HELLAS- capitulo 7 [B-Parte 1] [Navegando]
Julho
Férias escolares, então combinamos de passar elas na casa de praia dos pais de Ninno, fomos um grupo pequeno: Blanco, Enzo, Orin, Jak, Syanna, Ninno e eu. Era uma casa de praia grande, com detalhes de vidro, tinha 4 quartos, mas achamos melhor dormir em duplas para cada um vigiar o outro, as coisas pareciam calmas entre o triangulo amoroso Orin/Syanna/Enzo, mas eu preferi não arriscar.
Chegamos lá a noite, era uma noite calma iluminada pela lua cheia, nós abrimos nossas asas e voamos mar adentro, o ar era diferente a luz do luar refletida no mar era fantástico, umas duas horas depois estávamos de volta exaustos (eu não), mas ainda precisávamos ir a cidade próxima para comprar mantimentos, então fomos no carro de Ermac (Blanco dirigia então viemos nele). A cidade era pequena mas bem provida para turistas, tinha diversos bares e restaurantes, casa de show, supermercados, etc.
Enquanto os outros foram fazer as compras fiquei na praça com Syanna e Orin, tinha muita gente por lá e logo um grupo de rapazes se encantou com Syanna, ela se afastou um pouco de nos para conversar com eles enquanto eu e Orin comprávamos refrigerante num barzinho próximo, enquanto esperávamos escutei uma voz melodiosa e sofrida.
“O senhor Matheus pediu para eu vir recolher a oferenda dessa semana.” Quando me virei vi uma das meninas mais lindas que já vi em toda minha vida, seus cabelos eram de um loiro claríssimo, bem anormal, quase cinza, assim como Blanco e trajava apenas trapos sujos, seus cabelos caiam sobre seu rosto, mas pelo que vi seus traços eram lindos, delicados e com boca pequena, o balconista entregou um pacote para a menina e ela saiu. Eu rapidamente segui ela até o lado de fora, mas perdi ela na multidão. Quando retornamos ao ponto onde estávamos Syanna estava rodeada pelos rapazes de antes, o sangue me subiu a cabeça e eu já cheguei acotovelando um e entrando no meio da roda, escolhi o maior deles (um magrelo ruivo de uns 1,90) e falei bem alto “Respeitem o espaço pessoal da garota, afastem-se!” Syanna agarrou-se as minhas costas e entendi que chegara na hora certa. Eles m olharam com cara de desprezo e começaram a zombar, quando iam me tocar Syanna falou “Nós estamos com eles, se mexerem conosco mexerão com eles também” ela disse apontando para o grupo que vinha em nossa direção, o tamanho de Blanco era intimidador então eles abriram espaço para sairmos, enquanto caminhávamos em direção do nosso grupo falei para Syanna não mencionar o acidente, quando olhei para tras a menina se juntava ao grupo de babacas, eles pegaram na gola dela com força e jogaram ela dentro de um carro, antes de eles seguirem viagem eu corri até ele e coloquei uma pluma das minha asas o vão entre a placa dele, Blanco não entendeu o que eu fiz e eu disse que tinha um pressentimento “Olha lá baixinho, o que você vai aprontar agora?” eu apenas olhei para ele e sorri, ele revirou os olhos como se eu fosse a coisa mais endiabrada do mundo e colocou novamente as mãos na minha nuca me puxando para mais perto dele.
Durante a noite todos apagaram exaustos, para ter certeza que Blanco dormiria pesado eu levei ele até uns corais mar adentro e fizemos amor por lá, dito e feito, ele estava apagado e eu ainda tinha energia pra queimar, a menina não me saia da cabeça, ela parecia estar sofrendo e algo me dizia que ela teria um papel importante no meu destino, por volta das duas da manha eu abri a janela e me atirei aos céus seguindo a energia da minha pluma, após alguns minutos de voo eu cheguei a uma propriedade grande, cercada de arvores, tinha uma mansão iluminada por luzes verdes e som alto, provavelmente estavam fazendo uma rave, mais afastado dessa mansão além da piscina que existia nos fundo havia um enorme galpão, parecendo um estábulo, eu desci lá e quando abri a pesada porta dupla vi a menina amarrada na parede oposta com uma corrente prendendo seu pé a um gancho no chão, aquilo me revoltou e ela parecia ao mesmo tempo assustada pela minha presença e pelo fato das minhas asas duplas, eu decidi que a melhor maneira de conquistar sua confiança era libertar ela, minhas asas negras partiram a corrente com um só golpe, ela se encolheu no canto, eu estendi a mao para ela e abri um sorriso.
