Amor que nunca acabará - Capítulo 7

Um conto erótico de Cadu
Categoria: Homossexual
Data: 08/07/2020 11:07:28

Naquela manhã, eu acordei às 4h30, tomei meu banho e me arrumei sem fazer o mínimo barulho, pois todos ainda estavam dormindo. Quando deu 5h, eu já estava a caminho da estação de trem. Eu fui andando pelas ruas desertas e escuras morrendo de medo, fui rezando para que nada me acontecesse e que eu pudesse chegar tranquilamente no meu local de trabalho, e assim aconteceu.

Eu cheguei um pouquinho antes das 7h, fui ao RH e a Fabiola ainda não havia chegado. Então, foi o Heverton, que trabalhava junto com ela, que me levou até a pessoa responsável pelo setor onde eu ia trabalhar, seria ele quem me informaria as minhas funções e como realiza-las.

- Alex, bom dia! – Heverton acenava para o colega

- E aí, Heverton? A que devo a honra da sua presença na Geladeira? – Eu vim descobrir nos próximos dias que Geladeira era onde eu iria trabalhar, era o nome que o pessoal dava para a área onde descarregávamos as cargas que chegavam nos caminhões para reabastecer o supermercado.

- Eu vim te trazer teu novo auxiliar. Esse aqui é o Carlos, ele foi contratado para a vaga de repositor de estoque.

- Até que enfim vocês me ouviram, não? Seja bem-vindo, Carlos.

- Obrigado! – eu disse

- Bom, eu deixo ele com você. Você já sabe o que precisa fazer.

- Beleza, Heverton. Até mais – ele disse vendo o colega se afastar e retornar pelo caminho que nós havíamos acabado de percorrer – Vem cá, Carlos. – Ele me levou a uma sala que tinha uma cortina estranha na entrada – Aqui nesse espaço é onde ficam os uniformes, o seu deve demorar a chegar, mas você pode usar esse aqui por enquanto – ele me entregou um macacão grosso e mais um outro uniforme que era composto de uma camisa e uma calça – sem isso aqui, ele apontava para o macacão, você não entra ali – ele apontou a sala que ficava em frente de onde estávamos e que também tinha a mesma cortina estranha na entrada.

Ele me explicou minhas atribuições. Não era nada complicado, eu teria somente que descarregar mercadorias dos caminhões e separa-las por categoria. Feito isso, depois eu teria que leva-las para dentro do supermercado. Eu deveria respeitar a solicitação feita pelo controle de estoque, eu só poderia levar lá para dentro o que fosse solicitado.

Eu vesti meu macacão e logo comecei a trabalhar sob a supervisão do Alex. O trabalho era pesado, eu tinha que carregar caixas e fardos bem pesados, mas eu trabalhava feliz. No final do dia, o Alex me parabenizou por ter feito tudo direitinho e se despediu de mim.

Eu sai do supermercado e fui direto para a pensão. Naquele dia, eu estava morto de cansaço. Dentro do trem, voltando para casa, eu fui trocando mensagem com o Edu e contando como tinha sido meu primeiro dia. Ao chegar na pensão, eu fui direto ao banheiro e depois para meu quarto. Eu só queria descansar um pouco.

- Cadu? – eu ouvia longe – Cadu? – senti alguém me cutucar levemente – Cadu? - Eu abri os olhos e vi o Edu me olhando – Vem jantar!

- Oi! – eu disse ainda dominado pelo sono e o cansaço

- Vem jantar!

- Que horas são, Edu?

- 20h, acabei de chegar e dona Carmem me disse que você tá aqui no quarto desde a hora que chegou.

- É, eu cheguei morto de cansaço aí deitei aqui e acabei adormecendo.

- O dia foi puxado?

- E como!

- O meu também não foi nada fácil! – ele se deitou ao meu lado na cama o que fez a gente ficar colado um no outro, pois a cama não era lá grande coisa.

- Como foi lá na locadora?

- Hoje eu não parei um segundo, muita gente alugando filme e achando que eu já assisti todos os milhares de filmes de lá.

