O Primo Esmeraldo

Quando passei pra estudar engenharia numa universidade pública, comemorei como se estivesse no paraíso. Lembro-me que, só na primeira semana de trote, já havia bebido tudo que ainda não tinha bebido ao longo da vida, e olha que festa era comigo mesmo. Aos 20 anos, jurei que ia dar tudo de mim pra me dedicar ao sonho de me formar num ensino de qualidade e sem gastar muito dinheiro com isso. Como eu era bobinho e inocente, não? Agora aos 24, não poderia estar mais longe de me formar. Não era mal aluno, mas também não tinha como ser bom nas provas, nos seminários, nas monitorias e no estágio ao mesmo tempo. Eu era apenas um, mas dividido em 4, porque ainda tinha que dar conta do Mário, meu bebê chorão que atendia pelo nome de namorado.

- Quando vou poder ir aí te ver, Miguel?

- Eu ainda não sei, amor. - mandei a mensagem. - Essa semana tá bem difícil.

Não era mentira, final de período era sempre a mesma bagunça acadêmica, quem faz faculdade sabe do que eu tô falando. Não era incomum pegar no sono enquanto corrigia exercícios na mesa da sala ou aguardava a impressora terminar de imprimir.

- Miguel, acorda! Anda, filho!

Aquelas semanas sempre tendiam a colidir, mas eu já era treinado pra suportar, ainda que não completamente. O cansaço acumulado estava me matando e, ultimamente com o Mário, só tava em enrolação. Foi no meio disso tudo que minha mãe ainda me responsabilizou por uma missão.

- Lembra que eu comentei que sua tia vinha pro Rio?

- Não. - respondi. - Muita coisa pra lembrar, desculpa.

Suspirei, mas ela era carismática e paciente que nem eu, qualquer ironia passaria batida.

- Quero saber se você vai conseguir buscá-la na rodoviária.

- Quando é mesmo?

- Na sexta.

Eram os melhores dias, saía do estágio na hora do almoço e, por causa das provas de fim de período, não tinha que ministrar monitoria. Havia programado esse dia pra descansar, até desmarquei um cineminha com o Mário só pra poder ter mais tempo pra dormir, mas não ia negar o favor à minha mãe, ainda mais que me comprometi anteriormente.

- Tudo bem. Mas só fico livre à tarde.

- Ela chega às 15h.

- Ah, então tranquilo. Marca direitinho com ela, já.

- Tudo bem, filho. Obrigada.

- Nada, que isso.

A relação com meus pais era excelente, mas só ela sabia da minha orientação sexual, por isso eu morava ali e tinha a liberdade que tinha pra trazer meu namorado em casa sem problemas ou questionamentos a respeito disso. Meu pai era gente boa também, mas cabeça quadrada demais pra entender dessas coisas, então eu evitava visitá-lo. Entre outras palavras, minha tranquilidade como pessoa com certeza fora herdada do lado materno da família, talvez por isso eu não me importasse de buscar minha tia no aeroporto, mesmo tendo programado o sagrado descanso. Irmã da minha mãe, ela nasceu e cresceu no Rio de Janeiro, mas morava no Ceará e vira e mexe fazia daquelas viagens de ida e volta entre uma cidade e outra, tanto por motivos de trabalho quanto pela família, que se dividia entre ambos os estados. Sendo assim, peguei todos os detalhes com a minha mãe e, no dia e hora marcados, cheguei à rodoviária do centro.

Não precisei de muito tempo pra reconhecer minha tia do lado de fora das plataformas. Estacionei com o carro praticamente ao lado dela e saí. Ela tava a mesma morena baixinha de sempre, com aquele ar de fumante por conta do vício em cigarros.

- Oi, Miguel!! - me deu um beijo no rosto. - Como cê tá, meu filho? Cresceu!

- Tô bem tia, na correria de sempre. E a senhora?

Demos um abraço apertado e saudosista. Embora suas viagens não fossem incomuns, isso não significava que nos víamos sempre. Devia ter mais de 2 anos desde a última vez.

- Ah, tudo indo, meu querido!

Próximo de nós, havia um homem de costas que aparentemente escutava a conversa. Eu ia me preparar pra pegar a mala dela, que estava entre nós, mas ele foi mais rápido e a puxou antes, me dando um susto. Quando finalmente virou o corpo e me olhou, estarreci por completo. Mais ou menos da minha altura, ele era um mulato um pouco mais alto e com a barba por fazer, cabelo curto, sobrancelhas grossas e o tipo de corpo que deixa a blusa visivelmente apertada por conta dos músculos dos braços, com os muques marcados. No rosto bruto, além do olhar de curiosidade, um par de olhos claros estonteantes. Uma mistura impecável de cinza e mel, algo que nunca vi antes, diga-se de passagem.

- Lembra do teu primo, Miguel? - minha tia perguntou.

- Esmeraldo!?

Quase separei as sílabas ao dizer. O sorriso de canto de boca surgiu por pouquíssimos segundos e ele fez que sim com a cabeça. Seu nome não era José dos Santos, vou contar o porquê. Todo mundo na família devia saber dessa história, de tanto que meus parentes adoravam perpetuar tradições nordestinas envolvendo parteiras, caboclos e o nascimento de homens fora do comum. Pra começar, meu primo nasceu de 7 meses e isso pegou a todos de surpresa. Assim que saiu da barriga da minha tia, o filho da mãe não abriu os olhos ou sequer chorou, e também não era branquinho como a maioria dos recém nascidos. Era moreno e parecia um boneco dormindo, todo calado. E se não fosse pelo fato de ter bocejado e mexido os bracinhos, as parteiras teriam cogitado se tratar de feto nascido sem vida. Mesmo depois de o terem verificado por completo e visto que estava normal de saúde e respirando perfeitamente, apesar do nascimento prematuro, seus olhos continuaram fechados por quase 2 semanas. Até que, poucas horas antes de ser registrado no cartório, o moleque acordou e se despreguiçou, dando aquela bocejada e arregalando os olhos mais lindos que toda a linhagem de nossa família já testemunhou. Foi aí que minha tia pensou e deu-lhe um nome: Esmeraldino José dos Santos, apelidado de Esmeraldo, por conta das enormes bilhas de cor verde que carregava no lugar dos olhos. Agora mais velho, elas ficaram menos esverdeadas, mas não menos chamativas e atraentes. O semblante de seriedade e completa quietude, imóvel, combinava perfeitamente com a fitada clara e segura à minha mão estendida entre nós. Até que o mulato, ligeiramente mais alto que eu, a apertou e deu uma balançada firme. Na última vez que nos vimos, ainda éramos pirralhinhos, ele completamente na dele, bem caladão e de um olhar tão tranquilo que chegava a causar certo desconforto ficar olhando diretamente, então não sabia o que esperar por agora, mas nem demorei tanto tempo pra descobrir.

- Quanto tempo, primo! Você já tá um homem! - falei.

O cara continuou sério, pelo visto o comportamento acuado e calado ainda se mantinha.

- Tá um homão, né Miguel? Mas continua tendo boca e não fala.

Era estranho conversar de alguém que só escutava, mesmo quando era o assunto em questão. Mas talvez fosse uma reação ao meu olhar precipitado, pensei. Porque não tive como não notar o corpo do Esmeraldo, mesmo na calça jeans, chinelo e camisa social. O fato dele não estar usando sapato mexeu ainda mais comigo, já que sempre tive tara em pés masculinos. No caminho de carro até lá em casa, ele felizmente foi no banco de trás e pude dirigir tranquilo, mas mesmo assim não conseguia parar de olhar pelo retrovisor e vê-lo encarando as paisagens que passavam pela janela, sempre com aquele semblante de quem está com os pensamentos distantes, imaginando coisas sobre outras galáxias e universos, ou apenas assuntos mais importantes. Os olhos claros pareciam brilhar de propósito, só pra me hipnotizar. E se não prestasse atenção, ia bater mesmo com o carro, de tão aflito. Na curva antes de entrar na minha rua, eles desviaram e vieram exatamente de encontro aos meus, certeiros e oblíquos como se tivessem absoluta certeza de que eram vistos durante todo o trajeto. Disfarcei ou ao menos tentei, mas fiquei muito sem graça.

Naquele dia, durante o jantar de boas vindas, eu ainda não esperava pelo que ia acontecer, mas só até começar a acontecer. Estávamos conversando e minha tia falava sobre a falta de água na região onde moravam no Nordeste, motivo pelo qual ela e até Esmeraldo, que não saía de casa, foram obrigados a vir pra cá por um tempo, deixando pra trás somente seu pai. Sentados à mesa e entretidos no assunto, a campainha tocou e minha mãe levantou pra atender, sendo que até então eu nem tinha percebido do que se tratava. Foram poucos segundos até ouvir a voz dele e me deparar com sua imagem cruzando a sala de estar da minha casa, parecendo uma espécie de cerimônia da qual não fui informado.

- Boa noite, minha sogra!

- Boa noite, Mário! Tudo bom, meu filho?

Inocente, minha mãe se deixou levar pelas flores que ele trouxe e pelo jeito cínico de quem não fora convidado, mas veio assim mesmo. Sabia que se fosse eu abrindo a porta, provavelmente o dispensaria no portão, por isso não mandou mensagem avisando que viria e era justamente isso que me irritava, essa burlada que meu namorado dava no meu controle sobre nossas visitas um ao outro, principalmente em final de semestre. Justo na minha sexta-feira de descanso, de mochila nas costas e tudo, preparado pra passar a noite do meu ladinho.

- Melhor agora, aqui com vocês. - sorriu todo falso, mostrando os dentes. - E cheguei em boa hora, né?

- Chegou sim, meu filho! Pega um prato e se senta.

Eu não conseguia esconder minha cara de desaprovação e o Esmeraldo percebeu isso. Ao ver que tinha duas pessoas novas conosco, meu namorado parou um pouco antes de chegar à mesa e se apresentou.

- Boa noite, boa noite! Prazer, Mário!

Beijou minha tia no rosto e estendeu a mão na direção do meu primo.

- Tudo firmeza, amigo?

E aí aquele encontro aconteceu. Físico? Não mesmo! O Esmeraldo encarou o Mário, mesmo sem precisar do semblante acirrado das sobrancelhas grossas, e o respondeu verbalmente, limitando a resposta somente a um breve impulso.

- Boa!

A voz destoava completamente do que eu esperava, talvez por vê-lo quieto por tanto tempo. Era um pouco grossa e forte, mas repentina, como se fosse rápida, mesmo que ele não tivesse falado com pressa. E o que mais marcou o momento foi que meu primo se levantou e passou direto pela mão estendida do Mário, juntando os pratos da mesa e levando à pia da cozinha pra lavar. A minha vontade maior foi rir, mas minha tia foi logo se desculpando pela falta de educação.

- Desculpa, moço! Ele é novo aqui e é mal educado assim mesmo, viu?

Minha mãe riu pelo momento e só então me ocorreu a possibilidade do meu primo ter feito aquilo não por ter detestado o Mário, mas sim pelo fato de saber que éramos namorados, ou seja, gays. Fiquei um pouco pensativo e ia até sair dali, mas aí o bebê chorão terminou de pôr a própria comida e sentou-se à mesa.

- Amor, vai me deixar aqui sozinho mesmo?

Eu queria muito mandá-lo embora, ainda mais pagando de apaixonado na frente dos outros, mas isso ia ser o motivo que ele queria pra ter uma discussão, e eu tava sem essa paciência de ficar discutindo. Antes de voltar a sentar diante daquela cara de pau, olhei na direção da sala e vi Esmeraldo sentado ao sofá, prestando atenção na televisão. Vê-lo observando algo era sempre muito esquisito, porque a cor vibrante de seus olhos causava a impressão de que ele viraria pra mim a qualquer momento, ou talvez até conseguisse me ver o olhando, mesmo que eu não pudesse perceber. E então o bebê chorão chamou minha atenção.

- Tá ouvindo, Miguel?

- O que? - fiz-me de quem tentava entender.

- O que eu tô falando? Tá prestando atenção no que?

