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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:
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Obrigado aos que me mandaram email, já respondi todos. Quem quiser mandar email me xingando ou xingando algum personagem dou de novo o endereço . Demorei para postar porque o site estava fora do ar de novo, mas ainda hoje sai mais um capítulo.
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Não pude deixar de apreciar aquele “PEDE a sua presença”, apesar de estava mais do que careca de saber que qualquer conversa com meu pai significa encrenca certa. Sem falar nada apenas me levantei e a segui. Ela disse que ele estava sozinho e que eu poderia entrar. Pedi a Deus para não ser nada ruim, prendi a respiração e entrei na sala.
Pai? - Chamei.
Sem esperar a resposta fui entrando, ele estava sentando no seu imenso birô de carvalho, cercado por móveis sóbrios e dezenas de livros. Seu escritório era muito bonito, três vezes maior que minha sala e extremamente bem decorado.
Caio, sente-se um pouco. - Falou ele virando-se para mim e apontando a cadeira.
Obedeci cautelosamente, era estranho ele ser tão cordial. Apenas sentei e não falei nada, esperei para ver o que ele faria.
Bem. - Começou. - Acho que me excedi da última vez, ao lhe culpar do que ocorreu com o Carlos. Ele acordou ontem, falei com ele e ele tem certeza que não foi você que o estuprou.
Continuei calado.
É isso. - Finalizou ele. - Só para você saber. Mas ainda desconfio daquele seu amiguinho marginal, e sei que você ainda pode ter mandado alguém fazer. Pode se retirar.
Levantei e sai. Apesar do tom extremamente ameaçador, pelo menos não tinha terminado com agressão ou tentativa de agressão. Passei na sala e peguei minhas coisas para ir embora. Passei pelo banheiro, porque estava apertado e também para ganhar tempo porque o Sérgio estava próximo com o carro.
Quando entrei no box e fechei a porta, percebi uma pichação “CAIO CÉSAR, ESSE LEITE É MOÇA”. Embaixo estava escrito “EU COMERIA” e logo após “EU TAMBÉM”. Na hora bateu uma raiva, você pode ser o chefe, ter superpoderes mas se é gay todo mundo te escracha do mesmo jeito. Pensei em mandar apagar aquilo, mas resolvi que seria apenas dar mais motivos de risadas para quem tivesse escrito aquilo.
“Pelo menos a galera queria era me comer, pensei, me sentiria pior se me chamassem de bicha feia. ”
Desci para a garagem do prédio e o Sérgio já me esperava, entrei no carro e o mandei seguir para casa. Enquanto cruzava as ruas da cidade, peguei meu celular e fiquei vendo as novidades. Vi que haviam dezenas de mensagens inúteis da operadora e resolvi ir apagando uma por uma. De repente meus olhos batem sobre as mensagens que troquei com o Yohan quando nos conhecemos, lembrei daquele primeiro beijo roubado. Nosso primeiro cinema, aquela noite de sexo maluco onde ele quase me mata de transar.
Parecia tudo tão distante de mim agora. Sem me aperceber lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Eu sentia muita falta dele e agora tinha tomado consciência que era sem volta. Eu tinha dado minha palavra e ele disse que ia partir para outra. Pelo que eu o conhecia, ele não voltaria a insistir.
O Sérgio notou que eu chorava, mas nada falou, enxuguei minhas lágrimas com a mão. Eu precisava ser forte. Afinal, era isso que eu tinha prometido a ele. E eu prometi ao Dan também que o amaria, e prometi à Liana, prometi a mim mesmo. Estava atolado até o pescoço com promessas que significavam minha vida bem separada da do Yoh. O Dan quis ir para minha casa mas eu pedi que me deixasse ficar só aquela tarde. Após o almoço e um cochilo caprichado, desci para a piscina e passei a tarde inteira entrando pela noite pensando na vida. Até a merenda da tarde a Fi me levou na beira da piscina.
Quando anoiteceu o frio me obrigou a sair da água e ir para o meu quarto. Nessa hora senti falta do Dan, aquela cama era grande e fria demais sem ele do meu lado. Mas achei melhor não chama-lo pois já o havia dispensado mais cedo. Fiquei pensando na facilidade com que o Yoh entrou sem autorização. Por um momento fantasiei com ele entrando na casa sem autorização e indo até o meu quarto e me surpreendendo com uma noite louca de amor. Mas, refletindo bem, achei que era melhor frustrar esse tipo de plano dele criando alguns cães de guarda.
Fiquei imaginando como o espancador secreto estaria tendo trabalho para planejar pegar o Roney de jeito com a segurança que o Yoh prometeu colocar em torno dele. Por outro lado, se o espancador fosse o Yoh, essa segurança só iria facilitar as coisas na hora certa. Nesse momento percebi como essa história abalou minha relação com o Yoh. Antes disso eu era um colegial apaixonado por ele, esperando que retornasse de Curitiba para ver se teríamos uma chance juntos e agora estávamos cada um de um lado de uma trincheira. Ele achando que eu era o espancador, e eu achando que era ele. Não duvidava que ele estivesse me espionando de alguma forma. Isso se não fosse ele o culpado e estivesse desconfiando de mim apenas como forma de disfarçar.
Estava nestes devaneios quando vejo o celular tocar, quase não atendi de tanta preguiça, mas insistiram tanto que acabei atendendo. Era a Samia.
- Ca?
- Oi Sa, fala ai.
- Eu preciso de contar uma coisa.
- Fala.
- Aquele irmão do Yoh, me mandou uma mensagem.
- Como ele pegou teu celular?
- Ele me pediu quando eu estava saindo da tua casa, e eu dei né?
- Samia, pelo amor de God. O Ramon é um imbecil. Ninguém merece um tosco como ele. E teu namoro com o Cláudio?
- Meu namoro vai bem Ca. Mas o Ramon é muito lindo. Ele me chamou pra sair, o que eu respondo?
- O bicho é teu e você dá pra quem quiser, Sa. Mas eu nunca daria para um pirralho arrogante como o Ramon.
- Não daria mesmo, porque ele curte outra coisa. Mas eu talvez acabe dando.
Desejei sorte e desliguei. Não entendia essas pessoas que iniciam supostos relacionamentos sérios mas continuam soltas na pista. Eu posso charlar muito enquanto não assumo compromisso, como fiquei tempos transando com o Dan e o Yoh, mas eu jamais iria assumir namoro com o Dan e trepar com o Yoh só porque tive uma oportunidade. Por mais que achasse o Yoh bonito e bom de cama, isso estaria para sempre fora de cogitação.
Acordei super bem no dia seguinte por causa da noite de sono super bem dormida. Cheguei no colégio ligadíssimo e a Samia estava com aquele ar toda envergonhada.
- E ai rapariga. Já saiu com o tosco foi?
- Não, a gente vai sair hoje.
- Mulher, te ajeita. Não vai chifrar o Claudio.
- Deixa eu só ver qual é a do lindinho lá. Depois eu volto ao normal.
Preferi não insistir. Sou muito ortodoxo nesse tipo de situação e às vezes sou considerado um carola. O Roney estava sentado bem ao lado da Samia, mas ela não parecia ter tocado no assunto com ele. Ele parecia super tranquilo para quem estava sendo alvo de um pretenso psicopata.
Quando estava saindo do colégio, fico surpreso ao ver bem na saída logo o Ramon, super bem vestido e chamando atenção das garotas que saiam. Imaginei que ele podia estar esperando a Samia, mas assim que me posto na calçada para esperar o motorista ele cola do meu lado.
Continua ...