II - A VIDA DE UM GAY - CapNovo Problema
Íamos saindo e nos aproximando do portão ele se abre, olhamos para frente Pedro e Endreo o abriam. Ao nos avistar percebendo que estávamos de saída Endreo automaticamente fechou a cara, e pude perceber a irritação em seus olhos, por alguns momentos até imaginei que ele iria puxar alguma confusão. Porém ele passou por nós nos encarando, olhou profundamente nos olhos de Gabriel. Como não queríamos confusão naquele momento na casa de Sabrina como todos ali apenas baixamos a cabeça e seguimos.
O clima ficou um pouco mais pesado quando entramos no carro, Gabriel percebendo que havia ficado preocupado chegou perto do meu rosto e falou:
- Relaxa bb, vai ficar tudo bem – falou beijando meu rosto.
Notei que ele também ficou preocupado, para o Endreo está calmo assim com certeza estaria querendo aprontar alguma maior, além do o fato que desde nossa conversa era a primeira vez que ele me via novamente junto com Gabriel, então eu esperava alguma reação, porém ele apenas passou, o que foi mais estranho.
Chegamos à casa de Paulo, coloquei o carro para dentro e fomos adentrando, não havia ninguém. Já havia um tempo que tinha ficado a sós com Gabriel, mas a preocupação do que Endreo pudesse fazer conseguia tirar qualquer clima.
Entramos no quarto de Paulo e sentei na ponta da cama, Gabriel entrou ao banheiro e permaneceu lá por alguns minutos até sai e perceber que ainda me preocupava.
- Alguma coisa está te preocupando, e acho que tem mais coisa além do Endreo – disse me fitando. – O que foi?
- É minha mãe – respondi a ele – alguma coisa está acontecendo lá em casa, mas ainda não sei o que...
-Não preocupa amor, deve ser coisa da sua cabeça – Falou se aproximando devagar de mim e aos poucos foi se jogando sobre meu corpo entre a cama. E ao começar me beijar meu pescoço a tranquilidade foi aumentando a preocupação se exaurindo e o tesão aumentando. Matamos a saudades que estávamos de nós.
Ficamos ali até entardecer quando resolvi ir embora, ainda devolvi Gabriel à festa e me direcionei a minha casa. Chegando percebi que não havia ninguém e fiquei deitado sobre o sofá assistindo televisão e acabei pegando no sono ali mesmo.
Lembro de me espantar com barulhos na sala, barulhos que pareciam vozes chorando, achei estranho, porém por impulso permaneci com os olhos fechados fingindo ainda estar dormindo. Após alguns minutos já estava completamente acordado e já começava a entender o que estava acontecendo. Havia vozes na sala que eu não reconhecia, umas 2 vozes para ser exato. Conseguia identificar a voz da minha tia Clarisse, de minha mãe e de minha avó. Eles pareceriam tentar manter um certo silêncio com receio de me acordar acredito eu. Não havia dúvidas, estavam orando perto de mim e pela fala, era por mim.
Conseguia perfeitamente discernir os choros de minha mãe da fala da voz estranha masculina e vozes que concordavam em aprovação o que ele dizia. A cada palavra que ele deferia conseguia sentir uma ferida sendo aberta e não fechada.
- cura senhor todo mal que o rodeia..... – vozes concordavam em coro com palavras de “sim senhor”, “aleluia”... – a partir de agora ele é do senhor Jesus.
Não conseguia imaginar o motivo principal por aquilo me machucar tanto, não sabia que era o fato de estarem ali orando como se eu estivesse uma doença, algo tratável, ou se era o choro de minha mãe, que parecia cada vez mais ansiar para as palavras daquele homem se realizarem. Estava deitado no sofá se bruços com o rosto voltado a parte do encoste, a minha vontade era levantar, dizer a todos que eu não era doente, podia ser diferente, mas era uma pessoa igual à eles, porém só consegui permanecer estático enquanto uma lagrima escorria do meu olho, ainda sim me contive.
O tempo exato que eles passaram orando sobre meu corpo deitado não consigo estipular, mas pareceu uma eternidade, quando terminaram todos começaram a agir como se nada tivesse acontecido, foram ate a mesa que ficava entre a sala de estar e ficaram conversando, não podia simplesmente me levantar dali após minutos do termino da oração, não conseguia imaginar uma reação sadia que pudesse sair de mim naquele momento, então permaneci ali até todos irem embora, o que demorou bastante, e só levantei do sofá quando escutei minha mãe fechando a porta de seu quarto.
Ainda em choque entrei no meu quarto refletindo pelo que havia acontecido e ainda questionando coisas em minha cabeça. Será que apenas as suposições fizeram minha mãe apelar para religião nesse nível.
Na minha família religião é sagrada, a família de meu pai é católica fiel, minhas tias são ativas na igreja e devotas aos seus santos, enquanto na família de minha mãe a maioria é evangélica protestante com exceção de 1 ou 2 filhos incluindo minha mãe. Dentro de todos meus familiares eu havia esperança que minha mãe fosse diferente, me aceita como eu sou, e após toda aquela cena imaginava que nem ela me aceitaria um dia. Eu odiava o fato de precisar está me escondendo, escondendo meu namoro, porém meu pai já havia tido experiência com a declaração de seu irmão, não conseguia ver uma direção clara em minha mente.