Olhou por trás do meu ombro e percebeu quem estava lá no sofá. Era meu objeto de observação. Aí fez a cara de cu e não disse mais nada, começou a comer calado e me olhar com certo ciúme. Permaneci ali em silêncio e disfarçando pra não manjar meu primo, até que, numa das vezes em que o olhei, o cara tava com os olhos claros diretamente focados em mim, fazendo uma cara de quem estava, no mínimo, curioso, porém não falaria ou perguntaria absolutamente nada, só continuaria vendo. O cotovelo dobrado sobre o braço do sofá e o rosto apoiado nos dedos da mão fechada, como se fosse um rei entediado sentado em seu trono, pensando em coisas mais importantes do que as que o cercavam. Na minha mente, tentava pensar em tudo que ele podia estar imaginando ao ver dois homens formando um casal e se tratando como tal, debaixo do teto da mãe de um deles, que consentia com isso. Por mais que eu tentasse não ser tendencioso, a imagem de que meu primo não devia ter tanto contato com gays só porque era do interior do Ceará não sumia da minha mente. Eu não podia afirmar isso como se não existissem viados em todos os cantos do mundo, inclusive lá no interior do Ceará, mas ao menos poderia dizer que, sendo alguém quieto e reservado e que só aceitou sair de casa pela falta d'água, Esmeraldino com certeza não tinha tido muito contato com o diferente. Se por ventura tivesse ideias preconceituosas na mente, com certeza era por causa disso, de não ter visto e conhecido o novo e não ter se acostumado, entendido e por aí vai. Mas tudo bem, tempo ao tempo.

- Acabei, amor.

Meu namorado tentou me puxar pro quarto pela mão.

- Vamos lá ter uma conversa?

- Vamos, vamos sim.

Mas caminhei em direção à porta. Assim que ele me seguiu, fomos até o portão e fiz questão de, só nós dois, desconversá-lo da maneira que deveria ter feito assim que chegou ali sem me avisar, dando início a todo esse teatrinho bobo e desnecessário.

- Deixa pra outro dia, tá? Amanhã vou acordar cedo.

- Tá brincando comigo, né Miguel?

Ignorei. Não ia dar a ele uma discussão, ainda mais quando estava com a razão. Não há o que discutir quando se está coberto dela.

- Miguel, volta aqui que eu tô falando com você.

Ele sabia que falar como se fosse meu pai me irritava, mas não ia mesmo me tirar do sério.

- MIGUEL!!

Dei o último passo pra dentro de casa e fechei a porta, passando a chave. Aguardei alguns minutos e olhei pra fora, mas estava vazio, apenas o sereno e o escuro da noite se faziam presentes. O bebê chorão foi embora. Passei pela sala e não vi ninguém, então parei pra ver o celular que não parava de vibrar. Várias mensagens do Mário.

- Esse teu primo é mó abusado, ein? Que moleque escrotinho! Melhor você abrir esse olho e não se misturar com ele.

- Crise de ciúmes agora? Mereço. - respondi.

- Ciúmes de que? Tenho motivo pra ter ciúme, Miguel? Acho bom você falar logo agora se eu tiver que me preocupar com um priminho nordestino!

Aquele tom petulante e propositalmente tendencioso na hora de falar nordestino me irritou.

- Vai dormir, vai. Por hoje já deu das suas merdas.

Desliguei o celular pra não brigar e saí da sala. Peguei o corredor pra ir até o quarto, mas a porta do banheiro abriu e ele saiu bem de frente pra mim. O par de bilhas esverdeadas me fitando com uma serenidade que eu sabia da única coisa que combinava com elas: o silêncio. Eu até parei de andar, só pra vê-lo caminhar em minha direção enquanto se enxugava do banho que acabara de tomar pra dormir. Só de short, meu primo era inegavelmente gostoso e muito atraente. Seu tórax era definido e trabalhado pelo esforço físico bruto, sem academia ou qualquer outro meio de desenvolvimento senão a mão na massa. O peitoral era um pouco estufado e peludinho, dando aquela impressão de imponência máscula que também era sustentada pelos pelos dos sovacos. Abaixo do umbigo, uma trilha de cabelos fazia um convite aos olhos que eu sabia que, se aceitassem, estariam perdidos, então não olhei. Em passos cheios e de pés no chão, devagar, ele parou na minha frente. O cheiro de higiene era inegável, ainda mais por conta do sabonete de cereja, que permanecia doce em si.

- Tá tudo bem? - perguntei.

A intenção era quebrar o silêncio, mas este se manteve. Sem usar a voz, ele fez que sim com a cabeça pra cima e pra baixo lentamente. A resposta que obtive não teve volume, mas foi clara e nítida, não tinha mais motivos pra continuar parado naquele corredor. Mas cadê que o corpo se movia? Estava simplesmente imóvel diante do meu primo, ele ainda me olhando e usando a toalha pra secar a parte de trás da cabeça, como se me esperasse dizer algo pra poder passar.

- Bom.. - comecei nervoso.

Ia começar a explicar tudo que o cara viu e que provavelmente estava confuso em sua mente, tirar suas possíveis dúvidas quanto à homossexualidade e tudo mais, mas aí ele me surpreendeu.

- Boa noite, primo! - falou.

Eu quase vi um sorrisinho se formando no canto do lábio escuro e carnudo. Se antes reclamei do Esmeraldo não falar, agora cada vez que palavras saíam de sua boca eu ficava totalmente desconsertado. A atração começava nos olhos verdes, ora acinzentados, ora claros feito mel, dependendo da quantidade de luz, passava pelo corpo e agora estava chegando à sua voz e simples presença perto de mim, só porque não sabia quando esperar que o moreno abrisse a boca e soltasse a voz máscula. Eu devo ter sorrido pela boa tensão de vê-lo falar, e talvez ele tenha percebido essa animação a mais.

- Boa, Esmeraldo! - respondi.

Só então o mulato desviou com o corpão da frente e me deixou passar livremente pelo corredor. O coração meio agitado por conta de tanta informação em pouquíssimo tempo de convivência, mas ao menos pude dormir com uma imagem positiva na mente. Ainda tive que sonhar com o meu primo, como se não bastasse. Mal sabia que era só o começo. Esmeraldo era tão bicho do mato que preferiu dormir na rede que tinha pendurada na varanda, ao relento fresco da noite do Rio. Um cearense de olhos claros, pisando e dormindo em quentes terras cariocas..

A casa da minha tia não era tão próxima da nossa, mas quase todos os dias ela passava lá com o Esmeraldo pra almoçar ou jantar, por conta da própria rotina ocupada que a mantinha longe das tarefas de casa. Eu, tendo minhas próprias responsabilidades, esbarrava com eles vez ou outra, mas quase não ficava muito pra bater papo, porque o tempo era curto e o período estava terminando, com o final da faculdade cada vez mais próximo. Talvez por isso tenha demorado a perceber que, após alguns dias depois de sua chegada, meu primo começou a aparecer lá sozinho, sem a mãe, e mesmo nos horários em que não haveria ninguém em casa. Isso ficou evidente no dia em que saí do estágio e não fui diretamente à faculdade, passando lá pra buscar parte do material que precisaria usar em aula. Abri o portão e dei de cara com ele no quintal, só de bermuda surrada e com a ferramenta na mão. Uma enxada. Ele batia uma espécie de massa cimentada no chão, debaixo do sol forte e completamente suado, visivelmente ensopado. Sabe quando uma pessoa está tão iluminada que precisa pôr a mão sobre os olhos por causa da claridade excessiva? Esmeraldo não o fazia, pelo contrário. Parece que os raios solares banhavam gloriosamente seu corpo moreno, num brilhante vislumbre visual. Em cada movimento lento, as luzes lambiam seus músculos num deleite ritmado. A ponto deu demorar bastante até começar a falar, só observando enquanto ele parava o que fazia e me olhava chegando no portão, brilhando no meio do quintal.

- Oi, primo! - comecei.

Apesar de interagir, nunca esperava uma resposta verbal. Só que ele virou em minha direção pra mostrar que estava atento, caso eu precisasse de algo. Tocou o chão sujo com a ponta da enxada e apoiou-se com as mãos sobre a base, fazendo aquela cara de solicito de quem espera algum pedido.

- Minha mãe tá por aí?

Balançou a cabeça negativamente. Era óbvio que responderia sim ou não daquele jeito.

- Entendi.

Queria algo a mais pra dizer, então apelei ao óbvio.

- Foi ela quem te mandou fazer isso daí?

- Sim.

Eu sempre tinha um mini ataque cardíaco, não adianta. Sempre. Quando ele respondia, parecia que pisávamos no mesmo chão e falávamos a mesma língua, então ficava com a sensação de que nunca duraria muito tempo, era raro.

- E você, já almoçou?

Sim com a cabeça. Deixei que continuasse seu trabalho e fui trocar o material que precisava de levar pra faculdade. Quando estava saindo de novo pelo quintal, tornei a ver a imagem daquele homem sentado num banquinho de madeira enquanto bebia água. Desatento, ele não me percebeu e isso garantiu alguns minutos de observação livre. Enquanto dava as goladas numa garrafinha d'água que parecia minúscula diante do mãozão veiudo, seu pomo de Adão subia e descia sedentamente, evidenciando o quanto precisava de se hidratar diante do serviço pesado. A bermuda jeans mais ou menos no joelho, toda rasgada e suja de respingos de cimento, permitindo que duas coxas morenas, peludas e grossas escapassem à minha visão. Uma das panturrilhas estava contraída, marcada bem rígida. Pra não falar dos pés, com as solas plantadas no chão quente feito uma árvore. Aquele cearense parecia o próprio sol diante de mim, brilhando em chamas e atraindo todos os olhares pra si, a ponto deu me queimar caso chegasse muito perto. Mas precisava sair do transe, caso contrário chegaria atrasado. Passei despercebido e saí pelo portão.

Depois desse dia em que descobri sobre os pequenos serviços que o meu primo fazia lá em casa, passei a almoçar quase sempre lá pra poder passar alguns minutos do dia ao seu lado, já que pela noite não o encontraria mais. Por causa dos horários diferentes, quando eu chegava ele já tinha almoçado, então eu só comia enquanto o observava trabalhar, mas fingindo que mexia no celular ou alguma coisa assim. No início eram 3, 5 minutos só detalhando cada pedaço daquele corpo escultural e maravilhoso. Depois eram 10, só manjando seus pezões espalmados e com os dedos abertos pra absorver o calor do chão quente. Esmeraldo parecia um bicho solar, que precisava de se aquecer naquela camada grossa de pele de macho bruto, parido pelo chão rachado do sertão ressecado. Depois que se sentia vivo pela energia proveniente do calor, ele levantava e fazia de tudo, como se realmente estivesse se reabastecendo a todo o tempo. Ao meu ver, era um grande esforço tudo que fazia, ainda mais em tanta quentura e exposição com o corpo, mas se fosse julgar por seu olhar seguro, talvez aquilo fosse balela praquele homem. Independente do suor escorrendo, do peito arfando e do antebraço limpando a testa a todo instante, o gostoso se mantinha impecável. O meu transe foi interrompido, assim como meu almoço, pela chegada repentina do Mário.

- Só pode ser brincadeira. - pensei.

Mas como eu tava dentro de casa e ele só chamou no portão, ainda tinha alternativa. O Esmeraldo apareceu na porta da cozinha nesse momento, como se esperasse algum comando.

- Eu sei, eu sei.. - falei. - Que cara chato, né?

Pensei em tudo que podia fazer e me ocorreu a ideia de pedir pro meu primo mentir e dizer que eu não tava, mas isso com certeza seria demais pra ele. Eu tava impaciente, balançando a perna e roendo as unhas, e ele viu. Peguei o celular e verifiquei que, mais uma vez, Mário apareceu sem qualquer tipo de aviso. Comecei a digitar uma mensagem bem puto, mas aí lembrei que isso entregaria que estava em casa ouvindo seu chamado no portão. Já estava quase desistindo e indo até lá, quando percebi que Esmeraldo sumiu e meu namorado parou de chamar.

- Ué? - pensei.

Devagar, fui andando pelo corredor no sentido da parte da frente. Antes mesmo de chegar à porta, meu primo surgiu diante de mim com aquele corpo embrazado, como quem tinha acabado de fazer esforço físico.

- Ele foi embora?

- Sim!

Mas dessa vez seu olhar parecia distante, não sei por qual razão.

- O que você falou? - perguntei.