- Nem me fale, eu passei o dia carregando caixas e mais caixas de produtos lá no supermercado.

- Eu queria ter tido um dia puxado e estar rindo como você – ele disse me sacaneando

- Ah, meu amigo, depois de tanto torcer para conseguir esse emprego, eu trabalho com toda a felicidade.

Ele nada disse por um bom tempo, o que eu achei estranho. Nós ficamos ali deitados.

- Vamos jantar! – ele disse depois de um bom tempo

Ele se levantou e me estendeu a mão, ele me ergueu da cama com só um puxão.

- Acho que você acabou de colocar meus ossos no lugar – eu disse rindo

- Eu tenho um método melhor para colocar os ossos no lugar.

- Que método é esse? Eu tô precisando colocar tudo no lugar mesmo – eu estava sentindo uma dorzinha na costa

- Assim! - Ele me abraçou e me apertou com toda a força colocando as mãos unidas bem no meio das minhas costas. Nós ficamos cara a cara e eu ouvi meus ossos estralarem - E aí? Tudo voltou ao lugar?

- Cara, tudo voltou ao lugar e quase meu estômago sai pela boca.

Ele desandou a rir, quando chegamos na mesa para jantar ele ainda estava rindo. Nós jantamos juntos, era muito difícil jantar com os meninos. Eles sempre estavam estudando ou sempre saiam para a casa das namoradas ou sempre chegavam tarde da universidade. Então, nosso contato com eles era mínimo.

Quando eu acordei no dia seguinte, a dorzinha tinha evoluído bastante e eu estava com todo o corpo muito dolorido. Mas, mesmo assim eu fui trabalhar. Eu carregava as mercadorias com muita dificuldade, pois meu corpo não estava adaptado a carregar tanto peso. Eu estava mais forte, mas ainda sim era um garoto magro. Ao chegar na pensão após meu segundo dia de trabalho, eu subi e fui direto para o banheiro e depois ao quarto, como no dia anterior.

- Ei, acorda! – Edu foi ao meu quarto assim que ele chegou do trabalho

- Tô acordado! – Eu disse num suspiro

- O que você tem? – Ele se deitou ao meu lado, o que me fez gemer de dor.

- Ai!

- Eu te machuquei? – ele saiu do meu lado em um pulo

- Ai! Não, eu tô com o corpo todo doído.

- Por causa do trabalho?

- Acho que sim!

- Fica aqui!

Nem se eu quisesse eu sairia dali, eu realmente estava com muita dor o que me fazia ficar preocupado, pois eu não poderia faltar no trabalho no dia seguinte. Eu fiquei lá deitado um bom tempo, até o Edu voltar com um copo de agua e alguns comprimidos.

- Bebe isso aqui!

- O que é isso?

- Drogas! – Ele disse rindo

- Edu!! – Eu disse espantado

- É só um remédio para dor, besta. Bebe logo, senão você não vai conseguir sair dessa cama.

- Quem te deu esse remédio? – perguntei depois de beber

- A dona Carmem.

Eu tomei o remédio e ficamos um tempinho deitados na cama, tinha que esperar o remédio fazer efeito.

- Vem, vamos jantar. Eu tô morrendo de fome! – Edu disse se levantando

- Não, pode ir lá Edu. Eu fico aqui mais um pouco.

- Nem pensar, você precisa se alimentar. Vamos lá, eu te ajudo.

Ele me ajudou a me erguer da cama o que me causou dor. Eu fui andando como se eu estivesse assado, o Edu olhava para mim e se acabava de tanto rir.

- Não tem graça, Edu!

- Cadu, tem! Tem muita graça.

- Oh, Cadu! Ta doendo tanto assim? – Dona Carmem me perguntou assim que descemos

- Um pouco, Dona Carmem.

- Um pouco nada, ele estava petrificado na cama, Dona Carmem.

- Era para você ter me falado, Cadu. Na próxima, não se acanhe. Eu estou aqui para cuidar de vocês.

