Evan e o Rei - Capitulo 7
Capitulo 7 O véu
O local escolhido para o encontro empresarial tinha sido uma espécie de hotel fazenda, porém nem todos ficavam na sede principal, o que foi meu caso. Ganhei um chalé e aproveitei a oportunidade para escolher o mais afastado por causa de King, se o cachorro iria sair a qualquer minuto de uma moita rosnando era melhor eu levá-lo comigo logo de uma vez, Tom nos levou, apesar de estar contrariado com o cachorro dentro do seu carro usou a desculpa para saber exatamente onde eu estaria nos próximos cinco dias.
O chalé era simples, um quarto com suíte e um pequeno frigobar, as paredes eram de tijolinhos vermelhos e o teto era de telha colonial, via-se por dentro, mas por fora era recoberto com palha, dando um tom rustico, muitas arvores frutíferas foram plantadas ao redor de cada chalé que tinham uma boa distancia, uns 10 metros um do outro, aquele no qual fiquei hospedado era quase indetectável, só o achei por causa do caminho de cimento entre a grama. Coloquei a roupa que trouxe dentro do guarda roupas e usando uma bermuda e camiseta fui explorar o local, atrás do chalé havia uma cerca de metal bem alta, e além da cerca era mata fechada, pelo barulho eu supus que um córrego ou algo parecido corria perto, seria agradável dormir ali, King não parava, correndo de um lado para outro, a cauda parecia hélice de helicóptero de tanta felicidade.
“Você também gosta de mato não é amigão.” Minha resposta veio num latido divertido. Fomos caminhando até o local onde seriam os eventos, era uma tenda branca enorme montada no meio de uma área gramada, do lado aposto a área dos chalés, entre as duas áreas ficava a sede da fazenda, com uma casa principal que se estendia em um saguão com mesas e cadeiras, provavelmente destinado a refeições, tudo feito com madeira rustica, aquele lugar era realmente lindo e sabia manter um clima rural. Além da tenda pude identificar plantações de milho, pastos, currais, provavelmente outras atividades do local.
Quando me preparava para retornar ao meu chalé Ileana me encontrou.
“Evan! Meu querido, quanto tempo!” ela veio correndo e se jogou em meus braços, eu só tive tempo de abri-los e segura-la, Ileana era baixa e um pouco cheinha, mas surpreendentemente leve, usava um moletom rosa, provavelmente estava ali a dias preparando tudo.
Eu a adorava, tinha uma força vital incrível, e estava sempre de bom astral. Coloquei-a no chão e ela me olhou com o rosto vermelho. “Meu herói, nossa, como você está forte!”
Ela apalpou meus braços e meu peitoral. Eu revirei os olhos.
“Eu continuo o mesmo, você só está usando isso como desculpa para tirar uma casquinha minha.”
“Você é meu subordinado, eu não preciso de desculpa para tirar casquinha de você.”
“Já ouviu falar de assedio sexual? Você pode não ter sido pega nas cinco primeiras vezes, mas a sexta é magica.”
Ileana deu uma gargalhada e me abraçou novamente. “Nossa, como eu sinto sua falta!”
Nem tive tempo de devolver o abraço. ”Nossa, que cachorro lindo!”
E Ileana ainda estava Fazendo carinhos em um surpreendentemente amável King quando Don apareceu do nada, andando sorrateiro como uma raposa.
Meu sorriso murchou na hora e Ileana percebeu. Don olhava para mim com uma expressão triste, mas ansiosa.
“Ah... olá Senhor Donatello, tudo ok com seu time?”
“S-sim, tudo bem, conforme planejado.”
Enquanto ouvia as recomendações ríspidas de Ileana Don não tirou os olhos de mim, eu ergui uma sobrancelha para ele como se perguntasse ‘o que foi?’, então ele esboçou um sorriso tímido e Ileana o dispensou. Don ficou ainda algum tempo olhando para mim.
“Algum problema senhor Donatello, precisa que eu repita alguma coisa?”
“N-não senhora, com licença.”
Ileana o observou partir e então olhou para mim, eu dei com os ombros.
“Alguma coisa errada entre vocês Evan?” eu balancei a cabeça negativamente.
“Você sabe que ele só tem esse cargo porque você não aceitou, não confio nele.”
E com razão, pensei, mas não vocalizei.
“Além do mais ouvi rumores que ele tem o mal habito de se envolver om funcionários, mesmo sendo casado.”
“Hummm...”
Ela continuou me olhando com aquela cara de detetive. “E seu namorado, o modelo?”
“Terminamos, não dava mais certo.”
“Bom, pelo menos agora eu tenho chance.”
“Com o Pablo? Posso te passar o numero dele.”
O resto da tarde e inicio da noite passamos trocando novidades e rindo, Ileana era uma ótima companhia. À noite voltei para o meu chalé e troquei de roupa, colocando algo mais formal e me dirigi a tenda, cadeiras haviam sido postas em frente a um palco, onde em breve começaria a abertura do congresso.
King logo surgiu e sentou-se ao meu lado, distraidamente levei minha mão a sua cabeça e passei a acariciar sua cabeça, no palco começavam os discursos, entre eles um me chamou a atenção, o Sr Cobak, dono do conglomerado de empresas do qual a nossa fazia parte, não me chamou a atenção pelo que ele falou, mas por sua expressão assim que viu King, depois disso ele não tirou mais os olhos de nós dois. Assim que acabou toda a programação dei um jeito de sair dali antes que pudesse falar com alguém, era tarde já e não queria problemas.
