Meu amor escolar - 05

Um conto erótico de Hugo
Categoria: Homossexual
Contém 1872 palavras
Data: 03/11/2013 00:09:58

O tempo passa tão depressa que eu não senti que já estava chegando o dia da apresentação. Sete dias: exatamente o tempo que resta para a tal atividade. Nesse tempo eu já me sentia expert em Grande Sertão Veredas, isso graças às aulas particulares com o Bruno. Eu estranhamente aprendia e me divertia com o brutamontes da escola. Quem diria que ele é legal? Isso é pra você ver como são as coisas... Diversas vezes eu me pegava sonhando com as aulas com Bruno. Isso é muito estranho.

Eu estava pronto para enfrentar esse exame e creio eu que o meu "aluno" também. A Faby disse que estudou muito para a prova também. Mas para o restante da turma, essa seria uma prova "barril" .

Na véspera da prova, eu senti um clima estranho na escola. Mal passei pela portaria e vi muitos colegas olhando pra mim e cochichando algo com o colega do lado. Alguns davam uma risada bem safada pra mim. "Aí tem!" pensei comigo mesmo.

Quando eu entrei na sala de aula, acompanhado dos olhares curiosos dos alunos, tive uma desagradável surpresa: haviam panfletos em cada cadeira da sala de aula, com uma montagem: colocaram o meu rosto num corpo de um "urso" - homem gordinho e peludo -, numa pose sensual e continham os dizeres "Quem quer o meu Cuca Beludo?". Quando eu peguei um dos panfletos e olhei o verso, eu vi o número do meu celular e a frase "Me liga".

Eu fiquei em estado de choque. Meu corpo não se movia, não existia nenhum pensamento na minha mente. Depois de alguns segundos ali, olhando para aquele pedaço de papel, uma lágrima correu pelo meu rosto: eu fui publicamente humilhado. Minha autoestima foi dilacerada quando eu compreendi o que acabou de acontecer ali.

Estranhamente ninguém riu da minha cara, nem ficaram de deboche pela humilhação minha. Mas eu não percebi disso naquele momento. Eu fui lentamente me sentando no chão e comecei a chorar copiosamente.

Escondi o meu rosto para que ninguém visse o meu estado.

Depois de algum tempo naquela posição, eu senti algo me tocando. Era a diretora da escola. Ela me levou até a sala da direção. Ela tentava me consolar, mas nada e nem ninguém ali poderia me dar o consolo que necessitava.

Ela ligou para os meus pais e eles me levaram pra casa.

Eu chorei como nunca chorei antes. Mesmo nos meus quase 18 anos de vida, mesmo passando todo tipo de humilhação devido à minha orientação sexual, eu nunca fui tão humilhado como hoje!

MÃE: Filho, posso entrar? - disse minha mãe ao entrar no meu quarto. Minha mãe pede uma coisa já fazendo-o. - Oh meu filho! Vem cá! - e me dá um abraço bem apertado.

Agradeço a Deus que tenho a minha mãe, a minha família, que me apoiou até mesmo quando eu os confessei a minha sexualidade. Fico feliz que o amor por mim foi maior que o preconceito e a vergonha que talvez sentissem. Serei eternamente grato por isso!

EU: Mãe?

MÃE: Que foi, filhinho? (Me dizia fazendo um cafuné)

EU: Eu não quero nunca mais voltar àquela escola! Por favor mãe?! Não me faça conviver com aquilo de novo!

MÃE: Não se preocupe, meu filho, estou fazendo a transferência para outra escola.

Ficamos em silêncio por alguns segundos...

MÃE: Mas você precisa ir a aula amanhã! Você não deve deixar que esse ser sem coração te tire o seu melhor bem adquirido: os seus estudos.

EU: Mas mãe...

MÃE: Mas mãe nada Hugo! Você é mais forte do que tudo isso que está passando; prove que ele não te venceu e que não conseguiu o que queria: vá para a aula amanhã a faça a apresentação e aproveite, pois esse é o seu último dia de aula naquela escola.