Depois de alguns meses eu fui entender o motivo da Dona Carmem cuidar tão bem de todos nós. Seu filho tinha falecido devido a uma doença muito séria e uma das filhas havia sofrido um acidente junto com o marido e o filho, eles faleceram no local do acidente. Ela era sozinha ali no RJ, pois ela só tinha uma irmã, mas esta morava na região serrana do RJ e a outra filha, a caçula, morava no exterior. Dona Carmem se recusava a sair da casa dela.

- Ele também não queria jantar, tive que arrasta-lo.

- Assim não pode, Cadu. Você está em uma função muito cansativa, vai precisar e alimentar bem, senão você não irá aguentar. Eu ficarei de olho em você.

- Valeu! – eu disse emburrado e baixinho no ouvido do Edu quando sentamos para jantar

Ele ainda estava rindo da minha dificuldade para sentar e nem deu importância ao que eu falei.

A sexta feira em que iriamos sair chegou e eu já não estava com tanta dor, pois eu continuava a tomar os relaxantes musculares que a Dona Carmem me dava. Sem esses remédios, eu não teria sobrevivido àqueles primeiros dias de trabalho.

- E aí? Tá pronto? – Edu apareceu na porta do meu quarto

- Estou, sim! E você?

- Também! Vamos?

- Vamos, sim.

Nós tínhamos pedido permissão a Dona Carmem para chegar tarde naquela noite, Edu explicou que iriamos comemorar a conquista do meu emprego e ela entendeu. Como o quarto dela ficava nos fundos e não tinha nenhum contato com a casa e os quartos onde nós, meninos, dormíamos não tinha nenhum problema quando chegávamos tarde. Ali não morava nenhum menino menor de idade, então, a única regra era não trazer ninguém para dentro da pensão durante a noite, isso incluía amigos, namoradas, etc.

A boate ficava no Centro, então, tínhamos que ir de transporte público e voltar de táxi, Edu havia me dito que o táxi não sairia caro, pois racharíamos entre nós o valor.

- Como é a boate, Edu? – perguntei quando já estávamos no trem

- Você só vai descobrir quando chegar – ele me disse com ar de menino que está aprontando alguma travessura

Nós fomos conversando até chegarmos em um bar e só depois de ficarmos um tempo lá é que fomos para a bendita boate. Edu entregou nossos ingressos na entrada e fomos entrando. Logo de cara eu achei estranho, pois eu não via mulher nenhuma na boate. Para onde eu olhava, eu via homem e minha cabeça não via nenhuma relação entre a ausência de mulheres e a presença massiva de homens. A minha surpresa não foi pequena ao ver homens dançando juntos, homens se beijando... eu estava em uma boate gay o que me deixou extremamente nervoso já que, aparentemente, ninguém na pensão sabia da minha orientação sexual.

- Gostou? – Edu disse com a boca colada à minha orelha direita

- Edu...

- É, isso é uma boate gay! – Ele disse vendo minha surpresa e nervosismo

Eu fiquei calado, só observando meu entorno.

- Vem, vamos dançar! – Ele disse no meu ouvido e saiu me puxando para a pista de dança.

Eu nunca tinha ido à uma boate, então, eu não fazia a mínima ideia de como dançar ali. Na verdade, eu não fazia a mínima ideia de como DANÇAR.

- Solta esse corpo, Cadu! – ele sempre falava com o rosto colado ao meu e a boca bem próxima à minha orelha, não tinha outra maneira para no comunicarmos.

Ele pegou meus braços e começou a fazer com que eu me mexesse. Parecia que ele estava dançando com uma criança. Em um determinado momento, ele me puxou para e ficarmos colados.

- Você é gay, não é? – Ele disse no meu ouvido e olhou no meu rosto – Sem grilo, Cadu. Eu também sou. – Ele disse sorrindo – Solta esse corpo! – Ele nos balançava.

Ficamos ali e eu meio que sem jeito para tudo.

- Vamos ali! – ele me puxou novamente. Nós fomos a uma área mais tranquila. – Ta tudo bem com você? Não matei você de susto, não, né?

- Não! – eu disse

- Então, por que você não tá dançando.

- Edu, eu te disse que eu nunca tinha entrado em uma boate

- E o que isso quer dizer?

