Alguém caminhava lentamente em direção a Conrado, parando a alguns centímetros dele. Conrado que estava de cabeça baixa levantou seu rosto, acompanhando com os olhos desde o pé até a mão estendida da tal pessoa.
- Me da à honra dessa dança? – Miguel estava parado a sua frente.
Conrado o encarou por um momento, e nesse momento percebeu que o rosto de Miguel ganhara a mesma vivacidade de antes, como se ele nunca tivesse estado doente.
- Miguel... – Conrado levantou-se com lágrimas nos olhos, e o puxou para si.
Os dois começaram a dançar lentamente, com os corpos bem juntos. Todos pararam para ver. A sincronia dos dois estava perfeitamente encaixada na cadência de Linger. Os olhos estavam fixos um no outro.
- Obrigado por fazer da minha vida um sonho – disse Miguel. – Por ter me dado à chance de descobrir aonde se esconde a felicidade. Eu te amo, e isso nem mesmo a morte pode mudar.
As mãos de Miguel começaram a enrijecer, seu corpo começou a estremecer e ser tomado por uma convulsão. Sua a boca estava entortando para o lado, e os olhos piscando involuntariamente. A música estava no seu fim, quando ele despencou sobre Conrado.
- MIGUEL!!! – Conrado o segurou sua cabeça, enquanto seu corpo estava estirado no chão.
- Que lindo... – Miguel balbuciou com a língua enrolada. – Que céu mais lindo para se admirar ao lado de quem se ama. Estou tão feliz... – os olhos de Miguel vidraram, e uma lágrima escorreu por fim.
- NÃO!!! – Conrado urrou de dor. – Pai?! – ele olhou para Luciano. – Me ajuda...
Aquela era a noite mais linda do ano. As estrelas pareciam estar vivas, derramando um brilho liquido sobre a escuridão.