Passei pela sede da fazenda e fui em direção aos chalés, ainda estava numa parte bem iluminada quando fui puxado pelo braço, Don recuou quando King começou a rosnar e mostrar os dentes.
“Evan, você disse algo a ela?”
Minha paciência foi à zero. “Claro que não Don, você nem deveria estar falando comigo, lembra?”
“Eu só achei que...”
“Achou que eu fosse tão baixo quanto você, que eu iria correndo reclamar para meu superior, você não tem moral Don, apenas não assuma o mesmo dos outros.”
Ele parecia embaraçado. Passou a mão pelos cabelos e suspirou. “deus, você sempre fica tão defensivo, eu não consigo chegar até você.”
“E nem eu quero, você já entrou na minha vida uma vez Don, e olha a merda que você fez nela.”
Ele deu um passo e ficou muito próximo de mim. “E se eu te dissesse que me arrependi? Não de ter entrado na sua vida, mas eu escolhi a pessoa errada para seduzir, eu devia ter investido em você Evan, mas eu fiquei cego, eu só vi a beleza dele e não enxerguei a sua, você é o prêmio real Evan.”
Eu estava chocado, Don estava mesmo dando encima de mim depois de ter seduzido meu namorado. Então a ficha caiu, dei um sorriso cínico. “meus parabéns Don, boa atuação! Você está morrendo de medo que eu abra minha boca e agora quer me levar para cama também, eu fiquei sabendo que isso é uma pratica comum para você, meu velho.”
Ele ficou vermelho e abaixou a cabeça, derrotado. “Evan, só...”
“Quando eu acho que você chegou ao fundo do poço você desce mais um pouco Don, você pode ser lindo e ter todo mundo em suas mãos, mas é podre por dentro.”
Dei as costas e sai, sem mais espaço para discursão, se olhasse para trás veria que Don estava de ombros caídos, me olhando sumir na noite, algo brilhava em seus olhos trêmulos.
Fui dormir, o cansaço dos dias anteriores começava a passar, mesmo assim peguei no sono, King preferiu ficar do lado fora do chalé, podia ver sua sombra deitado do lado fora da porta.
Quando acordei tinha uma presença na cama, sorte que o chalé possuía uma cama de casal.
Max estava deitado ao meu lado , eu admirei seu peito forte subindo e descendo. Ele estava se recuperando, o suor seu corpo secava, novamente havia vindo do nada e me possuído com pouca delicadeza, mas dessa vez eu não desfaleci como nas outras. Sua voz veio grave, forte.
“Você me ama?”
Eu respirei fundo, mentir nunca foi meu forte. “Eu acho que sim...”
Ele me puxou para mais perto e me aninhou em seu peitoral, afundei meu rosto nos pelos, sentindo o cheiro de seu suor que secava no frio da noite. “Como pode amar um sonho?”
“Doideira não? Não posso evitar, talvez seja só paixão, mas durante o dia eu penso em você toda hora. Eu daria metade da minha vida para te tornar real, eu sinto como se te conhecesse a vida inteira.”
Mais silencio se seguiu então ele respirou fundo como se tomasse coragem para falar. “E se eu não fosse bom.”
Um frio percorreu minha espinha. “Você se lembra de algo?”
“Não, mas eu sinto, eu sinto que fiz coisas erradas...”
“É só uma falsa sensação.”
“E se não fosse?”
“Você se arrependeria?”
Sua voz ficou baixa, fraca. “Por você sim.”
“E isso que você acha ter feito de errado, jamais repetiria?”
“Por você sim. Eu mudaria minha vida por você, eu desejo ter uma vida nesse exato momento, seja ela qual for, só para acordar com você pela manhã. Eu queria ser real.” Max olhava para mim com um apelo no olhar, suas sobrancelhas se juntavam na testa enquanto ele franzia a testa, eu queria devorar aquele homem. Levei minha mão e acariciei sua face, ele tombou a cabeça na minha mão, fechando os olhos.
“Para mim você é real, mais do que qualquer um que eu já tenha beijado, mais do que qualquer um que já olhou para mim.” Sua expressão relaxou e ele suspirou profundamente.
Então ele inverteu as posições e subiu encima de mim e me beijou ternamente, movimentou suas pernas abrindo as minhas e eu enrolei-as em seu quadril, logo senti a cabeça de seu pênis forçando minha entrada.
“Isso.” Soltei entre os dentes e ele levantou a cabeça para olhar em meus olhos. “Eu não acho que você seja um sonho, eu sinto você o dia todo depois que você aparece, eu sinto o que você faz comigo. Eu quero que você me possua com força, eu quero sentir amanhã pela manhã que isso foi real.”
Ante que terminasse de falar ele estava dentro de mim, com força e brutalidade ele me possuiu, então ao olhar seus olhos cinza brilhando na semi escuridão senti que talvez fosse real, talvez no mundo de onde ele viesse todas as noites para me visitar ele fosse mal. Mas também senti bondade nele e estava realmente arrependido, nenhum amor é perfeito e todos nós sentimos a necessidade de mudar o mundo. Eu tinha a necessidade de mudar meu homem sonho. Seu toque, seu beijo, sua voz, tudo era carregado de ternura e bondade, seja lá o mal que ele achasse que carregasse dentro de si poderia ser remediado, e quando eu beijei sua boca dividi um pouco da minha alma com ele.