Ele balançou a cabeça de um lado pro outro, dando a entender que não disse absolutamente nada, o que pra mim era o mais provável de acreditar mesmo. Além do que, estar livre do chato do bebê chorão por alguns períodos de tempo era excelente, ainda mais quando ele não parava com as visitinhas surpresa que tanto me irritavam.

- Me salvou, primo! Valeu mesmo! - agradeci.

- Nada!

E ainda deu-me um tapa no ombro quando passou, dando a volta pelo corredor externo. Era uma das manias do Esmeraldo, a de evitar andar por dentro de casa, ainda mais enquanto trabalhava. Tinha também o hábito de estar sempre descalço, o de sentar-se ao chão em vez de usar cadeiras, o de colocar pimenta em tudo que fosse comer e por aí vai. O bicho do mato era cheio delas, mas não fiquei tanto tempo ali pensando em todas, apesar de que poderia. O celular tremeu e fui ver do que se tratava. Um bebê chorando, essa era a minha mania.

- A gente tem que conversar, Miguel. Para de me evitar.

Não respondi. Ele insistiu.

-Esse teu primo tá querendo ficar no nosso caminho. Ele não me desce desde aquele dia e você ainda não me atendeu, depois vai se arrepender quando ele fizer uma loucura. Aí vou falar eu avisei.

- Você é louco, garoto! - respondi. - Olha lá como fala do meu primo. Lava essa boca.

- É isso mesmo, Miguel! Teu primo é um paraíba marrentinho e preconceituoso, tu vai ver só!

Pra mim já tinha dado, só bloqueei o Mário e nem me arrependi. Tomei um banho e segui com as atividades planejadas pro resto do dia, retornando à faculdade no período da tarde e voltando pra casa só à noite.

Naquele mesmo dia, não bastasse todo o estresse gerado pelo bebê chorão, eu ainda tive que lidar com mais do mesmo ao retornar pra casa. Virei a esquina da minha rua e percebi logo o carro dele me seguindo lentamente, como fazia sempre que discutíamos por qualquer coisa. Esse era o lado ruim de ter um parceiro de foda mimado e com mentalidade atrasada, é que ele ia cobrar coisas sem qualquer razão.

- Qual é o seu problema?

Não tive como não perguntar. Podia simplesmente acelerar o passo e entrar em casa, mas sabia que quanto mais o ignorasse, mais o chato ia ficar atrás de mim e eu queria tudo, menos isso. Então parei, nem que fosse pra pôr um fim naquele relacionamento mixuruca que só ele fazia questão de chamar de namoro. Pelo menos assim, poderia dormir mais tranquilo e sem um crianção me seguindo.

- Entra, Miguel.

E destrancou a porta do carona.

- Não vou entrar. - comecei num só fôlego. - Fala o que você quer e vamos acabar logo com isso, pode ser? Eu tô cansado, trabalhei o dia todo e não tô com a paciência que você acha que eu tô, então vai falando.

Devagar, meu namorado parou o veículo e o desligou. Abriu a própria porta e saiu, apoiando-se sobre a parte superior do carro pra me olhar do outro lado. Só então percebi que ele tava de óculos escuros em período noturno. Com um certo cuidado, Mário tirou a peça e me mostrou a marca roxa enorme que cobria o olho esquerdo.

- QUE ISSO?

Fiquei muito assustado com aquele hematoma roxo, vivo, com certeza era recente. Até dei a volta só pra ver mais de perto, com cuidado pra não tocá-lo e aumentar a provável dor que estava sentindo.

- Como você fez isso, Mário? Me explica!

- Ah, não tá reconhecendo não?

Engoli a seco. De novo o tom de deboche na hora de falar.

- Não reconhece a massa que o teu priminho paraíba bate, não?

Meu corpo travou. Aquilo não podia ser real.

- Do que você tá falando?

- Do que eu tô falando, Miguel? Isso aqui foi o que eu te avisei mais cedo, lembra? Eu te disse quem ele era de verdade.

Só podia ser brincadeira dele e de muito mal gosto.

- Me explica isso direito, Mário. E se for mentira, não precisa nunca mais olhar na minha cara. Pode começar.

Pigarreou e foi falando.

- Fui na sua casa mais cedo quando você não tava, só pra fazer uma surpresa pra você, não sei se ele te falou.

- Hm, e daí?

- E daí que quem me recebeu foi ele. Eu disse que queria entrar e o cara falou que não ia deixar.

Era muito difícil imaginar o Esmeraldo dialogando com alguém, ainda mais com o bebê chorão. Era difícil imaginar qualquer pessoa querendo perder tempo com o bebê chorão, pra ser mais específico. Me perguntava onde eu estava com a cabeça quando sugeri nosso acordo sexual. Mas, mesmo com toda essa recente implicância, precisava de entender o que aconteceu na realidade, então voltei a focar.

- Eu expliquei a ele que ia te fazer uma surpresa, mas ele não quis assunto, disse pra eu vazar o quanto antes e nunca mais voltar. Quando percebi que o abuso já estava passando dos limites, confesso que fiquei um pouco puto e xinguei ele.

- O que você falou, Mário?

- Não foi nenhuma mentira. Disse que era um pirralho marrento.

- E mais o que?

- E mais nada. Ele mandou eu virar homem antes de falar com ele. Disse que um viadinho não tinha direito de sequer lhe dirigir a palavra, e aí eu o chamei de homofóbico. Sabe o que ele me respondeu, Miguel?

Aguardei.

- Que eu ainda não vi nada e que você já tava na mão dele. Perguntei o que ele ia fazer e esse aqui foi o primeiro resultado, ó.

Fiquei travado onde estava, com a mente perdida em várias camadas de diferentes pensamentos aleatórios. Toda as situações ao lado do meu primo Esmeraldo eram revividas num só segundo e tudo ao mesmo tempo no meu cérebro. Enquanto isso, Mário continuava argumentando.

- É esse moleque que tu tanto chama de primo, Miguel?

Pra piorar, os olhos dele ainda encheram de lágrimas, com a voz dando aquela leve embargada pela humilhação sofrida. A situação era mesmo séria. Só nós dois na rua, com o risco de ainda sermos assaltados ou qualquer coisa do tipo, mas meu namorado chorando e alegando ter sido agredido pelo meu próprio primo, que parecia próximo, apesar de calado. Era muita coisa.

- Eu preciso pensar no que fazer, Mário. - falei.

- Pensar? Como assim pensar, amor? Olha pra mim, olha pro meu rosto! Eu não quero nem imaginar você ficando perto daquele cara outra vez. Quero nem te deixar aqui nessa casa, sabendo que ele vai aparecer amanhã!

- Eu sei, eu sei.. Mas preciso pensar. É muita coisa pra um dia só. E você também precisa colocar um gelo nesse olho pra não piorar.

- Então eu vou com você, aí você cuida de mim e a gente passa a noite juntos. Que tal?

A persistência que me irritava.

- Não vou repetir. Eu vou pra minha casa e você vai pra sua. Vou comer, tomar um banho e dormir, e você vai fazer a mesma coisa. Amanhã a gente vai conversar e pensar numa solução juntos, mas só amanhã.

Não dei mais tempo, eu mesmo precisava do meu. Virei as costas e o deixei lá, só entrei e fiz tudo que disse que faria. Exceto que pra pegar no sono foi um parto e talvez mais difícil que o do Esmeraldo. Não conseguia parar de pensar que meu primo supostamente agredira meu namorado. Tudo bem que ele era quieto e caladão, mas desde quando isso era pré-requisito pra ser homofóbico e violento? Alguma coisa estava muito errada, não podia mesmo acreditar.

- Vou conversar com o Esmeraldo. - pensei.

No dia seguinte, acordei cedo e fui pro estágio, como sempre fazia. Mesmo não conseguindo não pensar em tudo que estava acontecendo, acabou que a manhã passou rápida e logo voltei pra casa pra almoçar. Entrei pelo portão e dei de cara com meu primo fazendo o serviço de sempre, a pedido da minha mãe. Ao me ver, ele não hesitou em parar o que fazia e devotar atenção a mim, mas agora com os olhos meio amolecidos, talvez por ver no meu rosto o possível desapontamento em não querer acreditar no que aconteceu. Mesmo com essa péssima sensação tanto dentro de mim quanto transparecendo, me mantive forte e fui até à cozinha.

- Primo, você tá muito ocupado aí?

Eu sequer conseguia encarar seus olhos claros e brilhantes. Ele parecia saber disso, porque desviou o olhar pro chão e balançou a cabeça negativamente.

- Pode vir aqui, por favor?

Ele só acatou a ordem e veio andando, parando descalço na porta do cômodo. Não sabia como começar aquela conversa, mas ela era essencial e, dependendo de como fluísse, poderia ser a última. Não havia pra onde escapar, a hora era agora.

- Esmeraldo. - comecei. - Você mentiu pra mim?

Olhando pra baixo, fez que sim com a cabeça. Engoli a seco, mas tinha que ir além.

- E bateu no meu namorado?

Ele fechou tanto os olhos quanto a mão antes de responder.

- Sim!

Saiu rápido e baixo, tal qual uma facada de adaga direto no peito. Não consegui entender, só me senti traído e arrependido. Todo esse tempo achando que estava sendo atraído pelo meu primo curioso, quando na verdade estava sendo feito de trouxa. Talvez eu detestasse o Esmeraldo por ele me fazer admitir que o Mário estava certo desde o começo, em todos os pontos.

- Não acredito nisso, Esmeraldino! - foi mais forte que eu. - Como você pôde?

Virei as costas e comecei a andar pela cozinha, visivelmente nervoso. Ele se mantinha de olhos fechados e parecia concentrado pra dizer alguma coisa, mas não importava mais, eu só queria distância.

- Eu quero que você fique bem longe de mim, tá me ouvindo? Isso é pra eu não contar pra sua mãe!

- Primo.. - disse.

E deu o primeiro passo em minha direção, com as mãos pra frente como quem fosse tentar me segurar.

- Primo é o cacete, moleque! Não me encosta! A minha vontade é de fazer contigo a mesma coisa que você fez no Mário, só pra tu ver se é bom! E pode ir embora e largar isso aí, anda! Melhor mesmo!

O mulato só virou as costas e, como sempre, obedeceu. Antes de partir, me encarou por sobre os ombros com aquele olhar de anjo, mas a ordem já estava dada. Saiu silenciosamente e eu fui pro meu quarto pensar um pouco na vida e nas voltas que ela dá, totalmente transtornado com a atitude do meu primo em relação ao meu namorado. Dois dias se passaram até começar a esquecer daqueles problemas, aí minha mãe veio perguntar se estava tudo bem e se eu tinha notícias do Esmeraldo.

- Não sei de nada, mãe. E tá tudo bem sim.

Hesitei muito sobre contar a ela o ocorrido, mas não o fiz porque com certeza isso mudaria o tratamento que daria ao meu primo e à minha tia. Por mais que não morassem conosco e a vítima de tudo fosse meu namorado, aquela situação poderia ficar tão desconfortável que, na pior das hipóteses, os forçaria a voltar pro nordeste, sendo que vieram de lá pela falta de água, ou seja, não acabaria bem. Eu poderia esperar até que o Esmeraldo finalizasse as reformas que fazia lá em casa, uma vez que esse era o desejo inicial da minha mãe. E depois poderia dispensá-lo livremente, mas até lá ainda teria que vê-lo uma vez ou outra, não que quisesse.

