João e o Pé de Feijão - 23
Não esqueço de vocês meus lindos, segue mais uma parte. Obrigado pelos que comentam e votam, vocês deixam tudo mais divertido.
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- Otto, mi hai dimenticato? – Falou ela atrás dele. O que a lambisgoia estava fazendo ali?
De onde ela apareceu? Eu não estava acreditando que ele tinha levado a namoradinha para o nosso fim de semana! Não Estava acreditando que ele tinha trazido ela para o Brasil.
- Scusa amore, questo è il mio amico, mio fratello Bruno. - não entendia nada que ele estava falando, mas que lindo era ele falando italiano.
- Ma che! Lo so, ho visto nel Facebook. Piacere Bruno, sono Giulia Trentino. - fiquei apenas olhando para a cara dela, sério, não conseguia sorrir, mas tive que me forçar a isso. Abri um sorriso amarelo e peguei sua mão, dando nossos famosos dois beijinhos. Ela se assustou um pouco e recuou. - scusami, non conosco ancora questo costume. - disse ela rindo.
- Otávio, não estou entendendo.
- ela não conhece esse costume de dar beijos ao se encontrar e se despedir. Isso a assustou um pouco. Ela é linda né? Eu te disse que era.
- Você só não me disse que ela viria.
- Sim, ela não viria, mas o chefe dela deu autorização ontem a tarde, então ela pegou o avião e chegou hoje cedo. Por isso só pude vir essa hora. Achei que você gostaria de conhecer sua cunhada. - aquela palavra me irritou mais ainda.
- mas não sei se vai caber lá em casa, você sabe que o apto é pequeno.
- cosa hai sucesso Otto?
-Niente amore. - e para mim - não se preocupe, vamos ficar em um hotel.
-Poxa, mas eu já tinha arrumado tudo.
- mas amigo, nós vamos lá só não vou dormir com você.
- Bem, pelo menos você está aqui né. - ele mandou eu parar de ser chato e me deu um abraço forte.
Fomos para o apartamento então e no caminho ele ia falando com ela, mostrando tudo, contando algumas coisas. Hora ou outra ele me perguntava por alguém ou alguma coisa. Mas logo ficava falando com a loira. Eu estava triste, pensei que seríamos só nós dois, mas não, agora teria que dividir ele com ela.
Ao chegarmos eles sentaram na sala e eu fui buscar suco e refrigerantes que tinha separado para ele. Assim que chegou a mijona já se enfiou no banheiro e eu pude falar melhor com o Otávio.
- Você devia ter me avisado que ela viria... – falei sentando do lado dele.
- Está chateado comigo?
- Não, mas eu tinha programado um fim de semana para solteiros e com ela aqui vou ter que mudar.
- kkk mas eu não sou solteiro kkk Já ia me levar pra putaria né?
- Nada! Bem, ela pode ir a boate também né?
- Claro, ela vai adorar... Que horas é sua formatura mesmo?
- Amanhã às 19 hs. – não demorou muito e a estranha apareceu.
- Otto, suo amico capichi nostra lengua?
- Non principesa, perchê?
- Perche hanno andato sulla qui? Perchê non andiamo a hotel, voglio dormire un puó. – eu sabia que ela estava falando de mim, mas não entendia nada.
- Algum problema Otávio?
- Nada Brunão – e para ela - Capisco amore, peró non ci vediano da due anni. Voglio chiacherare con lui.
- Non puoi parlare doppo?
- Da’vvero? – disse ele suspirando. Não saber o que eles falavam já estava me irritando.
- Per favore amore mio.
- Và bene! D’accordo – e para mim – Brunão, a Guily está cansada, foram 13 horas de viagem pro Brasil e mais 1 hora aqui pra Sampa.
- Eu vou lá arrumar o quarto pra ela deitar um pouco...
- Ela quer ir pro hotel. – eu sabia que ela iria atrapalhar.
- Mas você acabou de chegar...
- Pois é, mas ela precisa mesmo.
- Tudo bem, não vou deixar minha cunhadinha sem descansar, não é?
