Como Chamas 3x03: GAROTOS BONITOS TAMBÉM PODEM SER ESPIÕES.
Como Chamas 3x03: GAROTOS BONITOS TAMBÉM PODEM SER ESPIÕES.
- Isso é tão ferrado. Falou Felipe se sentando ao meu lado e me abraçando. Eu havia acabado de contar a ele sobre o segredo do Jeremiah e tudo o que aconteceu. É claro que ele quis se acertar com Jeremiah, mas eu o havia feito mudar de ideia.
- Mas agora ta tudo bem. Falei.
- Não ta nada, se aquele garoto tocar em você outra vez...
- Ele não vai pode ficar tranquilo.
Felipe me apertou mais um pouco e então seguimos para a sala. Jeremiah e Alice estavam rindo alto.
- Bom dia Dan, o Joaquim pediu pra você ir falar com ele urgente.
- Mas acabei de chegar...
- É por isso que tem que correr.
Troquei um olhar rápido com Felipe e me virei de volta para o corredor. A sala de Joaquim era no final do corredor, notei que não havia muitas pessoas na empresa hoje. As poucas que haviam grudaram os olhos em mim e começaram a cochichar umas nos ouvidos das outras. O que estava acontecendo? Abri a porta devagar.
- Joaquim?
- Dan? Entre, precisamos conversar.
Entrei na sala e me sentei na cadeira de couro de frente para ele. Joaquim me encarava serio, deixando claro que nossa conversa não seria nada agradável.
- Vou ir direto ao assunto. Dan, porque esta tendo que fazer serviços comunitários?
Me encolhi um pouco.
- Como assim?
- Eu digo, porque tem uma ordem judicial te obrigando a trabalhar de graça essa semana?
- Bom, eu me meti em problemas. Mas já foi resolvido.
Joaquim coçou a barba e suspirou.
- O diretor da empresa está me fazendo perguntas sobre isso, quer saber se você esta envolvido com drogas ou coisa assim.
- Não estou. Eu... Fui sentenciado por contaminar uma prova de um assassinato.
Joaquim riu, mas quando notou que eu não estava rindo, ele parou e me encarou pasmo. Porque era tão difícil de me imaginar em uma confusão dessas?
- Serio isso?
- Totalmente. Se quiser posso trazer o relatório...
- Não precisa. Eu dou meu jeito. Pode voltar ao trabalho.
- Ta bom. Falei me levantando e saindo.
Todos esses problemas estavam me deixando perdido. E eu não sabia se o silencio de meu perseguidor era bom ou ruim. Afinal, ele podia ter simplesmente tentado me deixar me paz, mas também podia estar armando outra coisa muito ruim.
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Horas depois, eu estava dentro do cubículo que era o banheiro químico aonde eu deveria tirar minha roupa e colocar aquele macacão terrível.
Meu iPhone começou a tocar e eu dei um pulo. Me livrei das mangas do meu casaco e o peguei no bolso de trás do meu jeans. Era o número da escola. O que seria agora?
- Alo? Falei ao atender.
- Dan? - disse uma voz feminina - Aqui quem está falando é a diretora de sua escola.
- E você deseja...?
A mulher pigarreou do outro lado da linha.
- Bem, recebemos informações de que você estaria cumprindo serviço comunitário como punição judicial?
- Verdade, porque?
- Não queremos que esta noticia se espalhe pelos alunos da escola, afinal, não queremos você passando mal exemplo para ninguém, não é mesmo?
Revirei os olhos e troquei o celular de orelha.
- Eu também não quero que ninguém saiba.
- Ótimo. Fique calado e também ficaremos, tudo bem?
- Tudo. Desliguei o celular e joguei no bolso novamente. Aquilo era serio? Quem se importava com um garoto cumprindo serviço comunitário? Poderia ser pior. Eu poderia estar preso ou n reabilitação ou coisa do tipo. Mas não, eu só fui mandado para o lugar errado, na hora errada.
Terminei de me trocar e sai do micro-banheiro. O garoto bonito/marrento estava encostado em uma arvore e me encarava com um sorriso presunçoso no rosto.
- Pelo tempo que levou pensei que sairia com sapatos de cristais. Ele falou rindo.
- Talvez eu devesse, porque assim poderia mandar um deles na sua cabeça. Respondi e comecei a catar lixo em meio as folhas.
- Durão. - Ele falou se aproximando. - Leon.