Por conta dessa discussão e do nosso afastamento, o pouco contato que ainda tive com meu primo depois disso se resumiu à simples passadas de olho enquanto chegava ou saía de casa, muito raramente. Eu sequer fazia questão de cumprimentá-lo e ele entendia isso, respeitando o espaço e fingindo até que eu sequer existia. Era diferente entrar pelo portão do quintal e não tê-lo virando em minha direção e aguardando algum pedido, como sempre fazia, mas era necessário resistir a estes momentos e passar completamente batido. O que ele fez foi inadmissível, mesmo o Mário sendo o tipo chato e provocativo de pessoa. Foi violência gratuita e isso eu era contra. Essa convicção se manteve inabalada no começo, logo após o incidente que levou a tudo aquilo, mas fora caindo por terra conforme os dias se arrastavam, só pra eu ter que conviver por mais tempo com o Esmeraldo, mesmo ainda sendo contra sua atitude. A prova disso foi quando, tentando não focar em seu serviço braçal debaixo do sol, me mantive focado nuns relatórios que finalizava na mesa da cozinha. Ele então acabou as tarefas e foi tomar banho no chuveiro do quintal, próximo de mim, mas ainda sem contato visual ou qualquer outro, cada um completamente na sua. Por não estar tão distante, me controlei ao máximo pra não olhar, mas foi um exercício muito difícil de resistência, ainda mais com ele só de bermuda. Assim que o mulato começou a esfregar as mãos no próprio rosto, meus olhos aproveitaram a deixa e percorreram todo o seu corpo, mas de uma forma tão voraz que, se fossem bocas, meu primo ficaria todo mordido. As mãos grossas e veiudas insistiam em friccionar a água misturada com sabão por entre as marcas da cara barbuda dele. Parte dos pelos dos sovacos ficaram de fora com isso, além do tórax mostrar-se ainda mais trincado pelo esforço seguido de relaxamento. Devagar, elas desceram e acompanharam o trajeto de todo o líquido lambendo sua pele encharcada de pura e viva melanina, de tanto tempo ficava sob o sol. Como se prestasse mais atenção na água do que no corpaço, desci os olhos pelas pernas peludas e também pelos pés. Até que lembrei do que estava fazendo e do que não deveria fazer e, num impulso, voltei a encarar seu rosto. Pra que? Faltou ar com o susto que levei. Seus olhões enormes e acinzentados estavam bem vidrados em mim, sem nem desviar depois de se certificar que eu o olhava. Só então me contive e parei, mas o abusado continuou. E não se deu por vencido, permaneceu até enquanto se secava e vestia a roupa, que tirou ali mesmo, sob a toalha amarrada na cintura. Até pra abaixar e torcer o short molhado ele teve que continuar me olhando, como se quisesse um contato maior que aquele. Mas não aconteceu. O Esmeraldo só vestiu a roupa e saiu com aquele cheiro do sabonete de cereja que perturbava minha imaginação. Naquele dia, eu fiquei tão tomado pela vontade de fazer alguma coisa com ele que acabei metendo os pés pelas mãos e chamei o Mário lá pra casa.

- Finalmente, meu amor! Eu sabia que você faria a escolha certa!

Não respondi, só precisava de sexo sem compromisso e intenso, na verdadeira intenção de suprir a vontade que eu tava de transar loucamente com meu primo, independente de seus defeitos e comportamentos preconceituosos. Passei o dia lutando contra a tentação de não olhá-lo, pra não dizer que só perdi essa disputa. O Mário não tinha nada que outro cara não tivesse, então era minha escolha ideal.

- Deita aí.

- Hmmm, tá pegando fogo, né? Eu também não sei viver sem você, meu amorzinho! Vem cá, vem!

Ignorando tudo que ele dizia, sentei em seu colo e deixei que me penetrasse como se fosse importante pra mim. Por mais que aquele fosse a vítima do problema com o Esmeraldo, era mais um cara chato e que só pensava em si, então pra mim era outro problema, ainda que menor. Mas um que poderia ao menos aliviar meu tesão latente, que era irremediável, uma vez que meu primo era preconceituoso.

- Hmmmm!

Empinado e usando as mãos do chorão pra massagear meus seios, porque nem isso ele fazia por vontade própria, agasalhei sua vara média com o cu e fui rebolando, sentindo o lombo ser preenchido por caralho. Esse fogo na beirola do ânus foi dando o calor necessário pra aumentar meus movimentos e acabou que a mente se encarregou do trabalho, trazendo tudo pra mais próximo do que parecia o Esmeraldo. Por alguns instantes, cheguei até a dar de pau durão pro Mário, arrancando dele suspiros intensos que nunca havia ouvido antes.

- FFffff! Isso, filho da puta! Rebola, vai!

Ele se empenhava e enchia minha bunda de tapa, mas encarar seus olhos e não ver o mesmo brilho dos do meu primo era notável, a ponto de eu não conseguir mais disfarçar. Colocava tanto sua imagem ali que não podia simplesmente aceitar que não era ele.

- Isso, porra! SssssSSS!

A maior conveniência foi ter perdido o tesão no momento em que meu namorado gozou na camisinha, que estufou dentro do meu cu e foi amolecendo com a vara, escorregando do meu rabo.

- Que delícia, ein! Gostou?

Nem respondi, só cai pro lado e dormi insatisfeito, sem ter gozado e com aquela sensação de coito interrompido. Tinha que fazer alguma coisa o quanto antes, não ia saber viver de vontades alheias e soluções inadiáveis pro que já era óbvio pra mim: estava doido pelo meu primo, mesmo ele sendo um homofóbico que agrediu meu namorado. A vida era mesmo inacreditável e injusta, né? Pois bem, eu ainda não tinha visto nada.

Durante minha última semana de provas na faculdade antes das férias, estava tão tomado de tarefas que sumi do mundo, oscilando apenas entre o estágio e o campus, porém muito brevemente. Como forma de comemorar o fim do período, eu e Mário marcamos de aparecer num bar com alguns outros amigos em comum da faculdade, isso numa sexta-feira à noite. Quando foi por volta das 22h, ele chegou lá em casa com uma garrafa de vodka que já começou a bebericar pra entrar no clima.

- Para com isso que é você quem vai dirigir hoje!

- E daí, não confia em mim?

Nessa mesma noite, minha mãe também convidou minha tia e meu primo pra jantarem, algo que só fiquei sabendo na hora, quando os vi chegando.

- O que esse cara tá fazendo aqui, Miguel? - bebê chorão resmungou.

- Sei lá! E além do mais, a gente logo sai. Fica tranquilo.

- Vou tentar.

Mas o cara era muito crianção mesmo. Enquanto elas conversavam na cozinha, Esmeraldo enrolava um cigarro de tabaco pra fumar sozinho no quintal, uma das manias que só fui descobrir depois de um tempo. Eu fui pra área do tanque pra dar uma limpada num sapato que ia usar e o Mário não se fez de rogado, veio junto comigo, como se não pudesse me deixar solto perto dele. Mas o idiota já tava meio que no brilho, fazia questão de mostrar que tava de olho no meu primo, que era praticamente inofensivo e sequer nos olhava.

- Tá olhando o que? - falou.

E Esmeraldo com certeza ouviu, mas facilmente não o respondeu.

- É só meu, moleque! Pode virar pra lá!

E me agarrou pela cintura enquanto eu polia o tênis. Devagar, foi alisando minha bunda e a apertando só pra tentar provocar meu primo.

- Você tá com problemas? - perguntei.

- Como assim?

- Tô tentando lavar isso aqui pra gente poder sair e você quer arranjar briga com esse cara? Já não falei pra esquecer dele?

- Tá maluco, Miguel? Já esqueceu do que esse puto fez comigo ou foi pro ladinho dele outra vez?

Aquilo me irritou. Uma criança sempre resumia tudo com lado de um ou lado de outro, porque com certeza era mais conveniente ver as coisas dessa maneira, menos desgastante e sem sentido. Só que isso me transformava num objeto, algo sem opinião, que só pode ser obtido ou usado e não tem vez, fala.

- Por que pra você tudo é ciúme? O que eu ser contra meu primo tem a ver com ser ao seu favor, seu palhaço?

Minha falta de paciência fez até o Esmeraldo se espantar e olhar.

- Olha, pra mim chega, tá Miguel? Primeiro de tudo, abaixa o tom de voz!

O hálito da vodka veio direto no meu rosto, assim como aquela ordem expressa de calar a boca. Quem ele pensava que era?

- Abaixar a voz? - comecei a rir. - Pode meter o pé, Mário. Acabou a noite pra gente.

E virei pra entrar. Foi aí que o bebê chorão agarrou meu braço com força e puxou.

- Olha, eu não aguento mais você, ouviu? Acho bom tu começar a me ouvir, pra eu não me estressar aqui mesmo!

Tentei me soltar num solavanco, mas não consegui. Planejei a segunda puxada, mas o filho da puta levantou uma mão pra mim e recuei completamente, desacreditado que seria agredido pelo meu próprio namorado, dentro da minha própria casa. Mas a mão não desceu, ficou estacionada no ar. Atrás dele, Esmeraldo bloqueou o tapa de acertar meu braço em cheio. No silêncio crucial do calor do momento, ele me fitou os olhos claros e foi sucinto no que disse.

- É só falar, primo.

Meu corpo já estava travado, então permaneceu. Acho que era a primeira frase com mais de três palavras dita pelo Esmeraldo, pelo menos que eu presenciava. Até o Mário demorou mais do que o normal pra entender.

- Se cê der a ordem, eu zuno esse safado daqui agora mesmo!

Em seu rosto, o semblante de quem passou por cima da própria língua pra conseguir dizer tudo aquilo. Só nessa altura do jogo pude perceber que, assim como sua mãe, meu primo não tinha tanto sotaque característico, talvez por ter sido criado pela mesma, que era carioca da gema. Eu levei alguns minutos me recuperando do efeito que sua voz grossa e séria provocou no ar ao nosso redor. Só então o Mário falou.

- Tá maluco, moleque? Eu te meto a porr-

Mas meu primo o apertou ainda mais pelo pulso, transformando a ameaça em gemidos de dor.

- Me solta, me solta, porra! Tá machucando!

Eu me mantinha estático, sem saber o que fazer. Diante de mim, um primo homofóbico que primeiro agrediu meu namorado e agora me defendia de ser agredido pelo mesmo. Do outro, um namorado ciumento, abusivo, desconfiado e brigão. Em quem confiar? O que estava certo e o que não estava? Eu não sabia mais de nada.

- Manda esse troglodita me soltar, Miguel!

Ele tentava sair, mas nada sequer movia meu primo, que continuava o segurando e aguardando minha ordem do que fazer, parecendo uma espécie de sentinela fiel.

- Me solta, seu homofóbico de merda! Me solta que eu vou acabar contigo!

Esmeraldo fez uma cara de curioso ao ouvir aquelas ofensas. O Mário chegava a se debater de tanto esforço em vão. Até que, num impulso, cheguei à conclusão mais racional.

- Mete o pé. - falei.

- Quem? - bebê chorão perguntou.

- Os dois. Quero os dois fora daqui agora.

Sem titubear, Esmeraldo entendeu e fechou os olhos, soltando o pulso do chorão no ar. Sem hesitar, virou de costas, pôs as mãos nos bolsos da calça e caminhou em direção ao portão. Mário insistiu.

- Pronto, amor, já passou. Fica tranquilo, tá? Agora vai se arrumar que a festa já vai começar. - tentou.

- Mandei você ir embora. Vai logo.

- Mas Miguel, eu-

- VAI EMBORA, PORRA! ME DÁ UM TEMPO, MÁRIO! OU ME ESQUECE, FAZ O QUE VOCÊ QUISER! - gritei.

Ele ficou uns minutos me olhando, mas desistiu e, resmungando pra cacete, virou de costas e finalmente saiu. Sozinho ali, desisti do resto da noite e fui pro meu quarto esfriar a cabeça. Não demorei muito e peguei no sono, perdido no momento em que Esmeraldo aprendia a usar a própria boca e me impedia de apanhar. Era muita coisa pra pouco tempo, tinha que digerir tudo calmamente.

Poucos dias após esse incidente, estava sozinho em casa quando meu primo Esmeraldo apareceu. Mesmo tendo a chave e podendo entrar sem pedir, ele usou a campainha pra me fazer ir até o portão recebê-lo.

- O que você quer? - perguntei da porta.

- Vim terminar o conserto.

Essa forma falante do meu primo era realmente impressionante, pois mesmo um pouco puto eu acabei deixando que entrasse. Só agora parecia que me sentia um pouco mais à vontade com ele, sabendo que me entendia perfeitamente e que conseguia se comunicar sem hesitar muito. Talvez a quantidade de problemas que surgiu em pouco tempo o convencera a usar a boca que tinha, evitando outros novos. Lembrava dele se oferecendo pra tirar o Mário lá de casa e me sentia ainda mais intrigado com tudo aquilo. Como um cara homofóbico faz isso?, pensava. Até que, não me aguentando mais de curiosidade, decidi, pela última vez, tentar alguma aproximação baseada na fala. Se existia conversa entre a gente, era agora o momento de esclarecer tudo.