- Que eu não sei dançar

- Aqui não precisa saber dançar, ninguém tá nem olhando pra gente. Você só precisa se soltar e balançar o corpo como bem entender dentro do ritmo da música.

- Por que você não me falou que era gay?

- Pensei que você tinha percebido, assim como eu percebi que você era. Por isso eu te trouxe aqui. Você é, não é?

- Sou! – foi a segunda vez na vida que eu disse aquilo – Sou, sim! – eu confirmei a informação, com muita alegria, mais para mim mesmo do que para ele

- Eu sabia! – ele disse sorrindo – não fica chateado, ok?

- Com o que?

- Com isso! – ele me beijou sem cerimônia e eu meio que retribui – Eu tô afim de você – ele disse quando finalizamos o beijo.

Eu estava afim dele há um tempo, só que eu sequer me atrevia a pensar naquilo. Egoistamente, Eu não poderia perder a única pessoa que me ajudava naquela cidade.

- Não vai me falar nada? – ele me olhou nos olhos

Eu não sei o que deu em mim, mas a única resposta que eu dei a ele foi em forma de beijo. Nós ficamos ali nos beijando por um tempo e depois ele me puxou para dançar novamente.

- Se solta, Cadu! – ele me falava dançando e sorrindo para mim

Ele colou nossos corpos novamente e nos balançava. Aos poucos, eu fui entendendo o que ele queria dizer com “se solta, Cadu!”. Meu corpo foi respondendo, foi acompanhando o ritmo da música. Naquela noite, foi a primeira vez que eu fui quem eu realmente sou: um cara feliz e gay. O Edu foi a quarta pessoa que me fez ver que ser gay não é errado. Que gostar, beijar, abraçar, dançar com um outro homem é algo completamente natural. E, tendo certeza disso, eu me sentia livre em mim mesmo, eu me sentia em paz comigo mesmo, em paz por habitar um corpo que sente sentimentos e desejos por alguém do mesmo sexo.

- Agora, sim! – ele falava rindo

Eu me sentia tão livre e tão leve que eu deixei meu corpo fazer o que o Edu me disse: balançar sem se preocupar com nada. Nós dançávamos juntinhos, ali ninguém nos recriminava, ninguém nos julgava, ninguém sequer nos reparava.

- Eu queria fazer isso desde quando você chegou na pensão – ele disse me beijando novamente.

- Confesso, que eu também queria isso.

- Sério?

- Unrum!

- Eu nunca percebi, eu te trouxe aqui com frio na barriga. Você ficava me chamando de amigo, pensei que não iria corresponder.

- Eu só não queria que ninguém soubesse o que eu realmente sou.

- E por que não?

- Prefiro não falar nisso agora...

- Tudo bem!

- Os meninos sabem?

- De mim?

- Isso!

- Não!

Nossa conversa era de pé de orelha, falamos com a boca colada no ouvido de um e de outro.

- Você bebe? – ele me perguntou quando paramos de dançar um pouco

- Não!

Aos meus 18 anos eu era virgem de tudo e quando eu digo tudo é TUDO mesmo. Na minha infância e adolescência, antes de ir para as ruas, a minha vida era organizada da seguinte maneira: casa, escola, casa, igreja, casa. Eu não podia sair para lugar nenhum e com ninguém. A única vez que eu me atrevi a ter um amigo, nós nos apaixonamos e foi essa paixão o pivô da minha libertação.

- Tá bem, me espera aqui. – ele disse isso e saiu andando entre as pessoas

Eu fiquei observando todo aquele ambiente. Quem diria que um dia eu estaria naquele lugar. Quem diria que eu estaria me divertindo. Quando eu lembrava de onde eu vim, eu sentia calafrios.

- Para você – ele me entregou uma garrafinha de água, ele estava segurando um copo com bebida alcoólica

- Obrigado! Você bebe?

- Um pouquinho! Tá gostando daqui?

- Muito!