Cochilei pensando nas orações, e ao acordar notei minha mãe bem mais sorridente, feliz e otimista. Ao mesmo tempo que amava vê-la assim, me angustiava o fato de pensar que ela estaria acreditando em uma “cura” para minha condição.
- o que tu tem Marcus. Ta todo calado hoje – Disse Bia me cutucando com o dedo na cadeira de trás.
- eu? Nada, estou de boa – respondi e voltei a prestar atenção na aula.
Eu ainda estava abalado, no intervalo resolvi ficar um pouco quieto e pensar.
- alguma coisa aconteceu? – disse Paulo se aproximando – ta olhando pro nada, com uma cara de triste.
- não amigo. Estou bem, relaxa... só estou pensando.
- então ta. Te vejo de noite na casa de Rodrigo – disse se afastando em direção ao refeitório.
- casa do Rodrigo? – perguntei antes que pudesse se afastar muito.
- verdade. Tu saiu mais cedo da festa ontem – riu maliciosamente – hoje vamos pra casa do Rodrigo, aparece lá.
Voltei para sala com a cabeça a mil, pensando em tantas coisas que era bem difícil me concentrar em que a professora ou qualquer pessoa falava.
- soube que agora é amiguinho da “Geral” – disse Bia.
- da o que menina? – perguntei a olhando
- aquela galera de gente metida que fica toda noite na Praça.
Olhei para ela e respondi:
- um dia ainda saberei como você consegue ficar sabendo das coisas tão rápido... – rir.
- é fácil. Tenho meus contatos, sei que tu foi na churrasco na casa da Sabrina, mas saiu cedo – olhei para ela confuso sem consegui acreditar no que estava ouvindo e acabei rindo.
- VAMOS PRESTAR ATENÇÃO NA AULA MARCUS E BIA...
- sim Professora. Desculpa – respondi ainda rindo.
Depois da aula passei a tarde jogando vídeo game e trocando mensagens com Gabriel. Tinha aula de Educação Física, mas dificilmente ia por não ter aptidão nenhuma em esportes com bolas.
“ vamos comprar uma caixinha de cerveja pra levar pra Rodrigo?” – Mensagem de Gabriel.
“cerveja? Pra que?” – respondi confuso.
“esqueci que tu não sabe. A galera faz umas brincadeiras com bebidas, ou assiste filme, mas sempre bebendo.” – respondeu ele
“então vamos né!!!” “Me busca aqui as 20h...” mandei para Gabriel e assim aconteceu.
20 horas Gabriel chegou de moto e fomos comprar bebida. Estava com saudades de andar de moto com ele, sentir aquele cheiro vindo bem perto do meu nariz era maravilhoso.
- até que enfim chegaram! – falou Karla. – e trouxe bebida... Já amo mais!
Fomos sentando pelo meio da sala no chão mesmo e ficamos ali conversando por horas, novamente muitas besteiras.
- ta na hora de brincar de.... Verdades ou Desafios - falou chegando com várias garrafas de cerveja na mão.
Rapidamente secaram uma garrafa para que pudesse gira-la. O primeiro a começar foi Maurício, a garrafa parou em Tay.
- é verdade que eu beijo bem? – perguntou ele rindo.
E ela sem jeito respondeu:
- Abestado.... Naaaao.... mentira, é sim.
Logo em seguida Sabrina pegou a garrafa e a girou e então parou em Gabriel.
- Verdade ou desafio? – perguntou Sabrina, ele pensou um pouco e respondeu:
- Desafio... – Todos vibraram com a resposta dele e riram.
- eitaaaa. Vamos pensar – ela parou o encarando um pouco e falou: - Te desafio a me dar um beijo.
Foi quase instante a reação de espanto dele, não de gritar, ele apenas arregalou os olhos olhou para todos inclusive para mim, que não falei nada, apenas rir de canto de boca, era divertido vê-lo naquela situação.
- Boraaa menino, beija logo... – disse Thiago.
Após uma última olhada em minha direção Gabriel me viu rindo e entendeu como uma autorização, levantou e foi ate Sabrina, e a beijou. Todos vibraram parecendo gostar, e até tiraram brincadeiras.
- Vaaaaaai dar namorooo – dizia Maurício. Confesso que em minha cabeça a cena parecia bem menos perturbadora, ainda mais que notei ela tentando colocar uma língua no meio.
O jogo seguiu... Thiago pegou a garrafa e a girou parando em Tayline.
- Verdade ou Desafio Tay – perguntou ele.
- Desafio... – respondeu ela segura do que estava dizendo, percebi alguns olhares entre os dois que veio seguida do desafio de Thiago.
- te desafio a dar um beijo no Gabriel – novamente todos gritaram, porém minha reação não era mais de diversão.
- Gabriel ta podendo, vai pegar todas. – dizia Maurício.