- Obrigado pro entender amigo.
- Não se preocupa, eu levo vocês lá.
Levantei e fui buscar as chaves. Que raiva eu sentia dele, mas não disse nada. Descemos e fomos para o carro, eu não falava quase nada. Novamente eles ficaram conversando em italiano e eu só dirigi. Ele me perguntava as coisas, mas da minha boca só saia “hurum” “ok” “ não sei”. Logo chegamos ao hotel e ao se despedir ele veio falando comigo:
- Quer subir? Ai podemos ficar conversando enquanto ela descansa.
- Não, tudo bem. Você também deve estar cansado, amanhã nos vemos.
- Você está chateado?
- Não amigo, porque estaria? Relaxa e apresenta bem a cidade para sua namorada, a primeira vez a gente nunca esquece. Rs
- Bobo.
- Oi Julieta, olha, tchau aí heim!! Io gostei molto de conhecer usted!! – Eu tentei falar um italiano de novela, mas ela ficou me olhando com uma cara estranha e ele começou a rir.
- kkkk Amigo, ela não é surda, não precisa gritar; e você misturou espanhol com italiano e outra língua que você só fala quando esta bêbado kkk
- Amore, cosa lui hai detto?
- Che ti hai piacuto molto e hai detto ciao.
- Ah! Kkkk Beníssimo! An’chio ti ho piacuto Bruno.
- Ela disse que também gostou muito de vc. – então ela veio e me deu um abraço forte. Dei outro nele e eles foram para o hotel.
Eu estava arrasado, queria ter ficado com ele, mas ele fez o certo, quis ficar com a namorada, burro sou eu que deixei ele passar. Eu estava extremamente chateado com toda aquela história, cheguei até a sonhar com aquele fim de semana, mas ele estragou tudo. Que raiva eu sentia! Mas eu tinha que aceitar a decisão dele, ele levou a namorada para passar um tempo com ela, não era o nosso fim de semana, mas uma viagem romântica deles. Em casa eu fiquei mais triste ainda, vendo tudo o que arrumei pra ele. Tinha uma panela enorme de macarronada, suco de acerola, sorvete de creme, tudo o que ele adorava, e ele nem chegou a provar. Bem eu tinha que me conformar.
Fui dormir cedo por que no outro dia eu teria que me preparar pra minha formatura. Acordei bem e segui para a academia, depois ao mercado, por fim almocei na rua. Durante o dia inteiro ele não falou comigo, mas eu vi no Instagram dele o passeio que os dois estavam fazendo, tinha várias fotos em pontos turísticos da cidade. Isso me entristeceu, era para nos dois estarmos fazendo um passeio. A tarde chegou e eu fui ao cabeleireiro, e no fim da tarde peguei a beca e fui para o auditório onde seria a formatura. Lá eu me arrumei e fiquei esperando. Meus amigos estavam todos empolgados, mas eu estava sério, triste na verdade.
Minha família chegou toda de uma vez e isso me animou, já que tinha uns primos meus que eu não via a certo tempo, e vieram fazendo festa. Eles me alegraram bastante, ao ponto de eu esquecer do Otávio. Não demorou muito e a cerimonialista nos chamou para entrarmos. A cerimônia tinha começado e só então eu fui perceber que ele ainda não havia chegado. Eu então ficava olhando para trás, querendo saber se ele já havia chegado, mas não conseguia ver muita coisa. Só consegui olhar para trás de fato quando eu fui chamado para fazer uma homenagem aos pais, o que foi ótimo, pois pude dizer a minha mãe tudo o que ela significava para mim. Assim que subi ao palco eu o vi sentado ao lado de seus pais e com a mocreia do lado. Que raiva eu sentia daquela gostosa! Depois foi a entrega do canudo e o final da cerimônia, que foi realmente linda e emocionante.