Ele veio se aproximando e me pressionando contra a parede, nós estávamos em uma área mais calma, mas ainda sim era muito barulhenta. Ao me pressionar contra a parede, ele me beijava avidamente e eu correspondia da mesma maneira. Aquele Cadu tímido, retraído, acanhado, tinha sumido. Ali estava um novo eu, um eu muito mais feliz por estar em paz comigo mesmo e minha consciência.

Nós passamos a noite inteira dançando e pulando, no final da noite o Edu já estava meio alto devido as bebidas que ele tinha ingerido durante a noite. Nós saímos da boate e ainda ficamos um pouco do lado de fora até ele se recuperar um pouco e depois chamamos um táxi.

Como ele havia me falado, o táxi não deu caro. Nós entramos em silêncio na pensão, não fizemos nenhum barulho por medo de acordar nossos colegas. Ele veio junto comigo para meu quarto e ali ele me beijou mais uma vez.

- Boa noite! – ele disse entre um beijo e outro

- Boa noite! – nós falávamos aos sussurros

Ele foi para o quarto dele e eu me deitei na minha cama. Eu vi o dia clarear da minha janela, nós tínhamos chegado às três horas da madrugada e se eu dormisse, eu não conseguiria acordar para ir trabalhar já que eu sairia de casa dentro de duas horas. Às cinco horas eu já estava a caminho da estação de trem. Meu trabalho era extenuante, mas eu trabalhava muito feliz e com muito amor e gratidão. Passei o dia carregando as mercadorias e levando-as para dentro do supermercado, eu fazia tudo com esmero. Eu terminei aquele dia cansado, mas dentro de mim havia algo diferente.

Eu fui andando até a praia e me sentei na areia olhando o mar, eu fiquei um bom tempo ali, só olhando e ouvindo o mar. Quando eu cheguei em casa já estava escurecendo. Eu cumprimentei dona Carmem e fui direto para meu quarto, peguei uma roupa, tomei banho e me deitei. Naquela hora, não adiantaria eu descer, pois eu só iria atrapalhar a dona Carmem que a essa hora estava preparando o jantar. Difícil era segurar todo o sono que eu estava sentindo devido eu ter passado a noite em claro.

Deitado na cama, eu só senti uma boca encostar na minha e eu sabia que era o Edu.

- Oi! – ele me disse sorrindo

- Oi! – eu correspondi o sorriso – Tudo bem?

- Tudo mais do que bem!

- Como foi seu dia hoje?

- Mais feliz do que todos os outros – ele me beijou novamente

- A porta – eu disse entre beijos

- Tá trancada

Nós ficamos ali, na minha cama trocando beijos e carícias e a partir do momento que ele me beijou e se deitou junto à mim, meu sono desapareceu magicamente. Aquilo tudo era muito novo para mim, mas eu estava gostando de cada segundo que ficávamos juntos. Meu celular tocou enquanto estávamos nos beijando e eu precisei atender.

- Oi, querido! – eu ouvi a voz da Dona Joana do outro lado da linha

- Oi! – eu disse me recompondo

- Tudo bem com você?

- Tudo ótimo! E com a senhora?

- Tudo muito bem também!

- E o padre Miguel? A senhora tem falado com ele?

- Sim, todas vez que vou à missa eu falo um pouquinho com ele. Ele está muito feliz com tudo o que você me fala. Como estão as coisas por aí?

Eu passei alguns minutos conversando com ela e contando tudo o que estava acontecendo em minha vida, claro que omiti a minha ida a uma boate gay e o fato de eu estar ficando com meu amigo.

- Vamos jantar? – Edu me perguntou assim que desliguei o telefone

- Vamos! Eu tô morrendo de fome...

Os dias foram passando e eu fui me adaptando à minha rotina. Após meus primeiros vinte dias no supermercado, eu já não sentia mais dor, não tomava mais remédios e conseguia trabalhar perfeitamente bem. O Alex sempre me elogiava pelo meu desempenho e isso me deixava muito feliz.

Edu e eu estávamos cada dia mais próximos e nossa rotina tinha se alterado um pouco. Agora, nós não ficávamos no chão do meu quarto conversando, mas sim na cama, nos beijando. Nós conversávamos sobre tudo, éramos o confidente um do outro, dávamos apoio mutuamente e quando a tristeza batia na porta, nós sempre tínhamos um ao outro para consolar.