Mãe sempre sabe falar as palavras certas para animar alguém que ama. Eu ainda estou machucado pela humilhação que passei, mas eu não deixaria isso tirar a minha alegria. Então fui até a minha mochila e fui ler o romance para amanhã.

Os primeiros raios de sol começavam a entrar pela janela do meu quarto. Era o tão aguardado dia da apresentação de literatura. E bem cedinho fui para a escola, para fazê-lo e anunciar a minha decisão.

Cheguei na sala em silêncio, e nesse clima esperei a professora chegar com a avaliação. Me sentei ao lado da Faby e do Bruno. Eles não falaram nada comigo, talvez porque não sabiam como lidar comigo depois daquilo que aconteceu ontem.

Mas eles seguraram as minhas mãos, sendo a minha mão direita segurada por Faby, e a esquerda por Bruno. Eles conseguiram me dizer tudo o que eu precisava ouvir sem dizer uma só palavra.

Logo a professora chegou e cada um fez a apresentação na sala. Eu fui o último. Era o espaço que eu precisava para desabafar tudo aquilo que me machucava. Todos tiveram quinze minutos para a apresentação. Eu o fiz em dez. Em seguida eu comecei a falar.

EU: Eu gostaria de aproveitar o tempo que me resta para fazer alguns anúncios. Gostaria de agradecer por quase tudo que passei aqui. Conheci os meus melhores amigos (digo olhando para Faby e Bruno) e passei por tempos difíceis (olhei para o Diogo, que estava de cabeça baixa). Tenho certeza que vocês estarão comigo para sempre! Mas aquela humilhação que passei ontem foi, pra mim, a última gota d'água. Eu não aguento mais conviver no mesmo ambiente que alguém sem consciência e coração, uma mente perversa e um coração maligno, que sentiu prazer em me rebaixar em público. Por isso estou me mudando de escola a partir de segunda-feira que vem! Espero que os meus futuros colegas me valorizem pelo que realmente sou, e não pelo preconceito que habitou um coração doentio que fez aqueles panfletos ontem. (Só se ouviam os burburinhos da turma e eu via as lágrimas correrem pelos rostos de Faby e Bruno). Espero que todos vocês tenham uma excelente segunda-feira. Muito obrigado.

E saí dali e me sentei. Vi que meus amigos queriam falar comigo sobre àquilo que declarei agora a pouco. Mas faço um gesto indicando para esperar um ano tempo para conversarmos.

Já no horário do intervalo:

FABIANA: Você vai fazer o quê???? - dizia Faby surpresa pelo que eu disse no momento da apresentação.

Estávamos sentados em uma mesa ela, o Bruno e eu. - Por que você vai sair da escola assim, sem mais e sem menos?

EU: Pois é, Faby e Bruno. Aquela humilhação de ontem ultrapassou qualquer limite meu. Vocês viram aquela imagem, mas não viram como eu fiquei, e ainda estou, por dentro. Eu estou sozinho aqui! Eu não tenho ninguém para me apoiar, ninguém para me consolar, ninguém para me dar a mão quando eu estiver caído e dizer "Segura na minha mão e cobre ânimo! Você vai conseguir!". - comecei a chorar - Vocês não se sentem sozinho e desamparado da mesma medida que eu me sinto. Nenhum de vocês são humilhados todos os dias por causa da sua preferência sexual, ninguém fica fazendo piadinhas infames com isso, ninguém fica te olhando torto quando vocês passam. NINGUÉM!

Eles ficaram calados, ouvindo tudo que eu falava. E vocês já conhecem aquele ditado popular: Quem cala, consente!".

EU: Como eu queria ter um namorado que se importasse comigo, compartilhasse comigo as energias necessárias para continuar a lutar contra tudo isso aqui. Eu não quero dizer que eu quero ser dependente de outro, mas quero compartilhar com essa pessoa o melhor e o pior de mim, quero usar a força do amor para vencer preconceitos e a superar as dificuldades. Será que é difícil entender o que eu preciso?

