

L:Ainda bem que o meu irmão não esta aqui para ver o tipo de filho que ele tem.

Nesse momento eu não pensei em nada e peguei ela pelo braço e rapidamente puxei em direção ao jardim.

L:Me solta que você esta me machucando.

Quando chegamos ao jardim a Luana e o Bruno vinham em minha direção enquanto eu levava a titia para longe, mas o ódio era tão grande que quando ela falou algo que faltava eu explodi e não me arrependo.

L:Tira essas mãos imundas de mim seu pederasta.

Eu não me controlei e peguei no braço dela e torci para trás e joguei ela no chão que logo se levantou e começou a gritar, mas eu nem dei tempo pois acertei um tapa na cara dela e dei um chute na altura do estomago dela que se dobrou e ficou sem ar e logo fui segurado por varias pessoas e uma delas era o digo que me imobilizou rapidamente sem esforço.

D:Você enlouqueceu foi..

K:Me solta... Eu vou acabar com essa desgraçada... Quem é o pederasta... Quem é o viado que tem aids, fala sua puta... Fala na minha cara.

Com a confusão surgiu minha mãe com o meu padrasto e algumas pessoas para ver o que estava acontecendo e logo viram minha tia sendo levantada do chão toda suja e descabelada com sangue saindo pela boca e me olhava com puro ódio nos olhos

L:OLHA SÓ O QUE ESSE MARGINAL FEZ COMIGO... EU VOU TE DENUNCIAR SEU VIADO IMUNDO...

K:VAI NA FRENTE QUE DEPOIS EU VOU E APROVEITO E CONTO DAS SUAS FALCATRUAS E DO QUE VOCÊ ESPALHOU SOBRE MIM E VAI TER QUE PROVAR TUDO O QUE DISSE.

M:CARLINHOS O QUE SIGNIFICA ISSO?

K:Ela saiu espalhando por ai um monte de mentiras...

L:MENTIRAS? PORQUE NÃO CONTA PRA SUA MÃEZINHA QUE VOCÊ É UMA BICHA SEM VERGONHA...

K:ME SOLTA QUE EU VOU FAZER ESSA PUTA ENGOLIR TUDO QUE ELA ESTA FALANDO.

Lu:Tia é verdade, ela passou o tempo todo espalhando boatos entre os convidados.

M:Larissa...

L:Quer saber de uma coisa, tudo isso é culpa sua... Nunca soube educar seus filhos... Você nunca devia ter entrado na vida do meu irmão quem sabe ele ainda estaria aqui.

M:Vai embora daqui...

L:Eu vou mesmo, mas isso não vai ficar assim... Escreve o que eu digo.

Eu bem que tentei dar umas porradas na cara dela quando passou por mim sendo amparada por um convidado que assistia tudo perplexo.

D:Para kadu já chega, não vale a pena...

K:Me solta você também que é da mesma laia dessa dai.

Quando por fim me soltei do Digo minha vontade era de torcer o pescoço dela, mas resolvi que minha noite havia acabado... Na verdade eu nem devia ter ido naquela festa então olhei para o meu padrasto e pedi desculpas por tudo.

P:Esquece isso... Não foi culpa sua.

K:Eu já vou indo... Boa noite e mais uma vez desculpa por ter estragado a sua festa.

M:Carlinhos espera.

K:Mãe amanhã agente conversa.

Quando me virei vi o Digo ali parado olhando pra mim com um olhar de profunda magoa e tristeza, não tinha como ser diferente mesmo se passando pouco mais de dois anos, as feridas ainda estavam presentes, o Digo mudou muito nesse período esta mais homem, mesmo doente mantem a pose de homem marrento, mas ainda persiste os velhos problemas de ainda não saber o que quer ou então ele já saiba e só não quer reconhecer o que é e o que sente, e sinto que aquelas palavras da minha tia atingiram ele de um jeito bem mais forte do que a mim.

Sobre a minha mãe, talvez minha tia tenha razão em partes, muita coisa podia ter sido evitada se ela não tivesse passado a mão em nossas cabeças quando na verdade deveria educar, mas não adianta chorar pelo leite derramado é como um amigo me disse:

“Somos o reflexo de nossas escolhas”

Sábias palavras...