- Cadu?

- Hum! – Eu já estava quase dormindo

- Acorda! – ele me cutucava

- Tô acordado, Edu!

- Não está, não.

- E como você explica o fato de estar conversando com você? – eu sorria

- Você pode ser sonambulo – ele disse rindo e vindo para cima de mim – Você não vai acordar mesmo? – ele começou a me beijar e a acariciar meu corpo

- Eu estou acordado! – eu disse assim que sua boca se afastou da minha – Só estou cansado, Edu.

- O dia foi puxado, hoje?

- Todos os dias são puxados, mas já acostumei.

- Você gosta mesmo desse emprego, hein?

- Gosto! Sou grato de mais por ter esse emprego, sem ele, talvez eu não tivesse futuro nenhum aqui.

- Mas você pensa em conseguir algo melhor?

- Penso, sim. Como eu já te falei, eu quero muito fazer nutrição. Esse sempre foi meu sonho.

- E que sorte ter um namorado que faz nutrição, hein? Quando você passar, eu poderei te dar todas as dicas.

Edu era assim, sempre para cima, sempre esperançoso e apressado. Ele sempre tinha certeza de que coisas boas aconteceriam.

- Namorado? – Eu levantei minha cabeça assustado

- É, namorado! Você quer namorar comigo? - Eu fiquei em silêncio, eu sempre ficava sem reação quando as pessoas me pegavam de surpresa – Você não quer namorar comigo? – ele perguntou quando percebeu que meu silêncio tinha se prolongado um pouco demais.

- É... – eu disse recuperando a minha voz e com essa resposta eu vi o rosto do Edu se modificar de um rosto luminoso e alegre a um rosto triste.

- Você não quer namorar comigo? – Ele disse baixando o tom da voz e se deitando ao meu lado novamente

- Calma... deixa eu terminar de falar. Não é isso que você entendeu – eu levantei a cabeça e fiquei olhando naqueles olhos cor de mel que eu achava lindos

- E por que você ficou em silêncio?

- Por que você me pegou de surpresa, meu cansaço até passou – eu disse rindo meio que sem jeito

- E então?

- Eu quero!

- Sério mesmo?

- Sim! Eu quero namorar você

Foi tudo muito rápido? Hoje eu diria que sim, mas naquela época a única coisa, mesmo inconscientemente, que eu queria era amar e ser amado, e o Edu era a única pessoa que me oferecia isso. Então, nos entregamos 100% e rapidamente um ao outro. Ele veio para cima de mim, e se sentou. Meu corpo ficou envolto pelas pernas dele.

- Você quer mesmo?

- Quero!

Ele veio se aproximando do meu rosto e me beijou. Nós ficamos ali na minha pequena cama, abraçados. Ele me acariciava e eu me sentia feliz em estar com ele.

- Um dia você ainda me mata com essa mania de ficar em silêncio nas horas mais críticas – ele sorria

- Quem me mata é você, que susto eu levei!

- Por que você se assustou?

- Eu já te falei...

- Se falou, eu não recordo.

- Eu nunca namorei ninguém, Edu.

- Eu sou seu primeiro namorado – ele me olhou com uma carinha safada

- É, sim. Ao contrário de você que já namorou até meninas, eu nunca namorei ninguém.

- Eu nunca namorei meninas! De onde você tirou isso?

- Foi você mesmo quem me falou, não lembra? Nós estávamos aqui no quarto e você disse que estava com saudades da sua namorada.

- Ah, isso? – ele deu uma gargalhada baixinha – eu só estava tentando tirar informações de você, moço.

- Não entendi!

- Eu só precisava saber se você tinha deixado alguém na sua cidade e eu não podia perguntar assim de cara. Então, eu tive que inventar a situação.

- Ah! – eu disse corando de vergonha

- Acho você lindo quando fica com vergonha, sabia? – nos beijamos e ficamos entre conversas e beijos até às 22h, pois ambos precisavam dormir cedo já que ambos tinham uma rotina bem cansativa.