Ao sairmos de lá fomos direto para uma boate ali perto que seria onde aconteceria nossa festa, tudo muito livre, sem nada nosso propriamente dito. A noite estava muito animada, eu e meus primos nos acabávamos de dançar, assim como meus amigos também. Os mais coroas decidiram ir para casa e nos deixaram a vontade. Eu nem tinha prestado muita atenção neles, mas estavam lá, ele e ela, abraçados, conversando em um canto, ou bebendo alguma coisa juntos. O Otávio não conversou com mais ninguém, não dançou com mais ninguém, só com ela. O meu nível de ciúme estava alto, então resolvi abaixá-lo com álcool, fui ao bar pegar uma caipirinha daquelas. Enquanto estava esperando ele se aproximou e me abraçou por trás.
- Estou tão orgulhoso de você! – Sentir aquele homem me pegando daquela forma me deu um arrepio forte. Mas logo me soltei dele. – Parabéns pela formatura, foi linda demais.
- Pelo menos a parte que você viu né?
- É, desculpa chegar atrasado, mas mulheres, sempre querem estar perfeitas.
- Não se preocupa, eu entendo. E obrigado por ter vindo, foi muito importante para mim.
- Para mim também, é bom estar em casa novamente. É bom estar com você novamente.
- Por mais pilantra que você seja, eu te amo Otávio.
- Eu também Brunão, você é meu irmão, não esquece isso.
- Não esqueço, você não deixa eu esquecer...
- Não entendi.
- Nada, é melhor voltar pra sua namorada, ela deve estar sozinha. Depois nos falamos mais.
- Isso que queria falar com você também.
- O que?
- A Guily quer ir para o Rio amanhã, ela ainda não conseguiu conhecer a cidade e como vamos embora na segunda, amanhã é o único dia que temos. – mais um balde de água fria, namorada idiota!
- Ah, entendi. Tudo bem, sem problemas. Foi muito bom rever você. – e virei as costas para o bar, que ódio eu estava sentindo.
- Ei, não faz assim! Me desculpa, eu não tive muito tempo para nós, mas vamos curtir hoje, vamos! Dança comigo vai. - Olhei pra ele e meus olhos marejaram. Então eu peguei a minha caipirinha e bebi ela toda, na frente dele.
- Ao seu namoro! - Então dei um abraço nele e disse em seu ouvido: - A sua namorada está te esperando. “A gente” fica pra uma outra oportunidade.
- Não faz assim Brunão.
Mas eu virei as costas e fui para a minha roda de amigos. Eu bebi na intenção dele, bebia cada vez mais e logo estava bêbado. Antes de ir embora ele veio até mim e tentou se despedir, mas eu estava tão chapado que só disse tchau e voltei a dançar. A noite correu divertida e cheguei em casa já ia dar 5 da manhã. Encontrei minha mãe e minha tia deitadas na minha cama, eu deitei no meio delas e dormi como um bebê, ficar bêbado me ajudou a não pensar nele, há males que vem para o bem. Mas de repente eu sou acordado pela minha mãe, mas eu estava tão grogue que nem me mexi, mas ela insistiu tanto que acabei acordando mesmo.
- Bruno, acorda! O Otávio está ai, ele quer falar com você. – O que ele estava fazendo ali?
- O Otávio? Não mãe, ele já foi embora pro Rio. – falei embolado.
- Não, estou aqui ainda. – falou ele entrando no quarto, certa esperança nasceu, será que ele tinha desistido para ficar um tempo comigo?
- Ué, não vai mais pro Rio?
- Estou indo agora, mas antes tinha que vir aqui falar com você.
- Pelo menos isso né! Me dá aqui um abraço. – Nem eu estava entendendo minha reação. Eu levantei da cama e fui até ele o abraçar. Nem tinha reparado, mas estava apenas de cueca. Percebi que ele deu uma escaneada no meu corpo, mas não comentou nada. Ficamos um tempo nesse abraço e estava delicioso, tanto que comecei a ficar excitado.
- Opa, alguém acordou. Kkk.
- Ah, desculpa, mas você está gostosinho e eu estou um bom tempo sem ninguém.
- Não tem problema, mas é estranho você me abraçando de pau duro kkkk.