- Esmeraldo? - chamei.

Ele virou na minha direção e deixou os olhos claros me fitarem livremente, daquele jeito de quem espera uma ordem.

- Por que você me defendeu?

Fez cara de dúvida. Fui explicando.

- Quero dizer, se você é preconceituoso e homofóbico mesmo, por que não deixou o Mário me bater?

Manteve o semblante de dúvida ao responder, com aquele levíssimo puxão do sotaque na fala.

- Olha, primo.. Eu posso não ser da moda que nem vocês daqui são, mas preconceituoso nunca fui.

Não acreditei na petulância.

- Ah, não? Então por que deu aquele soco no olho do Mário?

Ele se espantou.

- Eu não soquei ninguém no olho!

Ou ele era maluco, ou eu quem era. Até o hematoma eu vi.

- Claro que socou! Lembra que eu perguntei se você bateu nele e você disse que sim?

- E bati mesmo, oras! Mas foi nas costas e de leve, nem deve ter doído. E foi só por causa do que o cabra falou pra mim.

De repente, todas as últimas coisas que aconteceram recentemente pareciam não ter mais sentido.

- O que você falou? - perguntei de novo.

- Eu falei que bati sim, mas só por causa da resposta que ele me deu.

Sua habilidade de formar lacunas e construir sentenças era tão ordinária que não entendia o porquê de nunca ter falado antes. De qualquer forma, antes tarde do que nunca, não é verdade? E, por falar nisso, estávamos ali na hora de falar tudo que era pra ser falado.

- Que resposta ele te deu? - fui curioso.

E aí veio o entendimento.

- Quando falei que cê não tava em casa, ele disse que o assunto era comigo mesmo. Me chamou de paraíba abusado e falou pra nunca pôr minhas mãos calejadas no que era dele, se não ele me mandava de volta pra minha terra. Por isso dei um tapão mesmo, mas foi nas costas do teu namorado.

E de uma hora pra outra, Esmeraldo já falava até sobre relacionamentos gays alheios. Quem diria, né? Ah, e o mais importante de tudo: outra vez fui feito de otário pelo Mário. O cara era tão ciumento e possessivo que inventou uma história de agressão, veio até com hematoma pra provar que meu primo era preconceituoso e agressivo, quando na verdade o verdadeiro vilão era ele o tempo todo. Só podia ser brincadeira de criança.

- Mais o que esse cretino andou falando?

- Cê quer mesmo saber? - perguntou.

- Mas é claro! Só pra ter a certeza de que vou terminar de vez com ele.

- Bom.. - começou. - Ele disse que eu tava muito enganado se pensava que cheguei agora e já ia te botar pra cavalgar no meu caralho.

Sabe quando você escuta a frase, mas precisa ouvi-la ecoando no cérebro pra crer no verdadeiro sentido? Foi exatamente isso que aconteceu. Meu primo contou tudo com a maior naturalidade. Se bem que ele me perguntou se queria mesmo saber, quem respondeu fui eu. A cara pegou fogo de tão sem graça que fiquei, completamente perdido por não saber o que dizer ou como reagir. Era uma mistura enorme de vontade de rir com vontade de me esconder, mas se o fizesse estaria assinando em baixo no atestado de timidez. Pra não falar que o cara que mais vivia calado era quem me contava tudo isso, com requintes de vocabulário chulo e sexualmente pesado. Só podia ser um sonho.

- E que sua cucetinha era só dele. - prosseguiu.

Era oficial, eu tinha morrido e não sabia. Padecia no paraíso e desfalecia de vergonha por causa disso, totalmente inadvertido, enquanto escutava obscenidades do Esmeraldo e o via me encarando plenamente com aqueles olhos cinzas.

- Olha, primo.. Eu nem sei como me desculpar.

- Se assossega, bicho. Dá nada.

E sorriu.

- Que isso, primo? Eu nem te deixei explicar daquela vez, só cheguei gritando e te expulsei de casa. Não poderia estar mais errado nessa história. A vítima foi só você.

- Já te falei, primo. Dá nada. Sou muito de boa com essas coisas. E a gente é sangue!

Seu jeito carismático e família me deixava ainda mais sem graça, mas não podia seguir fraquejando diante do mulato, tinha que ser firme nas desculpas sinceras.

- Você gosta do que? Cigarro de tabaco orgânico, né? Vou comprar pra você.

- Ah, que isso! Para que assim eu que fico sem graça.

E riu de canto de boca, todo bobo. Um cafuçu daquele tamanhão.

- Por favor, Esmeraldo! Alguma coisa eu tenho que fazer pra tentar me desculpar contigo, então vê se aceita isso, se não vou me sentir péssimo pra sempre. De coração!

Rindo, ele prestou atenção enquanto eu explicava.

- Onde eu compro isso? - perguntei.

- Eu vou contigo, então.

- Pode ser.

De carro, demos uma volta curta pelo bairro atrás de uma tabacaria, que não demoramos até encontrar. Lá, comprei um kit completo de manufatura de cigarros pro Esmeraldo, como forma de agradecimentos e também desculpa por todo o mal entendido que gerou tanto desgaste. Teria material suficiente pra fumar sozinho durante mais de duas semanas, mas pra mim ainda era pouco pra lhe agradecer pelo favorzão que fez em tirar o Mário da minha vida.

- Muito obrigado, primo!

- Não é você quem agradece, Esmeraldo. Pode apostar.

E foi assim que nosso contato verbal teve um outro recomeço, agora depois de tantas questões esclarecidas. Sozinhos em casa, eu e meu primo fomos engatando assunto atrás de assunto pra poder entender um pouco mais da vida um do outro, mas agora numa conversa direta e sem ininterrupções. Já era tarde da noite quando ainda estávamos no quintal, ele enrolando cigarro e fumando e eu falando sobre a vida na cidade. E aí fiz a descoberta crucial.

- Só uma cachaçinha pra embalar, ein primo?

- Você bebe? - perguntei.

- Se eu bebo? Porra, primo, cê tá de brincadeira?

E deu uma gargalhada gostosa e cheia. Lembrei-me imediatamente da vodka que o Mário deixou no dia em que iríamos pro bar com os amigos e fui lá dentro procurá-la. Achei no armário de bebidas e voltei, trazendo dois copos pequenos, desses de dose.

- Não sei se você vai gostar, mas tem álcool também.

- É cachaça?

- Quase.. É vodka!

- Pode mandar, primo!

Mas o Esmeraldo não bebia como a gente daqui tá acostumado, diluindo em refrigerante, suco ou energético. Não, não, meu primo era mesmo bicho do mato. Assim como todas aquelas manias características, ele tomava o bagulho purinho, nu e cru, sem nada. E virava de uma vez só, numa única golada que parecia descer queimando o pomo de Adão.

Brincando de conversar e beber, eu e Esmeraldo detonamos mais da metade da metade de uma garrafa inteira de Kovak sozinhos, apenas nessas poucas horas de conversinha boba sobre estudos e namoradinhas. Eu já tava mais que no brilho, mas o mulato era duro na queda, talvez pelo costume de beber sempre cachaça pura. Ainda assim, seus olhos estavam mais alegres e menos atentos, mas ainda com aquele ar de quem estava ali só por prazer. E conforme a mente foi dando os primeiros giros na bebida, nosso assunto foi morrendo e ficamos mais na troca de olhares.

- Que foi? - perguntei.

- Nada, primo. Só gosto de te ver.

- Como assim?

- É que eu olho pra você e já me lembro da cidade. Seu jeito, seu estilo.. Sei lá, tudo combina.

Suas observações eram interessantes, pra alguém de fora. Virei a última dose que aguentei e danei a rir. E aí ele quem fez a pergunta.

- Que foi?

- Tô lembrando de você falando do Mário.

- Falando o que?

- Ah, aquelas coisas que ele disse..

E riu. Sem hesitar e pronto pra me ver sem graça de novo, repetiu exatamente como disse anteriormente.

- Que eu ia te botar pra cavalgar no meu caralho?

Começamos a rir.

- Sim, exatamente.

Agora não ficava tão sem graça, talvez pelo efeito do álcool, e isso era notável pra ambos. Muito risonho, ele não se fez de rogado.

- Que namorado ciumento você encontrou, ein?

- Ele não é mais meu namorado, Esmeraldo. Pode apostar nisso.

O silêncio se instalou entre nós depois disso e ficamos naquela de quem levantaria primeiro pra se retirar. Mas aí meu primo continuou falando.

- Esses cabras da cidade.. Não tem jeito, né?

- Pois é.

- É tudo igual, primo?

- Mais ou menos, mas a coisa é bem maluca assim mesmo. Esse tipinho é mais normal do que parece.

E aí o foco foi mudando.

- E vocês tiram de letra?

Por vocês, ele com certeza queria perguntar viado, mas não o fez. Entre outras palavras, era minha primeira conversa sobre sexualidade com Esmeraldo, mas queria mais. Queria vê-lo cruzando fronteiras verbais e léxicas.

- Tem que ser, né? Se não já viu no que dá.

- Lá no nordeste eles não são tão assim não.

- Eles quem? - deixei ele cercado.

Mas o moleque era destemido, mostrou que tinha fluência em português e que era mais que ortográfico. Era oral.

- Os viados!

Rimos juntos.

- Não são assim como?

- Ah, assim que nem você.

De alguma forma, eu sentia que o safado tava tentando chegar a algum lugar.

- Que nem eu, com um namorado merda, você quis dizer, né?

E ri. Ele riu e não deixou passar.

- Nada disso, primo! Quero dizer safado, mas sem ser safado, sabe? Seu namorado já ficou todo cheio de ciúmes pensando que eu queria te comer. Muito desconfiado, esse cabra.

- O Márcio é louco, Esmeraldo. De verdade, não pode ficar dando trela. Ele achava que todo mundo queria me comer.

- Eu percebi.

E outra vez caímos no silêncio inevitável. Parecíamos andar em círculos sem chegar em qualquer ponto.

- Então quer dizer que no nordeste não tem viado safado? - retomei.

- Ter tem, eu conheço vários lá.

E aí foi minha vez de fazer perguntas.

- Ah, conhece é? E nenhum deles é que nem eu?

- Não! HAHAHA

A conversa finalmente tava ficando boa.

- Nenhum deles tem um namorado ciumento que não quer deixar ninguém comer a cucetinha?

O mulato riu com vontade, revelando o quão alterado pelo álcool estava.

- Nenhum, primo!

Sem medo de recuar, mandei na lata.

- E você nunca não comeu nenhum deles?

Ele não se abalou e continuou rindo enquanto respondia.

- Nunquinha. Nenhum deles nunca deu mole pra mim.

E ainda fez carinha de moleque tristonho, que não tinha a devida atenção. Só podia ser mentira. Duas, inclusive. Primeiro que o Esmeraldo tava basicamente me dizendo que ainda não comeu por falta de oportunidade e segundo que, com aquele par de olhos claros, corpo mulato, desenvolvido e jeitão calado, não era possível que nunca ninguém deu mole pra ele. Só podia estar me enganando. Ou talvez fosse a mistura do quem não é visto não é lembrado com o quem tem boca vai a Roma.

- Caô?

- É sério!

- Ah, não acredito nisso!

Mas ele só ria, cada vez mais entretido no assunto e repousando a mão várias vezes sobre o volume na bermuda. E devagarzinho foi levantando, cambaleando meio tonto, mas sem cair. Pela primeira vez, vi em seu short o resultado de tanta conversa sexual, mas nada muito sério. Alguma mala existia ali por conta da nossa temática ao longo da noite. Aproveitei a deixa e levantei também, caminhando lentamente ao seu lado e me escorando no braço dele pra não cair.

- Que dia maneiro, né primo? - falou.

- Sim. Esse talvez tenha sido o melhor dia.

- E olha que nem terminou.

- Sim.