- Oi, dona Joana! – Eu atendi o telefone durante meu horário de almoço no dia seguinte

- Oi, Cadu! Como estão as coisas por ai?

- Está tudo bem, dona Joana. Estou trabalhando, me alimentando bem e a dona Carmem sempre fica de olho em mim para eu não ficar sem comer.

Agora, eu comia muito, não perdia uma refeição sequer e consequentemente não ficava mais o dia inteiro sem comer. Como meu trabalho exigia muito do meu corpo, ele reagia a toda essa exigência me despertando uma fome que eu nunca tive.

- Isso é maravilhoso! Eu irei ligar para ela para agradece-la.

Dona Carmem tinha constante diálogo com a família dos meninos que moravam com ela, isso era um pré-requisito para podermos morar lá. Tudo o que acontecia na pensão, ela repassava para as famílias, era uma maneira dela se sentir segura com tantos meninos morando lá.

- Como está no trabalho?

- Está tudo bem! É bem cansativo, mas gosto muito de trabalhar aqui.

- Você ainda não esqueceu que precisa estudar não, né?

- Não, senhora! Ano que vem eu irei me matricular com toda a certeza.

- Que ótimo, pois eu tenho uma boa notícia para você. – eu fiquei aguardando ela continuar – Alo, Cadu? Ta me ouvindo?

- Sim, senhora, estou lhe ouvindo.

- Ah, certo. Bom, como eu disse, eu tenho uma ótima notícia para você. Eu não me conformo de você ter perdido dois anos de escolaridade... – eu resmunguei alguma coisa ao sentir que ela iria falar alguma coisa sobre os monstros - Eu sei, querido, eu sei... – nós já tínhamos combinado de que não falaríamos naquela família e no que eles tinham feito comigo. Também fazia parte do nosso trato não falar nada para o Caio – Bom, mas a notícia é realmente boa. Eu fiquei aqui procurando se ai tinha o mesmo exame que temos aqui na cidade e para minha grata surpresa, aí tem. É um Exame Supletivo, você consegue o diploma do Ensino Médio fazendo uma prova, assim você não teria que ficar dois anos estudando no Ensino Médio. Como você já tem 18 anos, isso seria possível, você só teria que estudar para as provas. O que você acha? Você gostaria de fazer?

- Sim, sim, sim! – eu disse com minha empolgação e alegria extremamente elevadas

- Eu sabia que você iria gostar – eu percebi que ela estava muito feliz do outro lado da linha – Você vai precisar estudar bastante! Eu achei o endereço onde você faz a inscrição, como faltam alguns meses para a realização das provas, você conseguiria estudar. Você está podendo anotar ai? Vou te passar um endereço e você precisará ir lá se informar direitinho e confirmar tudo isso que eu te falei.

Como eu estava almoçando, eu não tinha nem papel e nem caneta ali. Dona Joana me enviaria o endereço por mensagem de texto.

- Muito obrigado, dona Joana. Muito obrigado mesmo, se não fosse a senhora, eu nunca poderia ter mudado de vida.

- Eu já te disse que não precisa agradecer, Cadu. – todas as nossas conversas terminavam comigo agradecendo a tudo o que ela tinha feito por mim, eu não cansava e não cansaria nunca de agradece-la. Não agradecer também fazia parte do nosso trato, mas eu não conseguia respeitar essa parte do trato, toda vez que eu ouvia a sua voz, eu sentia a necessidade de manifestar toda a minha gratidão. – Assim que você for lá, você me avisa? Eu ficarei aqui na maior ansiedade e torcida – ela ria ao telefone

- Aviso, sim senhora.

Encerramos a ligação com ambos rindo e eu estava com o coração repleto de esperança. Se tudo desse certo, se eu pudesse fazer essa prova e se eu passasse, eu poderia acelerar meus estudos e talvez entrar na universidade antes mesmo do que eu tinha imaginado. Eram vários “se”, mas eu tinha esperança que todas aquelas possibilidades se tornariam reais.

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REPONDENDO AOS COMENTÁRIOS DOS CAPÍTULOS 5 E 6

Bom dia a todas, todes e todos!