“Não vou te machucar, meu anjo, vim te tirar daqui.” Ela olhou para mim e para minha mão, suas mãos tremeram mas ela não moveu-as. “Meu nome é Emyr, e o seu?” “L-luna” ela respondeu bem baixinho, eu imediatamente abri um sorrisão, o nome dela era perfeito, combinava com aqueles cabelos lindos dela, vendo meu sorriso tomou coragem e pegou minha mão, eu puxei ela para perto de mim e apertei forte contra meu peito, minha cabeça mergulhou em seus cabelos, ela fedia a urina e suor, mas por baixo disso havia um odor maravilhoso, que eu tenho certeza que era a pele dela, o cheiro natural dela. Eu escutei passos vindo em direção ao estabulo, eram muitas pessoas eu rapidamente passei meu celular para ela “Sabe usar isso?” ela balançou a cabeça afirmativamente ”Ótimo, você vai sair daqui e rediscar para o ultimo numero, ele é um guerreiro muito forte e gentil, ele vai proteger você, eu vou me certificar que esses babacas nunca mais toquem em você e então vou ate vocês, mas agora você tem que sair voando daqui, ok?” ela estava assustada mas ainda assim concordou comigo, antes de sair ela apertou minhas mãos “Eles são muito perigosos.” Eu sorri encorajando ela “E eu sou diferente de qualquer pessoa que você já conheceu” e para dar ênfase ao que disse eu balancei minhas asas negras, ela olhou para elas e concordou novamente, ela era uma graça mesmo, correu até a direção oposta, abriu pequenas asas prateadas e saiu voando em direção a mata, com certeza já tinha planejado sua fuga diversas vezes.
Assim que recolhi minhas asas três figuras apareceram no portal do estabulo “que merda é essa, quem é você? Cadê nossa escrava?”.
“Foi mal caras, eu mandei ela na esquina comprar uma coisa pra mim.”, mais três caras apareceram atrás deles o ruivo magrelo parecia ser o líder do grupo, ele quem falava comigo.
“Eu me lembro de você hoje lá na praça, parece que você adora se meter onde não é chamado, a gente ia tirar a virgindade daquela vadiazinha hoje, mas agora parece que você quem vai entrar na roda” meu sorriso sumiu, eu imaginava que iriamos brigar, eu fingiria apanhar um pouco, nunca passou pela minha cabeça ser violentado novamente, só a ideia de fazer sexo com outro pessoa que não fosse Blanco me causava aversão. “O que foi, seu sorrisinho sumiu? Debocha de mim mais um pouco.”
“Eu exijo ver o Nyets da sua tribo.” Eu disse calmamente, ele pareceu confuso por um minuto e então voltou a mostrar os dentes amarelos “É a lei, se um estranho aparecer no seu território e pedir uma audiência com o Nyets ele tem que ser atendido.”
“Não se ele for um invasor, nesse caso eu, um Newvin posso julgar o caso e dar a sentença” Merda, parece que meu plano foi para o espaço.
Eu deixei minha voz bem alta e grave e abri meus dois pares de asas “Não! Eu sou um draco, e exigo uma audiência com seu Nyets!” Pela lei um Draco ou Alahia tinha passagem livre entre todos os territórios de clãs e assim que um fosse avistado no território deveria ser levado imediatamente a presença do Nyets local.
Seu sorriso sumiu imediatamente e ele gritou insano “Derrubem ele, derrubem ele agora, ele não pode falar com meu tio!” todos os rapazes presentes se transformaram em leões, mil vezes merda, todos eles eram maior de idade, o primeiro atacante foi arremessado pelo teto e o segundo atingiu minha barriga em cheio eu me segurei no lugar e dei uma pancada forte e seca na sua cabeça, ele caiu duro. Por cima dele outro já havia pulado e cravou os dentes no meu ombro nos levando ao chão, eu afundei um dedo no crânio e no olho dele quando senti minha perna ser perfurada por outro leao e ainda mais outro prendendo meu braço, não importa minha força quando enfrento vários oponentes de uma só vez. Eu não iria desmaiar dessa vez, recorrer aos feromônios com eles em forma bestial só iria enlouquecê-los e isso aliado ao meu sangue escorrendo pelo lugar iria me tornar o jantar deles. Então me lembrei de outra coisa, reuni minhas forças e com os dois leões agarrados a mim levantei um voo desengonçado e me atirei em direção a mansão, eu entrei pelas portas de madeira e me atirei em um grande salão cheio de pessoas, eles gritaram ao me ver, enquanto eu me livrava dos dois leões o ruivo nojento entrou no salão e aproveitando uma distração minha me deu um murro que acertou em cheio, acho que rodopiei antes de atingir o chão, quando ele vinha para cima de mim novamente uma voz ressoou no salão agora silencioso.
