Depois do tiro eu fecho meus olhos, só ouvindo os gritos de Alex. Abro os meus olhos lentamente, alivio. O tiro pegou no braço. Matos ria, se deliciando de Alex ajoelhado e gemendo de dor.
Ele saca uma arma que estava na cintura e disse:
_ Hasta la vista, bitch!
Em seguida atira, bem na cabeça. Eu grito de desespero e desmaio ao ver o sangue saindo do nariz e ouvidos. Acordo no mesmo lugar que acordei mais cedo. Só que agora, com Rogério fazendo carinho no meu rosto.
_ Bom dia, amore mio!
_ Eu quero ir pra casa. _ É a única coisa que consigo dizer.
_ Você já está em casa, seu lugar é ao meu lado. _ Ele diz e tenta me beijar, mas eu viro o rosto.
Agora sim eu deixo transparecer meu desespero e começo a chorar que nem uma criança nova.
_ Agora eu entendo... _ Diz Rogério com um sorriso no rosto.
_ Entende o que? _ Pergunto entre soluços.
_ Porque o apelido "nenem". _ Ele diz beliscando meu braço. _ Você fica ainda mais 'anjelical', quando está chorando. Hoje nem precisei te machucar.
Ele passa a mão no peito, vejo que estou sem camisa e um short tec-tel laranja. Ele trocou minha roupa enquanto eu estava inconsiente. Me lembrei ele trocou minha roupa, enquanto eu estava paralisado. Droga de paralisia do sono. A porta tá aberta, um plano de fuga vem a mente. Enquanto eu ainda estou pensando, Rogério se joga em cima de mim fica me beijando o pescoço. Ele enfia a mão na minha cueca e fica apalpando minha bunda e procurando meu cuzinho.
Até que nós ouvimos um tiro. Eu fico estático, ele salta de cima de mim e corre em direção a sala, mas fecha a porta antes. Eu ainda fico um tempinho parado, mas logo eu corro pra sair daquele quarto. Porém, quando eu tô em frente a porta, ela se abre de uma vez me acertando.
Com o choque acabo caindo no chão.
_ Maninho! _ Epa, essa voz é do meu irmão!
_ Henrique! O que você tá fazendo aqui? _ Pergunto tampando meu nariz, que sangra.
Matos joga meu irmão no chão e diz:
_ Mais um... Já, já eu volto.
Matos sai do quarto me deixando só com meu irmão.
_ Calma! Carlos, tá lá fora. Ele já ligou pra policia vai ficar tudo bem.
Nos abraçamos, mas Rogério e Matos estragam nosso momento familiar.
_ Que bonitinho, o ultimo abraço dos irmãozinhos. _ Matos fala enquanto arrasta meu irmão para fora da casa.
_ Vamos, eu quero que você veja o que meu pai vai fazer com teu maninho! _ Ele fala isso enquanto me puxa para fora.
Nós passamos no mesmo lugar onde Alex foi assasinado, ainda tinha sangue. Penso 'O que será que eles fizeram com o corpo?', minha duvida é rapidamente respondida. Nós estavamos indo em direção a um poço.
_ Sabe, _ Diz Rogério em meu ouvido. _ eu ficava super exitado quando ia ver Yuri dentro daquele poço. Ah, e aqueles gritos me implorando pra tirar ele de lá, era musica pros meu ouvido.
Eu não me seguro e digo:
_ Seu psicopata!
Ele fica em frente a mim e vejo que os olhos dele tem algo sinistro.
_ E eu vou te ensinar a ser também.
Ele rí e continua me arrastando, vejo meu irmão jogado no chão e Matos apontando uma arma para ele.
_ E então, meu filho? Quer matar esse aqui?
Os olhos de Rodrigo brilham.
_ Eu posso pai?
Aqueles dois eram loucos? Matos entrega a arma para Rogério, que rir como uma criança que recebeu um presente de natal que queria.
_ Olha só Wanderson, eu vou matar o seu irmão.
Eu não penso em mais nada, meu irmão me ajudou tantas vezes. Eu tinha que fazer algo, então enquanto Matos afroxou os braços, ele estava me segurando, eu corro e pulo em cima de Rogério. A arma dispara, mas acerta uma árvore. Nós rolamos no chão, eu sempre com a mão na arma dele, ele se levanta, me puxando pra cima. Logo ele está encostado no poço, tudo estava muito rápido. Meu irmão estava em cima de Matos, um esmurrando o outro.
Enquanto isso eu e Rogério ainda brigamos pela arma. Até que a arma dispara. Olho para baixo e vejo sangue, sangue, sangue.
Minha cabeça se transforma em um turbilhão. A morte de Yuri, principalmente meu pai. Água e sangue. Penso em minha mãe e meu irmão. Depois em Carlos, eu estava ali, e só agora havia percebido que o sentimento que senti durante nossa transa não foi só tesão. Foi amor.
Olho para baixo e meu short laranja havia virado vermelho.
Vermelho Sangue.
Continua...
