Era outra tarde sem graça na escola. A oitava série passava para mim como um ano de sonhos que se frustraram. Ano passado havia desejado, prometido a mim mesma: haveria de arrumar um namorado. Não queria passar mais o dia 12 de junho sozinha, ali, caminhando pelas ruas e praças e vendo os casais lindos e se beijando. E eu sofria. Sempre me senti sozinha: meus pais são separados e eu moro com a minha mãe, uma mulher linda e muito introvertida, com quem pouco conversava ou revelava as minhas frustrações, as minhas carências as mais íntimias. E era assim tímida e sensível e sonhadora quando vi, quando o vi pela primeira vez: houve uma apresentação de capoeira na escola e lá estava ele. Alto, 1,79, 75 quilos, corpo todo musculoso com bíceps, peitoral, coxas grossas, abdominal todo definido. E eu o vi e senti algo que jamais sentira antes. Sabe? Aquela atração irresistível, a sensação de já ter visto tudo aquilo antes em um momento imemoreável. E eu quis estar com ele, conversar com ele... E depois da apresentação, eu me aproximei e puxei conversa com ele. E eu olhava como poderia uma menina de 14 anos e que se apaixonava e descobria o significado da palavra amor... o amor à primeira vista poderia sentir. E acho que a minha pouca idade ou as nossas classes sociais distintas e opostas o constrangiam. E ele, rapaz de 24 anos, se demonstrou um tanto tímido comigo, mas, mesmo assim iniciamos conversa. E eu adorei a voz dele, tipo, a voz grave e grossa de um homem já; o sorriso também era tão lindo. Não podia ficar muito tempo, pois, precisava ele voltar ao trabalho. E foi ele embora então. Mas, eu pedi o telefone dele, mas como ele disse que era muito pobre e ficava me devendo o número do telefone... Bem, dei o meu telefone para ele. E angustiosa e já melancólica aguardei por 11 dias, até quando ele me ligou. Tadinho, só pode me ligar aquele dia por que não tinha até então dinheiro para comprar cartão telefônico. Conversamos rápido e marcamos de nos ver. E nos vimos!
lá numa praça perto de casa, fitava o relógio em números romanos da já antiga Igreja Católica Apóstolica Romana. E doia uma dorzinha aqui no ventre. Sabe? Aquela dorzinha, o medo de saber se ele realmente viria. E já atrasado vinte minutos, quando eu já pensava que ele havia furado comigo, finalmente ele apareceu. E estava bonito e interessante, usando uma calça jeans desbotada, tênis, camiseta de manga longa e preta com o nome do grupo de rap RACIONAIS MCS. E ele ali, parado na minha frente; eu sem conseguir falar , pois, estava me sentindo tão nervosa, toda tímida e as palavras ficavam engasgadas na minha alma. Mas, ele, bem, ele foi bom comigo e soube conversar comigo e, aos poucos, fui perdendo o medo, deixando a timidez de lado, e fui me sentindo livre e em pouco tempo conversávamos, sorriámos. E eu adorava conversar com ele! O sorriso tão lindo! E os assuntos foram se formando circulos, e os circulos se fechando, se fechando, se fechando até que chegou ao ponto... ao ponto de falar sobre nós mesmos, sobre o significado da palavra Amor. E eu me recordo das palavras que ele me dissera: "Vc conhece o signicado da palavra Amor? É capaz de conjulgar o verbo Amar, poder dizer Eu Amo. Sempre te Amei?". Não soube responder. Nada pude dizer a essas palavras. Apenas me recordo que havia abaixado o olhar ao chão e que ficara em constrangedor silêncio; que eu senti a mão dele tocando meu queixo, fazendo olhar para ele e quando eu olhei nos olhos dele, vi e senti, e deixei: ele veio e me beijou. E foi o beijo o mais puro e inocecente. No início tímido, afinal, eram duas almas que se desconheciam, dois corpos que se tocavam ali lábios nos outros lábios... mas o beijo evoluiu e eu senti algo forte, o meu coração bater acelerado; a língua dele na minha boca era gostosa, e eu gostava de sentir ela entrando, saindo, eu a chupava... E fui sentindo o meu corpo aquecer, um calor me envolver... E ficamos quase uma hora se beijando. Anoitecia e o nossos beijos cada vez mais intensos. E ele me tocou. Senti a mão dele em meus seios. Nunca havia deixado ninguém me tocar os seios. E a sensação era maravilhosa. Um prazer que fazia o meu corpo arder; os meus poros se dilatavam; os meus pêlos se eriçavam; e eu sentia... pela primeira vez... tesão. Aquele dia não rolou sexo. E eu não estava mesmo preparada ainda. Mas, eu o amei. Foi o primeiro homem que me deixou com tesão. E em casa, ao tomar banho, eu me toquei... os meus seios; lá embaixo. Desejei me entregar a ele; senti-lo dentro de mim. E eu aprendi a me tocar. Para me sentir mulher, não precisei transar. Não. Um beijo e um amor, um amor maior que tudo, um amor maior que a morte (pois a sensação de prazer sexual que senti, o tesão, era como se fosse morrer). Ele me fez mulher ao me beijar e eu sentir tesão. Ainda permaneço virgem. Nunca fui penetrada. Mas, eu já me sinto mulher, apesar de menina ainda. Sei o que pode significar o tesão e o amor. Um amor que a morte
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