Mais um período de silêncio. Mas desta vez, eu vi Bruno chorando.

EU: Eu vou sentir muitas saudades de vocês dois! De você, Faby, eu perderei a MELHOR amiga de todos os tempos! Você foi o meu suporte durante muito tempo. Você me fazia rir, chorar, viver. Nossas histórias se cruzaram de um jeito que nunca mais esquecerei. Te amo muito miga!

De você, Bruno, eu perderei o melhor aluno que tive de todos os tempos. Você se lembra de como estudamos o romance durante o mês passado? Cara nesse tempo eu pude te conhecer e sei que apesar da fama de bad boy, você é um homem impressionante! Você é um cara bom, alegre, esforçado, pontual e pude ver o seu interior até mesmo pelo jeito que me olhava! (Eu levantei Bruno e dei um abraço bem apertado) Espero que encontres a felicidade por aí! As vezes, ela pode estar bem perto de você. Foi um prazer te conhecer, cara!

Nisso nos abraçamos cada vez mais forte. Quando eu vou me soltar dele, ele fala numa voz chorosa: Não me abandone, cara! ".

EU: Vamos acabar com esse clima de choro e vamos aproveitar a minha última aula dessa escola.

Voltamos para a sala de aula e assistimos as duas últimas aulas do dia. Normalmente eu estaria ansioso para ir embora, mas hoje é diferente.

Eu queria que aqueles ponteiros do relógio da sala andasse bem mais devagar, que a aula durasse o dia todo. Bateu um sentimento de nostalgia dentro de mim. Engraçado que tudo que queremos parece que se realiza o oposto, né?! Logo eu ouvi a sirene da escola dizendo que as aulas do dia tinham acabado. Para mim, entretanto, ela estava se despedindo de mim. Ela, que me fez companhia nesses anos escolares todos, agora estava marcando uma nova trajetória na minha vida. Uma trajetória longe daquele ambiente.

Quando eu caminhava sentido a portaria do colégio, eu comecei a ver uma multidão de alunos a aglomerar-se perto de mim. Eu parei de andar e me virei, e eu os vi assistindo a minha saída. Quase todo mundo estava ali, exceto duas pessoas. Aliás não falta mais ninguém: Hellen e Bruno se juntou aos alunos ali, só que vieram até onde eu estava.

Eles choravam com uma sinceridade gritante. Eles me abraçaram, um abraço de trio. Desfiz o abraço e mais um momento choradeira - tá pior que novela mexicana.

Voltei ao meu destino e comecei a ouvir palmas. Essa foi uma forma muito bonita de se despedirem de mim.

Meu pai já me esperava do lado de fora da escola para me matricular na nova escola. Ele não quer ver estragada a minha educação escolar. Fomos de carro para uma escola que fica no outro lado da cidade. Fui matriculado lá e já estava na expectativa da segunda- feira.

O tempo estava correndo, como desejava, e o final de semana findou-se da mesma forma que o por-do-sol: quando a gente menos espera ele desaparece da vista da humanidade. Eu acordei com uma disposição enorme. Tomei meu café "like a boss" e meu pai me levou à escola.

Fui tratado muito bem na nova escola. Todos sabiam que eu sou gay, mas sempre me respeitaram e ganhei muitos amigos ali. Claro que existiam alguns homofóbicos naquele lugar, mas mesmo eles me respeitavam.

Parecia o paraíso da igualdade, mas eu ainda me sentia vazio. Sentia falta dos meus amigos da outra escola. A Faby e o Bruno de uma forma estranha me completam. Eu amava-os de um jeito que só eles conseguem.


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Comentários

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Cara muito bom voce consegue passa simplicjdade em suas palavras aguando ancioso.

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Poxa não demora pra posta a continuação !!!! Por favor :'(

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Muito bom. Nossa fiquei curioso pra saber quem espalhou os panfletos. Sei que foi uma pessoa escrota.

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Muito bom. Nossa fiquei curioso pra saber quem espalhou os panfletos. Sei que foi uma pessoa escrota.

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