“O que está acontecendo aqui Matheus? Nos dois automaticamente olhamos na direção da voz, descendo uma escada lateral vinha um outro ruivo, bem parecido com Matheus, mas seu corpo era mais cheio, peitos estufado e ombros largos, e o físico em V, tinha Cabelos ruivos curtos e olhos muito verdes que formavam um belo conjunto. Usava uma camiseta e shorts curtos, estilo praia mesmo.
“Fale logo Matheus, estou esperando!” ele falava calmo.
Eu dei um passo a frente e falei “Fala para ele Matheus, como você atacou um draco que solicitou uma audiência com seu tio” ele ficou vermelho de raiva mas não se mexeu, fixou em mim com um olhar intimidador “E aproveita e fala mais, fala da escrava que você mantinha no galpão lá no fundo” era uma jogada arriscada, mas eu não tinha mais cartas na manga mesmo. ”É assim que seu clã gere sua área, mantendo crianças como escravos?” eu disse apontando em tom de acusação para o outro ruivo que essa hora tinha nos alcançado e inspecionava com os olhos minhas asas “Posso te garantir que meu pai nada sabia sobre escrava nenhuma” e então virou-se para o primo “E os culpados por isso serão punidos com severidade.” Ele voltou a olhar para mim “Onde está essa tal escrava?”
“Em segurança, agora”.
“Ótimo, meu pai vai querer interrogar ela depois, me siga.”
“ Eu prefiro ir embora agora” falei irritado ”já tive muita acolhida de sua família, quero ver meu parceiro.”
Ele segurou no meu braço e saiu me arrastando pelo salão em direção a uma limusine estacionada na frente da mansão “Você solicitou uma audiência com o Nyerts dessa área, não vai sair daqui sem antes falar com ele. “
Me empurrou dentro da limusine e antes de entrar seu primo o alcançou. “Marcel, você não pode acreditar nele, não existe escrava nenhuma, foi um mal entendido primo!”
“Cala sua boca!” ele vociferou e dava para sentir a autoridade na voz dele, seu primo se encolheu e deu um passo para trás automaticamente. “ Eu prefiro acreditar nele do que acreditar num desgraçado como você, e me faça um favor, não me chame mais para essas suas festas de merda! Meu pai vai entrar em contato com você e sua família, se prepare para o pior.” Ele disse e entrou na limusine se sentando ao meu lado. Não sabia para onde estava indo e ainda sangrava, não conseguia me concentrar direito, ele estava calado desde que saímos da mansão, uns 20 minutos depois ele olhou em minha direção.
“Você precisa descansar, meu pai está fora da cidade, mas quando souber da sua presença ele vai querer vir imediatamente te encontrar.” Eu precisava descansar mesmo, mas somente a presença do meu parceiro me daria calma e paz o suficiente para o processo de cura ser completo. Antes que eu pudesse falar alguma coisa o carro parou e ele agarrou novamente meu braço e me puxou para fora, passamos por um jardim e chegamos a um mansão que era o dobro da anterior, uma porta dupla gigantesca era a entrada, alguém do lado de dentro imediatamente abriu uma delas e entramos, o interior era decorado em tons claros, brancos, ele me levou por uma escada até um quarto, eu ainda pingava sangue e ele me mostrou uma suíte com uma banheira bem grande no centro, ela estava preparada para alguém “é para você, eu liguei do carro e dei ordens para preparar minha suíte para você” Quando ele fez a ligação que eu não ouvi? Devo ter apagado sem querer no trajeto, agora sim estava perdido, diante da minha imobilidade ele de repente se tocou ”Oh! Você quer privacidade?”
“Não quero que você me dê banho, com certeza.” Eu devolvi num tom irônico.
“Não sei, me parece que você está meio tonto, você pode bater com a cabeça ou desmaiar dentro da banheira ou...”
“ Eu sou resistente, e sei cuidar de mim mesmo, obrigado”
Ele olhou para mim da cabeça aos pés. Molhou os lábios e..o-oh! Eu sabia o que significava aquela expressão!
“Acho que você precisa que eu cuide de você.” Seu tom de voz era baixo e sedutor, tenho certeza que ele teria quem quisesse aos seus pés.
“Se retire, por favor.” Eu fiz o melhor tom de voz frio que pude, pronunciando vagarosamente cada palavra, para que ele entendesse. Ele me olhou assustado, com certeza nunca tinha sido expulso do seu próprio quarto antes, merda, talvez nunca ninguém tivesse recusado nada dele antes, ele deu um sorriso de canto de boca e se retirou.
Eu me dirigi a banheira, era grande o suficiente para mim e minhas asas, era encravada no chão e eu tinha que subir dois degraus para alcançar ela, quando mergulhei e relaxei fechando meus olhos tudo que me veio na cabeça foi a imagem de Blanco, Deus, eu precisava dele.
A agua ficou vermelha com meu sangue enquanto o sol subia no céu.