Desculpem não ter publicado ontem, mas fiquei sem internet e é por isso que estou postando o Capitulo 7 hoje pela manhã.

Vamos aos comentários:

LuterLook: Não tem como não gostar do Edu, né? Às vezes eu tinha vontade de bater nele por umas burrices que ele fazia, mas na maior parte do tempo, ele era lindo naquela época. E é um prazer enorme responder aos comentários de vocês :)

Enriqueaz: Acredito nisso também: Deus sempre no comando. Eu vivi momentos difíceis e dolorosos, mas ganhei vários anjos que me protegeram em toda a minha trajetória.

Subpink: Imagina, querida. É um prazer conversar um pouquinho com vocês. Seria muito chato só jogar o texto aqui hahaha, vocês fazem toda a diferença.

Vitinho165: Obrigado, Vitinho165! ;)

Lari12: Bom, digamos que o sacana do Edu estava com segundas intenções haha Mas ele foi incrível nessa época, não sei como teria sido minha vida nos primeiros meses na cidade se não fosse o carinho, proteção, amor e amizade do Edu ;)

Suara: Ainda bem que não foi roubada hahaha Mas, foi dona Joana quem procurou a pensão, falou por telefone com a Dona Carmem e teve certeza que não era roubada, pelo contrário, vivi muitos momentos felizes com Dona Carmem e Edu. A mudança que eu sempre sonhei em acontecer enquanto eu estava sob o domínio da minha família biológica. E o safado do Edu só estava fazendo joguinho, como você pode ler no capítulo de hoje hahah

Geomateus: Em um determinado momento terei que saltar um pouco no tempo, sim. A ideia é chegar até o momento onde minha vida estabilizou. Alguns acontecimentos sem grande importância serão retirados, claro, senão passaremos uns 5 anos juntos aqui contando e lendo a história haha Concordo com você, o amor vence qualquer barreira! E muito, muito obrigado! ;)

Mauro: Eu aprendi a gostar do RJ, foi a cidade que me acolheu mesmo com seus milhares de defeitos. Hoje eu só tenho gratidão pela cidade. Graças à Dona Joana, ao Edu e à Dona Carmem, meus primeiros dias foram mais tranquilos do que eu imaginava.

Malévola: Obrigado, querida(e)(o)!

Ypii: Obrigado! :) Perseverança e esperança de dias melhores é o que nos move.

Obrigado a todas, todes e todos pelos comentários. Eu respondo a todos nos capítulos de terça.

Vocês me fazem querer escrever mais e mais! Abraço!


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Comentários

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Esse Edu é um conquistador mas também me parece ser uma ótima pessoa e apaixonado...

Dona Carmem e dona Joana, anjos na sua vida...

Que momento mais feliz este!!!!!

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D. Joana um anjo na vida do Cadu

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A cada capítulo essa história fica mais fantástica

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Nossa são muito fofos 😍🤩tô amando ler cada capítulo, tô ansioso pra ver como esse namoro vai ficar 😁😏

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Esperei até esse capítulo pra comentar...mas comentar o que? Só tenho elogios ...posta logo..e não sou de dar 10...mas vc merece.

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Cadu, luz e bem... Comecei a ler tua narrativa e não mais consegui parar. História forte. Digna de ser contada para nós. Já chorei e ri com os capítulos. Tem horas que fico pensando o quão bom é encontrar pessoas do bem como foi o teu caso. Avante! Conte-nos mais...

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Eu fico feliz a cada capítulo desse lindo conto, rsrs... Ansioso pelo próximo capítulo!

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Capítulo maravilhoso a fofura do Edu é demais.

Ps* eu também travo quando me pegam de surpresa.

Ansiosa pelo próximo capítulo

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Edu ou Caio quem vai ser o grande homem que irá está ao teu coração?

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Edu é top. Tbm quero um boy desse kkkkk

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Muito bom esse capítulo,o Edu é um fofo,mas você fala dele no passado,será que ele não faz parte mais de sua vida?

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Que bom que a vida te recompensou com anjos em sua vida

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