Gabriel novamente me olhou discretamente, e dessa vez minha cara já não parecia mais animada. Apenas o olhei como quem falasse “tua mente é teu guia”.
- beija logo menina – dizia Sabrina. Acredito que Naty e Sam notaram que eu já não estava gostando da brincadeira, pois fechei um pouco a cara, porém não falaram nada.
- Vai Tay, ele desafio a tu beijar ele. Tu tem que ir mana– dizia Rodrigo.
Gabriel permaneceu sentado na roda sem saber o que fazer quando ela se levantou e veio em sua direção. Ficou bem mais provocante quando ela sentou no seu colo pela frente para o beija-lo. Eu já nem conseguia disfarçar a cara de assustado pela cena. E o beijo... pareciam que namoravam a meses, eles naquela posição, Gabriel sentado no chão com as mãos para trás, como se estivesse entregue a situação e ela em seu colo com as mãos em volta do pescoço dele o beijando.
Tentei relevar, afinal estávamos em uma brincadeira, mas por dentro parecia que minha alma gritava. A próxima a girar à garrafa era Karla.
Ela girou e a garrafa parecia querer me enraivar, pois caiu em Gabriel. Ele logo me olhou, e ali a minha cara estava totalmente enraivada.
- Verdade ou Desafio – perguntou ela rindo toda boba. Ele me olhou de canto de olho e respondeu:
- verdade! – Parecia um alívio para minha alma. Sabia que ela não beijaria ninguém nessa rodada. Karla pensou um pouco e perguntou.
- É verdade que tu é solteiro? – meus olhos novamente soltaram e de tão angustiado eu estava mudando de posição no chão agitadamente.
Acredito que nunca havia visto Gabriel tão nervoso quanto naquele momento. Ele olhava para mim, para Karla e todos ali e parecia confuso com o que responderia.
- ixiiii. Se ta pensativo tem alguém. – falou Thiago – Conte-nos logo.
O comentário do pessoal só conseguiam deixa-lo ainda mais nervoso. E em uma única palavra ele respondeu.
- É... – ele ainda riu disfarçando o nervosismo, mas a minha boca abriu encostando meu queixo no chão.
Para mim já era o bastante, levantei e todos ficaram olhando.
- Eu tenho que ir. Amanhã tenho aula cedo – falei me despedindo de todos.
Automaticamente Gabriel percebeu meu desgosto e começou a se despedir junto dizendo que iria me levar e que também tinha aula.
Fui em direção a saia sem dizer uma palavra com Gabriel, ele ligou a moto e subi, e sem encostalo chegamos na minha casa, sai as moto e novamente sem dizer uma palavra já ia entrando em casa quando ele diz:
- tu ta bravo? – perguntou.
Me virei com uma cara de espanto pela pergunta, cheguei perto dele novamente cruzei meus braços e respondi.
- Nããão Gabriel. – tom de ironia. – tu viu o que fez hoje?
- ta bravo por que beijei as meninas? – perguntou ele.
- acredite. Isso é a menor parte da minha raiva.
- Então o quê? – perguntou ele.
- porra Gabriel. TU TA SOLTEIRO É? – Olhei extremamente enraivado.
- claro que não. Mas tu queria que eu falasse o que? Que namorava contigo? – respondeu ele também em tom de ironia.
- seria bem melhor... assim tu não ia ficar se beijando com ela. Ou pensa que eu não vi tu gostando de beijar a Tay. – já estava exaltando em minhas respostas e no tom de voz.
- pooo, eu sou homem, claro que ia gostar, faz um tempo que não fico com mulher.. – Respondeu ele.
Olhei para ele surpreso pela resposta. Tão surpreso que não conseguia pensar no momento em uma resposta. Apenas demonstrei com minha cara descontente, decepcionada e com muita raiva.
- Gabriel... Vai embora. Pensa no que tu falou e outra hora a gente conversa. Tchau – Nem bem respondi fui entrando pelo portão deixando-o sozinhoxPróximo Capítulo: A Relação.
Após desentendimento a relação de Marcus e Gabriel é afetada. A Mãe de Marcus revela ao filho uma notícia importante.
********** Olá minha gente. Queria começar pedindo desculpa pelo meu desaparecimento, meu celular e meu notebook resolveram dar pau juntos... Mas e então? O que acharam da atitude da mãe de Marcus, e a atitude dele? E quanto ao Gabriel, vocês entenderiam ou ficariam com raiva? Hahaha comente ai.
SÉRIO COMENTE!
E segue lá minhas redes socias... bjjjs **************
Comentários:
fico muito feliz por estar gostando e por comentar, isso me inspira a escrever mais.
Farei um esforço, mas você pode acompanhar mais rapidamente no Blog
Ó Endreo é o tipico irmão superprotetor que não vive sua vida.
hahahaha só saberemos se continuarmos a história kk
agradeço ao Vitinho então. Fique a vontade para ler e acompanhar na integra o blog.
'66 Muito obrigado, mesmo!
sempre kkkk
qual notícia? kkkk