- Não tem nada de estranho, deixa de ser chato. Vou sentir saudades suas, mas você volta logo, só mais um ano.
- É, um aninho só. Bem que você poderia ir me visitar lá né?
- Vou pensar, se meu bolso deixar...
- kkk – Ele me abraçou forte e deu um suspiro forte. Sentia seu hálito na minha orelha, sua voz grossa me dava mais tesão ainda, não aguentei e dei uma apalpada na bunda dele. – opa! Aí não mané kkkk.
- E aqui? – apalpei sua rola, mas ela estava inerte, ao contrário da minha que já pulava de tanto tesão. – É você voltou a ser hetero mesmo né kkk.
- Estou apaixonado amigo. Ela é perfeita.
- Que bom que você está feliz, eu fico feliz também. Agora chega de abraço porque senão eu acabo te sujando kkkk.
- Você continua o mesmo heim. Na verdade não, você mudou muito, está mais homem... Eu prometo que volto com mais calma, pra passar um tempo com você.
- Tudo bem... vou sentir saudade de você... – e ele veio se aproximando novamente, mas antes de nos abraçarmos o telefone dele tocou. Ele olhou e atendeu.
- Ciao amore... Giá andrò... non Giulia... Gezù! Già sto in via! Ciao. – E para mim – Eu tenho que ir.
- Tudo bem, essa menina é marcação cerrada heim!
- É, uma italiana da’vvero. Bem, me dá aqui mais um abraço e até a vista. Fica com Deus amigo.
- Você também, bom passeio e boa viagem.
- Obrigado, até. – E saiu do quarto.
Foi realmente uma meleca esse fim de semana, mas pelo menos nós nos revimos. Depois desse fim de semana ele ficou mais “presente”, ou seja, se comunicava mais comigo, era mais atencioso, mas eu não correspondia a altura, estava chateado ainda.
O tempo foi passando e eu resolvi dar um jeito na minha vida, então sai a caça de um namorado. É o que dizem, quando se quer não aparece ninguém, quando se ignora vem um monte. Eu estava procurando alguém e tive até alguns candidatos interessantes, mas no dia a dia me decepcionaram. Então meus namoros só duravam um mês, 2 meses, o máximo foi três meses, nenhum se comparava a ele.
Depois de quase seis meses assim eu desisti. Fiquei só no sexo esporádico mesmo, baladas gls e alguns aplicativos que ajudava a gente a encontrar alguém legal pra uma noitada. Eu não me orgulhava disso, porque o meu desejo era ter um namorado legal pra ficar comigo, dividir as coisas simples da vida. A minha mãe me enchia o saco perguntando sobre isso, mas eu sempre desconversava e assim segui minha vida.
Otávio:
Minha vida ali na Itália estava do jeito que eu sempre quis, uma vida pacata, um emprego bom que me dava um bom salário, a casa onde eu morava era muito boa e em um bairro tranquilo, havia encontrado uma mulher maravilhosa que cuidava de mim como se eu fosse o ultimo homem da terra. A Julia era incrível de verdade, além de ser gostosa pra cacete. Nosso namoro tinha uma fluidez, tudo era muito natural com ela, e eu poderia dizer que eu estava feliz, mas não era bem assim... Eu sentia falta dele.
Aquele amor que eu sentia por ele quase não existia mais, era como uma lembrança distante, um sonho que nunca se realizou. Eu sentia falta dele comigo todos os dias, do nosso convívio, da nossa vida juntos, e claro, daquela boca gostosa, daquele corpo, aquela bundinha linda... Sentia falta dele.
Mas agora eu estava em outra vida, uma vida onde ele era apenas um amigo distante, um conhecido com quem eu falava as vezes por Skype ou por mensagens, era alguém em segundo plano na minha vida e eu queria muito que continuasse assim.
Depois do nosso ultimo encontro ele ficou um pouco diferente comigo, mais distante. Eu até tentei me manter próximo, mas ele não estava ajudando, com certeza ainda estava chateado pela formatura dele... Eu então segui minha vida da forma mais tranquila possível, mas tudo começou a mudar.