O garoto estendeu a mão para mim. Olhei para ele por dois segundos e então voltei a ignorar. O ultimo garoto que se apresentara para mim - John - tinha péssimos amigos e eu não queria mais um.
- Eu não preciso usar o macacão porque meu pai é o xerife. Eu não fiz nada errado, estou aqui por causa dele.
Filho do xerife? Ele poderia me ajudar a descobrir o que estava escrito no bilhete pego com Violet. Virei para ele e ri.
- Que chato, mas então, você sabe sobre o meu motivo?
- Sei que acham que você matou alguém.
Me virei chocado para ele.
- Mas também ouvi que você pode estar escondendo informações da policia.
- Isso é mais provável.
- Você esta escondendo? Ele perguntou.
Eu apenas dei um sorriso, não estava querendo flertar, mas ele não estava caindo na minha, então resolvi ir direto ao assunto.
- Preciso saber algo que esta no relatório da morte da minha amiga. Você tem como me ajudar? Perguntei.
Leon ergueu as sobrancelhas e sorriu.
- Nossa, você é mesmo radical, hein. Mas, diz ai, o que quer?
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Eram quase nove em ponto da noite quando eu estava entrando de fininho no gabinete do xerife. Leon estava atras de mim, procurando na gaveta de arquivos. Eu preciso descobrir o que havia naquele bilhete. Violet conseguiu descobrir quem era o perseguidor lendo aquele bilhete, talvez eu também pudesse descobrir.
Minutos se arrastaram e eu e Leon trocávamos vários olhares na escuridão. Havia muito policiais passando de um lado para o outro no corredor, e isso me preocupava. Se me pegassem ali seria o fim. Eu nem sairia, seria jogado atras das grades para a sempre.
- Psiu! Ele fez para mim tirando uma pasta de arquivo do gavetão. Me aproximei dele. Na pasta havia varias anotações com meu nome, uma foto minha e outra de Violet. As fotos do dia do incêndio estavam por baixo. Passei os olhos sobre tudo até que vi a pontinha de um saquinho de plástico fechado. Eu puxei o bilhete com o saquinho e tudo.
Então, alguém forçou a maçaneta. Quase gritei de susto e olhei para Leon.
- Vai para debaixo da mesa. - Ele sussurrou para mim. - Vai logo, anda!
Apertei os dedos em volta do saquinho de plástico e me abaixei, engatinhando até ficar completamente em baixo da mesa. Ouvi a porta se abrir e as luzes se acenderam.
- O que diabos você está fazendo aqui? Perguntou uma voz bem grossa.
- Vim te fazer uma visitinha, pai. Falou Leon em um tom falso de animação.
Houve passos pesados caminhando até a mesa, pararam bem ao meu lado. Prendi a respiração e fechei os olhos com força.
- Ta procurando o que?
- Não tem nenhum dos seus amiguinhos maloqueiros aqui não ne?
- É claro que não.
- Não vou retirar o castigo. Disse o xerife.
- Eu estou gostando, de qualquer jeito. - Falou Leon. - Nos poderíamos sair agora para eu te contar...
- Sabe que não posso. Disse o xerife, ríspido como sempre.
- Pai, aconteceu uma coisa com o carro e acho melhor você vê.
- Mais que merda você fez agora.
Segundos depois, as luzes se apagaram e a porta bateu, presumi que haviam finalmente saído. Tirei meu celular do bolso e apontei para o bilhete. Com certeza, eu não iria conseguir sair dali levando ele e também não queria dar outro motivo para ninguém me chamar de assassino de novo. Li o bilhete algumas vezes antes de devolver ele ao gavetão e sair correndo dali. Não fazia muito sentido para mim.
VÁ ATÉ O CANDLE''S AMANHA A NOITE. A RESPOSTA QUE TANTO PROCURA ESTÁ LÁ.
Havia algo escrito por cima do plástico, atras do bilhete, e o virei para ler.
DE ACORDO COM O RELATÓRIO DOS ELETRICISTAS, A COMPANHIA TOCOU NAQUELE EXATO MOMENTO E ENTÃO A GAROTA DEVE TER IDO ABRIR A PORTA E SEGUNDOS DEPOIS HOUVE OS DISPAROS. AO QUE TUDO INDICA, ELA CONSEGUIU PEGAR A PESSOA QUE DEIXARA O BILHETE AINDA NA PORTA.