Fomos devagar pelo corredor, um ajudando o outro, até que percebi que já estava quase preso ao seu braço, de tão junto. No breu formado pela sombra da casa vizinha, ele encostou na parede e me trouxe junto consigo, como se parasse pra apoiar o corpo e me levasse. Ficamos ali daquele jeito, colados lado a lado e rindo um pro outro como se fossemos cair a qualquer momento de bêbados. Até que o silêncio se instaurou outra vez e paramos de rir. Devagar, ele chegou a cabeça pra perto de mim como se fosse deitá-la em meu ombro, mas se manteve olhando com os olhos esverdeados pros meus, esperando algum movimento. Nervoso, eu não conseguia parar de olhar. O coração começou a bater forte e, hesitante, pus uma mão sobre seu peitoral meio peludo. Ele olhou pra essa mão e depois olhou de volta pra mim, esperando o próximo passo com cautela e certo de que permitiria aquele contato. Devagar, fui descendo por seu corpo e, na barriga, ele recuou automaticamente de nervoso, mas não completamente. Continuei o movimento até roçar nos pelos sob o umbigo, sentindo o elástico do short do meu primo a apenas dois dedos de soltar e eu deixá-lo completamente nu diante de mim. Olhei em seus olhos curiosos e ri.

- Lá no nordeste eles não fazem isso.. - falou.

- Não?

- Não.

E me puxou com vontade pra cima de si, posicionando-me bem imediato em relação ao seu corpo.

Sua inexperiência era clara, mas isso não significa que não sabia o que fazer, pelo contrário. Foi me virando devagar até eu ficar de costas pra si. Devagar, senti o pau sarrando duro e estacionando contra minha bunda, bem entre as nádegas, e fui deixando que me conduzisse. Estava super afim de deixar um inexperiente fazer o que quisesse comigo, ou talvez estava mesmo disposto a permitir que meu primo brincasse à vontade, totalmente entregue ao desejo que possuía por ele desde quando o vi na rodoviária. A prova de que o gostoso não dominara a prática sexual foi a maneira como nossa primeira vez aconteceu, além de onde, quando e como. Ali no corredorzinho, entre uma casa e outra, tomados pelo escurinho da noite, o Esmeraldo foi certeiro e lento, mas não menos intenso. Ele não sabia que precisava lubrificar, não conhecia as preliminares e também nem sabia que tinha que usar camisinha, mas eu queria porque queria ser dominado ao seu jeito, por mais que fosse doer ou ser bruto. E nessa hora, o álcool acabou sendo o maior aliado, porque ajudou a relaxar legal e a aguentar a pressão com maestria. De pé mesmo, ele deixou o elástico da minha bermuda cair e abaixou só um pouco a própria. A próxima coisa que senti foi a cabeça de um caralhão grosso e bojudo cutucando a porta do meu cu, como se esperasse que alguém abrisse e dissesse pode entrar, é de casa. Mas isso não aconteceu, então ele teve que forçar e aí começou o incômodo.

- Mmmm-

Eu mordia minha boca pra não aumentar a voz e isso afetá-lo de qualquer maneira, tentando lidar com o desconforto anal. Mais nervoso que eu pelas várias tentativas falhas, o moleque começou a suar e ficou ainda mais afobado, dominando minhas pregas na marra pela euforia do momento, não querendo mais errar. Pra isso, segurava meus cotovelos por trás, numa tentativa animalesca de me possuir imediatamente. Todo curvado de lado pra não sentir tanto a passagem do cacetão grosso de molecote nordestino, eu arrebitei o rabo e só respirei fundo, abrindo ao máximo que pude. Na única estocada, senti a enorme e avassaladora quantidade de pica que transferiu-se por completa pra dentro do meu rabo. Depois que isso aconteceu, não durou muito. O Esmeraldo realmente não devia estar acostumado com sexo ou sequer transava, porque o tesão foi excedente. Ele tirou o cacete e deu outra estocada profunda, ainda no seco, arrepiando minha coluna de baixo à cima e arrebentando ainda mais meu ânus.

- SsSsssSSs!

Com o rosto afogado no meu pescoço, ele mordia e lambia minha pele feito um animal completamente entregue pela primeira vez aos prazeres da carne masculina e o que ela tinha de melhor a oferecê-lo. Em três estocadas de pé, minhas pernas já estavam bambeando pelo esforço repentino das pregas e pressão que o quadril do jumento pirocudo fazia em mim sem hesitação. Olhei pra baixo e vi seus pés enfiados no chão que nem quando tomava sol, completamente firme como se fosse uma árvore em crescimento. E era mesmo, inclusive o tronco de pau no meu cu seguia à quinta estocada intensa.

- FfffffF! Hmmm!

Sem querer, o safado pareceu ter encontrado um ritmo e mandou ver em cima do meu lombo, todo arqueado com o peso do corpo e da piroca sendo sustentados por mim, mas eu tinha que aguentar seu tranco animalesco. Suas mãos começaram a me apertar como se minha carne fosse escorrer a qualquer momento do resto do esqueleto, explorando meu corpo e deixando marcas de tanto puxá-lo de cada um dos lados. Eram os seios, as coxas, a lapa de bunda e até o rosto sendo o tempo todo puxado, amassado, socado. Eram mãos de quem gostava de apertar a terra e senti-la correr seca por entre os dedos, dominada, sua, então com seus homens não seria diferente. Ele queria fazer tudo que tinha direito e eu deixaria com todas as certezas e forças, porque o mulato gostoso com certeza merecia. Mas, pra primeira vez, a pressão foi muita. Em menos de 2 minutos socando o cacetão animal cuceta a dentro, a meteção foi de seca pra molhada. As jatadas de porra vieram tão inesperadas pra mim quanto pro Esmeraldo, se bobear. O cu começou a latejar de verdade com o orgasmo e meu corpo ficou todo quente.

- Hmmmmm! Que delícia!

Colado no meu ouvido, o bicho do mato grunhiu baixinho e mordeu forte meu lóbulo enquanto despejava aquela onda de leite quente lá dentro. Conforme foi relaxando, foi meio que voltando a si e reparando no que acabara de fazer. E, da mesma maneira que tudo aquilo começou, terminou: repentinamente. Esmeraldo só suspendeu o elástico da bermuda e guardou o pau ainda meia bomba pra dentro, meio tonto da vodka.

- Eu tenho que ir, primo.

Sem voltar a me olhar, virou-se e saiu sem qualquer cerimônia. De repente se sentia envergonha pelo que fez e eu tinha que respeitar seu tempo, pra não falar que também teria que tomar um banho e me recuperar da foda a seco pela qual passei. Tive que tocar uma enquanto o fazia, só pra sentir o saco leve e depois dormir, ainda com o leite morno e espesso do meu primo dentro de mim. Lavando meu rabo, senti a ardência do contato com o sabão e lembrei-me do quão selvagem era seu toque de bicho do mato. De tão cansado, nem percebi o sono chegando e me acolhendo na cama, e olha que fiquei um bom tempo ainda deitado e pensando em como tudo aconteceu. Dormi feito anjo, acordei melhor ainda.

Depois desse dia, minha relação com meu primo Esmeraldo mudou completamente, só que pra melhor. Embora ele tenha saído rápido após nossa primeira transa, seu olhar claro em minha direção ganhou uma nova forma de interpretação, algo que percebi enquanto voltava a observá-lo em seu trabalho pesado debaixo de sol. Por outro lado, fiquei alguns dias sem conseguir sentar direito, todo assado pela foda bruta e tão ressecada quanto o solo do agreste, nossa primeira até então. Mas mais do que preparado e afim de repetir tudo de novo, caso necessário.

- Bom dia, primo!

O moleque veio na porta da cozinha todo sorridente me ver e cumprimentar. No rosto, era nítida a expressão de quem havia aproveitado e curtido a experiência do dia anterior, mesmo com a pouca desenvoltura do momento enquanto rolava a coisa toda. Estava visivelmente relaxado, rindo à toa, todo leve, nem sinal de ressaca.

- Bom dia, Esmeraldo! Dormiu bem?

Nos olhos, o reflexo do sol evidenciando ainda mais a cor clara. O sorriso aberto e o peitoral já exposto. Os mesmos pelos que toquei na noite anterior e fui alisando até chegar na virilha. Fiz o trajeto com os olhos sem me importar dele perceber, e aí o mulato sorriu ainda mais.

- Tá feliz, é? - perguntei.

- Ô, se tô.

Em seu tom animado, eu vi a vontade de repetir o que fizemos, mas também consegui perceber a falta de inexperiência até pra sugerir outra vez o tema, nem que fosse pra conversar. Isso me deixava ainda mais excitado, só por ver o homem másculo que me comera tentando me cercar novamente, com o tesão avivado outra vez, as ferramentas nas mãos, mas sem a malícia suficiente pra usá-las e tocar no assunto.

- Tô vendo..

Diante de seu corpo, passei a mão pelos ombros largos e alisei a barba, como quem o preparava pro calor do lado de fora da casa. Mas isso nem era necessário, pois Esmeraldo era o verdadeiro filho do sol, tão acostumado com aquilo. Enquanto o fazia, o moleque foi abrindo um sorriso meio bobo pra mim e esperou que fizesse algo a mais, mas não o fiz.

- Vamos trabalhar?

- Claro!

De férias, desfiz a mesa do café e comecei a dar uma faxina na casa, tudo enquanto ele trabalhava pesado no quintal. Sempre que podíamos, trocávamos um olhar o outro e isso nunca permitia que a excitação latente morresse, tão ensolarada quanto o clima caloroso que nos cercava.

- Que foi?

- Nada. - respondeu sorrindo.

Mas não conseguia parar de me encarar com o par de olhos cinzas, revezando entre manjar meu corpo e as poses que fui fazendo após perceber que isso tava rolando. Numa das vezes em que precisei buscar alguma coisa no quintal, passei por ele e o gostoso tava suado daquele jeito que eu adorava admirar, limpando o suor da testa com o braço e virando as axilas peludas na minha direção. Não hesitante e querendo mostrar pro meu primo o quanto podia satisfazê-lo sexualmente, vesti um aventalzinho curto e vim esfregando o chão da cozinha bem abaixado, com o rabo pro alto e de costas pra direção do quintal. Pra completar, ainda olhei pra trás e o vi, mirando certinho no meu lombo. Fincou a enxada no chão, segurou o volume da bermuda por cima e cessou o serviço. Visivelmente excitado, não parou mais de mexer no próprio cacete, inquieto pela visão que tinha deu de quatro no chão. Veio andando devagarzinho, como quem não queria nada, todo suado.

- Gostou?

A resposta não foi verbal, que nem fazia antes. Ele parecia não saber se me levantava ou agachava, então simplesmente decidiu colocar o pau pra fora e me mostrar o quão excitado estava. Foi a primeira vez que o vi completamente nu na minha frente, estando sóbrio e consciente. A cabeça do cacete era soltinha do resto do corpo, um pouco maior, mas nem tanto. O corpo acompanhava e sustentava um sacão peludo e bem dividido logo abaixo. O mulato era bem dotado, com a vara cumprida e grossa, do tipo bojudona e que entrava fazendo estrago, por isso eu tava todo assado. E de tanto observá-la, ela começou a dar uns espasmos por causa do tesão latente, mostrando que sabia que tava sendo vista. Era o começo do desenvolvimento do lado safado do Esmeraldo.

- Gostou mesmo, ein?

Ele riu, ainda sem saber o que fazer comigo. Pra ajudá-lo a decidir, fui virando de frente e usei os dedos pra tentar agarrar a vara por inteira, mas não consegui. Nem com as duas eu a completava, ainda faltaria pelo menos meio palmo pra cima. De grossura, ficava na ponta do dedão com o médio, fazendo uma espécie de anel em torno do talo, que ele aproveitou pra romper com a largura, tentando foder minha mão.

- Que primo mais safado, esse! Ó?

Mas ele não se aguentava, já estava louco de tesão e poderia comer minha mão sem o menor problema.

- Calma, tem algo melhor..

Num só impulso, meti o caralho pra dentro da boca e suguei da cabeça até mais ou menos à metade, com vontade de quem quer muito chupar um piru.

- SSSSS!

Ele esticou tanto o corpo que aquela com certeza era a primeira vez que recebia um boquete, sem a menor sombra de dúvidas. De pé na porta da cozinha e todo ereto, o Esmeraldo tentou afastar a vara da minha garganta, mas agarrei seu quadril no meu rosto e forcei ainda mais a entrada, deixando-o completamente alucinado. Com as paredes da boca sendo arregaçadas naquele talo de piroca preta e veiuda, olhei pra cima e o observei até que abaixasse a cabeça e me olhasse. Foi só ser fitado pelas íris cristalinas e coloridas que o prazer de fornecer-lhe prazer ultrapassou de nível. De joelhos entre as coxas firmes e os pés fincados no chão que nem planta, senti as mãos dele finalmente entendendo e aceitando o prazer oral que lhe fornecia, uma vez que rodearam meu crânio e me forçaram ainda mais contra o pauzão insistente e cheiroso no céu da boca. Foi aí que, decidido a permitir que me usasse como quisesse, abdiquei do bom senso e relaxei a garganta ao máximo, lhe dando passagem pra ir até o talo.

- HMMMM!

O cara foi na base, lá na minha traquéia quase. O saco parou e ficou namorando meu lábio inferior, além do nariz afundar no meio de seus pentelhos suados e o cheiro de macho inebriar minha mente, dominar meu corpo. Olhava pra baixo e me deparava com os pés deliciosos e quentes do filho do agreste, parido pelo chão rachado, às vezes na pontinha do dedo de tão empenhado em começar a descobrir o lado preliminar da transa. Olhava pra cima e me deparava com as bilhas esverdeadas me fitando, num apaixonável semblante de quem pede mais, ou que sente pena, quase franzindo as sobrancelhas. Ou quem sabe os dois juntos, já que o incômodo da minha garganta era seu prazer imediato naquele momento.

- Porra, Miguel!

Esmeraldo me chamou pelo nome por causa do tesão enorme que estava sentindo ao foder minha cara, minha boca. Estava tão perdido ou achado que suava feito doido, mesmo considerando que acabara de sair do sol, e deixava que o líquido quente escorresse de seu corpo diretamente sobre mim, em cima do meu rosto. Não obstante com o ritmo da mamada, ele teve a ousadia de segurar minhas orelhas e usá-las como duas alças ou ganchos, nos quais apoiou-se pra empurrar e puxar meu crânio pra si, ao mesmo tempo que não parava de investir o quadril e eu era completamente entubado por sua vara morena e corpulenta. E ainda me encarava e gemia firme quando não tava olhando pra cima, virando os olhinhos esverdeados. Até que, sem avisar e tão rápido quanto antes, começou a tremer de nervoso e explodiu em gozo.

- Hmmmm! Que isso, primo! SssSS

Sua porra era abundante, mais quente que o normal e bem espessa, grossa, além de docinha. Eu fui engolindo tudo e aproveitei pra ir limpando, voltando a mamar e sugando toda parte onde tivesse resto de leite. Vendo meu empenho, ele não conseguiu ficar de pau mole e ficou pulsando pra eu ver, com o risinho nítido no canto da boca, esperando uma atenção maior.

- Eu ainda tô assado! - falei.

- Eu vou com carinho, prometo.

Esmeraldo estava me pedindo sexo anal, eu não havia como negar. Tentei levá-lo pela mão até meu quarto, mas ele não podia sequer esperar, só me puxou por trás e veio beijando o pescoço pra seduzir.

- Calma, vamos lá pra cima!

O caralho tava engatado entre minhas pernas e o bicho já mexia o quadril no modo automático do tesão, entrando e saindo do espaço formado abaixo do meu saco, mas ainda não penetrando, mesmo que não houvesse nenhum buraco ali. Pra completar, prendia meu corpo com os brações suados, deixando-me completamente dominado e preso a si, sem muita escolha. Se ele quisesse me comer ali, era só começar, mas nada da cabeça do caralho acertar no buraco, porque eu mesmo não parava de rebolar pra sarrá-lo e deixá-lo ainda mais aflito de prazer, nervoso. Nesse foguinho delicioso de roçada e bola na trave, chegamos à minha cama e consegui pegar lubrificante, quando o anel de pregas já era insistentemente cutucado. Ele todo dobrado sobre meu corpo, mordendo minha nuca e cheirando forte meu cangote, me fazendo encolher de nervoso e de tão aberto que estava pra si.

- Isso aqui vai ajudar, ó..

Destampei o tubo e mirei em sua mão pra passar. Todo piranho, ele se comportava de forma a já manifestar os primeiros resultados do contato sexual recente. Em vez de pegar o creme e esfregar na vara, o puto do Esmeraldo chegou o quadril pra frente e a balançou diante de mim, como quem oferecia pra que eu fizesse o maravilhoso serviço.

- Faz pra mim, primo?

Como dizer não?

- Hmmm..

Alisei tanto a uretra que ele tornou a mexer o quadril, como se fosse mesmo um animal pronto pra foder, só bastava o buraco. E não me deixou nem pegar camisinha, ia ser na pele que nem da outra vez.

- Sssss! Calma!

A passagem da cabeça era sempre grossa, estúpida, mas o atrito por si só também causava um fogo delicioso nas paredes internas. Aos poucos, o cu foi sendo tomado, ocupado e habitado pelo caralho grosso e insistente do meu primo, que se mostrava um dominador e possuidor nato até pra isso. Fez aquilo me abraçando completamente pelo tórax, em total contato com meu corpo e suor, que também tinha seu cheiro. Eu senti as assaduras reabrindo, mas ia sentar no Esmeraldo sem pensar duas vezes.

- Devagar! - só restava pedir.

Ele foi se controlando ao máximo pra não me causar dor, mesmo sendo difícil. Felizmente, tudo logo se transformou em prazer intenso e, a partir daí, ele simplesmente não conseguiu mais se controlar. Eram uma, duas, três estocadas e parava. Na quarta, a cama rangeu de tão firme que se prendeu nos ferros e nas alças do meu corpo. Depois disso, tomou mais grossura ainda em cada um dos solavancos que deu com o quadril todo impresso em meu ventre, bem bicho em sua pegada.

- FffffF! Caralho!

Ouvi-lo xingar e gemer por causa disso era surreal, tanto quanto vê-lo falando normalmente. Seus movimentos em prol do prazer não mediam esforços, nem mesmo em relação a mim. Tanto é que, na hora de gozar, ele esticou o corpo bruscamente, estando todo em cima do meu enquanto comia por trás. Largou de vez o peso do quadril e fincou tudo lá no fundo do cu, onde expeliu alguns fartos jatos de porra quente.

- Hmmm! Caralho, primo! Isso é muito bom!

E ficou lá dentro, sem sair. Tão corpulento que nem brechas pro leite escorrer havia. Suado, virou um pouco pra mim e ficou me olhando enquanto conversávamos, ainda conectado ao meu cu.

- Gostou?

- Claro! Podia ficar fazendo o dia inteiro!

Disse isso e voltou a escorregar pra dentro outra vez, me mostrando que falava sério. Mas estava completamente assado, não tinha como continuar.

- Você é muito foguento, Esmeraldo! Tem que esperar um pouco!

Começamos a rir e ele não botou fé, pelo contrário. Montou em cima de mim e foi imobilizando minhas mãos, tornando a enfiar a vara como se não tivesse gozado duas vezes seguidas. Que mulato mais faminto! Outra vez, em questão de minutos, fui tomado por uma onda menos intensa de calor e porra no cu, em via direta. Até com o Mário usava camisinha, mas meu primo quis estrear sem e eu deixei. Passamos o restante do dia juntos, conversando, bebendo, transando e descobrindo mais sintonias em comum.

A rotina sexual ao lado de Esmeraldo era uma coisa de louco. Ele era totalmente mal acostumado com sexo, eu praticamente o treinei e o ensinei pra ser, no mínimo, um fodedor básico. Seu maior problema no começo era que não se aguentava de tesão e gozava com poucas botadas, perdido de prazer anal em comer um cu apertado como se fosse um bicho no cio. Por falar nisso, eu fiquei com suas marcas por tanto tempo que não sei como minha mãe não estranhou. Ele gostava de foder apertando e puxando a carne do corpo, eu permitia isso com prazer. Também havia a marca anal, já que a impressão de sua vara era todo moldada no meu cu, que já era do formato dela, de tão assídua. Pra completar, até o lado pessoal dele foi mudando, ficando cada vez mais falante com todos ao redor, não somente comigo. E os hábitos do corpo também, visto que comecei a lhe mostrar algumas coisas que poderia fazer.

- Você já aparou os pentelhos?

- Só algumas vezes. Por que, cê quer me raspar?

Peguei a tesoura e o ajudei. Mas no meio do percurso, o caralho subiu, de tão descontrolado e tarado era Esmeraldo.

- Agora vai ter que mamar, primo! Eu tava quieto!

Sua malícia estava mais aflorada que nunca. Então eu mamava, nem perdia muito tempo, sempre focando em seus olhos cor de mel. Eles me observavam esperando por prazer, que era o que eu providenciava pra continuar sendo observado por eles, me manter como objeto de seu teso. E nessa brincadeira, quem aliviava quem? Quem dava tesão a quem? Quem era dominador e quem era o dominado? Não tinha como dizer.

- Gosta da mamada, é?

- Ah, uma mamada é uma mamada, né?

Em menos de um mês transando, Esmeraldo já conseguia me botar pra pagar boquete sem chegar ao orgasmo em menos de cinco minutos. Também conseguia mudar de posições, brincar de bater com o caralho na minha cara e até puxar meu cabelo pra impedir que fosse direto de boca nele, se fazendo de difícil e me obrigando a pedir.

- Pede que eu gosto, primo. Vai!

- Deixa eu te mamar, Esmeraldo? Por favor!

Me soltava e eu mandava ver. Relaxado, ele abria as pernas e botava as mãos na cabeça pra me observar enquanto eu sugava firme, virando os olhos vez ou outra. Aos poucos, conseguiu dividir um pouco sua tara em cuzinho com a boa apreciação do bola gato, não sendo tão nervoso e abofado pra cruzar. Exceto quando bebia, aí não tinha jeito, voltava a transar que nem bicho e gozava em poucos trancos, segurando-me pelos braços do jeito que gostava de se sentir no controle. Ao menos podíamos foder várias vezes seguidas, porque sua libido era interminável, o cara tava sempre disposto. As melhores fodas tendiam a ser as que dávamos debaixo do chuveiro, acompanhados pelo deslizar do creme condicionador que ele passava no meu cuzinho e também da água quente que lavava nossos corpos e lavava nossos fluídos. No fim de tudo, saíamos com o mesmo cheiro do sabonete de cereja pelo corpo, prontos pra dormir juntinhos no meu quarto.

- Teu primo tem dormido aqui?

- Sim.

Minha mãe não perguntava o óbvio, mas com certeza sabia que a gente tava se pegando, ainda mais depois do Mário sumir de vez. Não falava nada, no entanto, e isso era bom pra todos nós.

Uma das vezes em que o Esmeraldo ficou alucinado de tesão foi quando fomos à praia pela primeira vez juntos. Ele disse que já tinha ido quando era pequeno, mas que não lembrava e por isso decidi levá-lo. Ao ver as mulheres com as bundas expostas, ele não conseguiu se segurar.

- Caralho, primo!

- É, eu sei..

Um mar de raba todo virado em sua direção, o moleque parecia estar no paraíso. A sorte foi que separei uma bermuda de tecido grosso pra ele usar, se não a piroca causaria constrangimentos em público. Ainda assim, podia ver com certeza sua ereção marcada. Até brincava de roçar nela sem querer quando ninguém olhava, isso o deixava ainda mais maluco.

- Não tem nenhum lugarzinho pra gente foder por aqui?

- Aqui é uma praia, garoto!

- E daí? Olha quanta água!

Foi nesse papinho que a gente entrou no mar e foi se afastando pra longe, numa área um pouco mais reservada de onde a maior concentração de gente se encontrava, mais pelo finalzinho da tarde e comecinho da noite. Ainda com os pés tocando o fundo, meu primo ditou as regras dessa vez.

- Pisa em mim.

Fiquei sobre seus pés e isso deu maior facilidade em me agarrar com ele, lutando contra a força da água. O puto me pegou pela cintura e foi me virando de costas, só precisou puxar o elástico da minha sunga de praia pro lado e, parado com a vara na porta do cuzinho, me penetrou em pleno alto mar, lidando como se fosse experiente. Como sempre, fez questão de apertar forte minhas coxas e carnes enquanto tacava fogo em minhas entranhas. A salinidade marinha parecia me queimar ainda mais o anel, mas o tesão de ser apertado por ele e possuído naquele ambiente era enorme. O tipo de coisa que talvez não fizesse com outra pessoa. Saímos da água exaustos e fomos direto pra casa de tão excitados, mesmo após a foda. Nem preciso dizer que transamos outra vez quando chegamos, né? Dia de praia é sempre muito tesudo.

Prestes a completar o sexto mês de sua estadia no Rio com minha tia, o primo Esmeraldo foi notificado pelo pai que as condições normais de distribuição de água já haviam sido restauradas em sua região. Esse fato mexeu muito com todos nós, porque já estávamos praticamente num relacionamento sério e um só transava com o outro, além da maravilhosa troca de energia entre nós. Em um semestre, meu primo tornou-se meu homem e também melhor amigo, indo de um simples cara calado até meu ombro de apoio e mão de ajuda quando qualquer coisa acontecia. Até durante as provas o moleque aparecia com alguma ideia nova pra me ver animado.

- Quer uma massagem, primo? Cê parece tenso..

- Poxa, quero sim!

E sentia as mãos do mulato me afagarem até esquecer de estudar e cair no sono pela sua graça. Quando não, era eu quem me oferecia pra massagear seus pés, mas aí na maioria das vezes terminava em putaria intensa, como sempre, com muito contato íntimo e troca de fluídos. Por causa dessas coisas que, quando descobrimos que ele precisaria retornar, eu mesmo fiquei sem reação. Mas o Esmeraldo foi firme sobre o que iria fazer. Agora falante, um mulato cearense tinha total condições de dizer o que queria fazer.

- Eu vou sim, mas vou voltar, primo. Aquele lá não é mais o meu lugar.

- Tem certeza? Onde é o seu lugar?

Eu sabia bem que, por mais que sua vontade era de ficar e continuar ao meu lado, ele tinha que ir e isso com certeza ia modificá-lo. Sabia de tudo isso, mas não podia falar nada, muito menos impedi-lo de fazer o que era correto, talvez por isso doesse um pouco. Passamos por bastante coisa juntos, mas ele era mais novo e tinha ainda mais a viver, a aproveitar, principalmente após redescobrir a própria fala.

- Tenho. Cê pode esperar, meu lugar é aqui!

Antes da partida, não saímos da cama. 24h direto apenas dividindo o mesmo espaço e o mesmo corpo. Deixei ele e minha tia na rodoviária da mesma maneira que os busquei no semestre passado, porém agora segurando muito o choro pra não acabar abrindo o berreiro. Ele meteu a mão na mala dela e me olhou, que nem fez seis meses atrás, como se tentasse me animar de alguma forma, olhando e sorrindo.

- Pode me esperar, primo.

Não sabia o que dizer e fui salvo pelo discurso da minha tia.

- Quem diria, né Miguel? Chegou aqui sem falar nada, agora tá prometendo que volta. O que você fez com aquele menino calado?

Eu ri e isso ajudou a descontrair minimamente a tensão. Queria mesmo beijá-lo, abraçá-lo, mas me contive. No entanto, não aceitaria me despedir sem um contato físico marcante. Já teria que conviver com o fato de ter ensinado um monte de coisa ao meu primo, tê-lo transformado num verdadeiro homem na cama e agora não o teria mais por perto. Ele praticaria tudo que lhe ensinei, só que longe de mim e com outras pessoas, outras carnes que, ao longo do tempo, também carregariam suas marcas quentes e intensas impressas no corpo.

- Tchau, meu filho. Se cuida, viu? Até breve e cuida da mamãe.

- Pode deixar, tia. Vocês também.

Ela virou e foi andando devagar. Meu primo continuou me olhando com os olhos verdes e aparentemente perdidos no espaço que havia entre nós, que fisicamente era de poucos passos, mas metaforicamente agora não teria como ser maior. E cada vez mais crescente, fora da mesma sintonia.

- Tchau, Esmeraldo. - falei embargado.

E o mulato preferiu fazer à moda antiga, não verbalmente, em silêncio. Fechou os olhos, andou pra trás ainda sem me ver e finalmente virou de costas, saindo de mansinho. Eu sabia que estava tão triste quanto eu, mas não falaria, porque precisava me passar a boa impressão. Pensando que seria melhor ir logo embora, saí dali e tive que ir ao banheiro antes. Me olhando no espelho e estando sozinho, fitei meus olhos e essa foi a primeira pessoa que olhei e não constatei mais a cor verde dominante por perto. Meu reflexo no espelho, não podia ser melhor. Comecei a liberar toda a emoção e chorei feito criança, soluçando mesmo, lembrando de tudo que vivi nos últimos seis meses e que agora descia por água abaixo junto às minhas lagrimas. Abri a torneira, lavei o rosto e me preparei pra secá-lo, porque não pretendia passar horas chorando ali. Aí a porta abriu e ele veio rápido. As mãos puxaram meu pescoço e a boca caiu em cheio na minha, com os lábios carnudos pressionando os meus. A língua saboreava o momento cuidadosamente, com o cuidado de perpetuá-lo da maneira correta nas minhas lembranças, lá no fundo da memória. Abri os olhos ao mesmo tempo que ele e as bilhas verdes contemplaram meu olhar pela última vez.

- Se cuida, Miguel. Só até eu voltar pra cuidar de você.

O sorriso de canto de boca brotou firme e forte, hesitante pra não fraquejar. Eu fui colocado bem por ele, então tentei sorrir feliz em volta, mostrando que se meu parceiro conseguia segurar aquela bola, eu, que era tão seu semelhante na cama, faria o mesmo.

- Você também, Esmeraldo. E não demora.

Ele saiu do banheiro da rodoviária e finalmente embarcou de volta pro nordeste. Não demorei muito e também saí dali, indo diretamente pra casa, dirigindo desolado no carro. Não quis fazer nada e nem ver ninguém por um bom tempo, só digerindo as fases da vida e tirando aquelas conclusões que se tira depois que tudo acontece e finalmente podemos analisar a situação por cima. O gosto do beijo na boca permaneceu todo esse tempo, até começar a se perder na infinidade de outros gostos que senti depois.

A falta do Esmeraldo no meu dia a dia foi tão grande que me tornei até mais idiota por isso, de tão carente e dependente de carinho que fiquei. Tão inexperiente, ele ainda não sabia que não voltaria. Com certeza ia adquirir novas experiências agora que tinha aberto a boca e se tornado outra pessoa. Mas pra ser sincero, nem eu mesmo sabia que ele não voltaria, porque realmente cheguei a esperá-lo por algum tempo, agarrando-me apenas às últimas lembranças antes de sua partida. Não estava exatamente triste, mas a vontade de ter alguém do meu lado era tão insuportável que, foi só voltar o período de falta de tempo pras coisas, que apelei pra última oportunidade que teria pra não ficar sozinho. Estava só em casa quando a campainha tocou e eu o vi lá em baixo. O sorriso cínico de sempre, aquele ar de cuzão que ainda me pagaria pelo que fez.

- Não te falei que você ia mudar de ideia, meu amorzinho? Abre aqui pra mim, abre?

A vida dava voltas realmente absurdas. Mas se eu não podia estar ao lado do meu primo Esmeraldo, todo o resto era igual, porque pra mim só ele seria diferente. Se ia esperar por seu retorno, ao menos seria acompanhado. Isso pra poder viver acreditando que realmente voltaria. Aos poucos, novamente a rotina de vida voltou ao normal. E os tempos abafados, secos e silenciosos que passei ao lado do meu primo se transformaram em simples memórias sobre dias quentes e ensolarados, nos quais conversávamos, ríamos e transávamos como homens, eu ensinando uma coisa ou outra que sabia a mais. Depois ele se aquecia no sol embrazante, enrolava seu próprio fumo e soprava a fumaça esvoaçante. Inexperiente, o primo Esmeraldo talvez fosse o único que não havia sentado pra conversar com nossos avôs e avós. Ele não sabia, mas ajudou a perpetuar tradições nordestinas sobre parteiras, caboclos e o nascimento de homens fora do comum.

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Foto de capa: />

Título alternativo: Filho do Sol (Sobre parteiras, caboclos e o nascimento de homens fora do comum)

Ontem, 20 de outubro, completou UM ano que André Martins nasceu. Há um ano, eu postava CAFUÇARIA - Balaio, meu primeiro conto erótico escrito na vida e postado aqui na CDC. Parece que foi ontem que começamos a conhecer personagens incomuns, experimentar sabores e cheiros diferentes e a explorar diversos fetiches e situações sexuais. E tão excelente quanto poder ser um daqueles que vos escreve tudo isso, é saber que vocês apreciam o resultado do que minha mente louca produz. Sendo assim, parabéns pra nós! Primeiro ano de vida, mas com a experiência de 77 contos no currículo!

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Comentários

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28/02/2020 01:05:22
Mais um lindo conto, gostei por que desta vez você usou tema nordeste. Eu sou de Recife. E muitos termos que você usou eu tbem uso aqui na minha cidade. A história do Miguel e do Esmeraldo e no mínimo intrigante. D certa forma eles tinha uma conexão muito forte mesmo antes de ter rolado o sexo. Eles se entendiam com o olhar, isso e raro você conversar e entender com uma pessoal apenas pelo olhar. Eu não posso criticar o Miguel por ter voltando com o Márcio, afinal a solidão e uma coisa muito difícil de se lidar. Claro que ele poderia ter encontrado outra pessoa para se relacionar, mas sabe o que eu acho é que ele ficou com o Márcio para preencher o vazio da solidão e "quando_ o Esmeraldo voltasse ele poderia sair dessa relação do mesmo jeito que iniciou e voltar para o Esmeraldo. Bem na minha mente eles não disseram adeus e sim até qualquer dia. Afinal eles são primos e uma hora ou outra o rostinho pode fazer eles se encontrarem. Parabéns pelo seu Dom André.
19/12/2017 00:21:19
Olha, o seu conto é lindo! Além de bastante sexy e muito bem escrito, é sensível, bonito, literário... Você é meu autor favorito aqui! Parabéns!!!
30/10/2017 23:14:45
O melhor
23/10/2017 03:42:44
PERFECT❤ Amei seu conto gatão
22/10/2017 21:55:17
Maravilhoso
22/10/2017 14:31:41
Acho que esse foi o primeiro domingo feliz pra caralho da minha vida, povo! Muito obrigado por isso, todos vocês! Sou um escritor amador e não conseguiria descrever o que sinto agora. Vamos falar sobre O Primo Esmeraldo? Sempre que pensar no lado triste de uma história, lembre-se do quão importante ela se faz pras personagens, a ponto de "uma delas sentar e contar" a vocês. Quero dizer, vamos supor que Miguel e Esmeraldo nunca mais se encontraram, isso significa que a vida que viveram separados fora resultado do contato direto que tiveram por um curto período tempo. Na ordem cronológica, 6 meses podem parecer injustos ou insignificantes, mas foram suficientemente importantes e intensos pra um ter marcado o outro pelo resto de toda a vida que passaram separados. Essa história é toda sobre esse CALOR do momento. Talvez minha visão seja apenas uma justificativa pra explicar o lado humano das personagens, mas nem sempre as coisas parecem realmente justas ou totalmente fáceis quanto poderiam ser. A prova disso é a carência do Miguel no final das contas. Essa pode ser apenas uma das várias histórias que uma personagem tenha vivido. A imaginação da leitura dá essa liberdade infindável. O fim nem sempre precisa ser o término absoluto de todas as coisas, caso contrário, o que seriam dos recomeços? Como o tempo seria importante? E as saudades e lembranças? É essa linha tênue que tentei (e amei) explorar nesse texto, usando a temática de tradições cearenses. Adoro vocês e seus comentários, continuem comigo! <3
22/10/2017 04:50:51
Muito bom. Mas me deixa mal mesmo esses finais
22/10/2017 02:45:31
DIGO, MERECE...
22/10/2017 02:45:19
NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TÃO IDIOTA VOLTOU PRO MÁRIO. AH, MERCE SOFRER E MUITO NESTA VIDA.
22/10/2017 00:46:13
Sempre fico triste no final kkkk. O cara sempre fica só,mas é a realidade
21/10/2017 18:26:23
De novo, conto excelente. Parabéns! E aguardamos pelos próximos 77!
21/10/2017 14:33:29
Legal, mas, em alguns contos os personagens acabam se separando, isso é chato.
21/10/2017 11:35:22
Muito bom
21/10/2017 10:32:01
1000


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