A Voz do Coração - Parte 11
Gustavo apenas disse “sim” com a cabeça, sem conseguir abrir os olhos ainda, devido a tantos remédios tomados.
- Eu quero te dizer uma... – Paulo segurou as lágrimas, mas a emoção foi mais forte do que ele. – Eu te amo meu amor. Eu não tenho vergonha de dizer que eu te amo. Você está aqui dentro de mim. – ele levou a mão do Gustavo até o seu coração.
Paulo estava convicto do amor que sentia por ele...
“Não importa a aparência, a condição social, a raça... O amor vem e acontece. Chega de mansinho, desmancha a gente. Faz o nosso coração bater mais forte, nos perturba, tira o nosso sono, rouba a nossa alma... O amor não escolhe quem, onde e quando. Ele simplesmente acontece! Brota de um olhar, de um sorriso, até mesmo de uma briga... Nascemos para viver intensamente, sem medos, receios, ilusões... Nada está perdido, e se pensamos que não seremos capazes de amar e ser amado... Ele vem e nos surpreende. Isto é o AMOR! E quando deixamos de ser tão exigentes... Ele atinge a sua forma mais sublime”.
- Volto. Não vou desistir de você e sei que viveremos a nossa história. Eu amo você. – Gustavo ouvia pouco, mas o suficiente para compreender as palavras dele e responder ao seu beijo. – Eu amo você! –ele repetiu mais uma vez a frase e saiu do quarto.
Ele faria uma viagem de quinze dias... Longos quinze dias que ficaria longe do Gustavo. Seu coração sofria por dentro. Por um instante pensou se havia feito a coisa certa ao casar-se com a Julia. Mas ele gostava dela e ao mesmo tempo sentia a necessidade de ter o Gustavo por perto. Eram dois universos, dois amores...
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- Tudo pronto! Podemos partir rumo ao aeroporto. Ai, eu tô tão feliz meu amor! Nossa lua de mel será inesquecível! – Julia grudava no pescoço dele e o cobria de beijos. Era óbvio que a sua animação era maior do que a do Paulo, que apenas carregava as malas e colocava em seu carro. O irmão dele iria conduzi-los até o aeroporto internacional.
Chegando lá, se despediram e os dois foram fazer o chekin. Em seguida se encaminharam para o portão de embarque e finalmente a aeronave decolou.
- Eu te amo muito Paulo. Você é o homem mais perfeito e maravilhoso que alguém pode ter. Eu agradeço a Deus por tê-lo posto em minha vida. Te amo, te amo! – ela o beijava e ele ficou sem ação. Aquelas palavras entraram em sua mente como facas afiadas... Como uma punição, para fazê-lo sentir-se culpado por ter enganado a sua esposa. Por um momento ele ficou desnorteado, perdido... Mas era apenas o começo, pois o quando viesse à tona o seu breve romance com o Gustavo... Um terremoto iria se formar, sem dúvidas!
- Eu também te amo Julia. Seremos muito felizes, eu prometo. – ambos dormiram colados um no outro, enquanto seguiam viagem rumo à Europa.
18 HORAS DEPOIS...
- Meu Deus! Que lugar lindo! Eu estou em Paris. Nem acredito nisso. – ela mal se continha de felicidade. – Eu quero ir a todos os lugares, comprar muitas roupas, perfumes... Isso aqui é o paraíso.
Pediram um táxi até o hotel onde se hospedariam. Eles iriam ficar cinco dias em Paris, e depois seguir num tour por cinco capitais européias. O Paulo teve que fazer uma economia muito grande pra satisfazer os gostos da mulher. Mesmo sendo dono de um escritório famoso, como era o dele, a Julia era do tipo que gastava sem limites.
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- Olha quem eu trouxe pra visitar o papai...
- Pai! – ela agarrou o Gustavo tão forte, que quase arrancava os aparelhos.
- Devagar minha filha! O seu pai está em recuperação de uma cirurgia. Amanhã ele estará em casa novamente.
- Eu senti falta da minha princesa. Como está indo no colégio? Hein mocinha? – perguntou ele, enquanto tomava sua sopa sem gosto algum, como era de se esperar de uma comida de hospital.
- Pai, eu sou uma aluna linda, inteligente e esperta. O que esperar de alguém assim?
Todos caíram na gargalhada com a Luíza, inclusive a enfermeira.
- Viu como esta garota está, Gustavo? Agora deu pra achar que é adulta. Outro dia, queria ir numa festinha da amiga, e dormir por lá mesmo... – Amanda entregava os podres da filha, e esta emburrava a cara.
- Tudo tem a sua hora certa meu amor. Eu não vejo a hora de sair desse lugar! Me sinto um inútil. E logo agora que subi de cargo e pretendia começar na empresa a todo vapor...
- Não senhor! O Doutor me passou todas as recomendações. Ira ficar dez dias de licença do trabalho. Repouso é fundamental agora.
- Dez dias? Nunca! Eu não sou ninguém ficando preso dentro de casa, olhando para o teto. Você vai está na clínica trabalhando... A Luíza maior parte do tempo no colégio e curso de inglês. Vou ficar sozinho? – ele esbravejou parecendo uma criança perdida.
- Claro que não meu amor. Até eu chegar em casa, pedi para que o Luiz, e a mamãe de vez em quando, vá lá em casa de fazer companhia.
- Minha sogra? Justo ela que pega no meu pé?
- Pai, a vovó e maravilhosa!
- Eu sei filhota... Tudo bem, vocês venceram. Eu fico sozinho em casa por dez dias. Mas somente dez dias! Depois, quero voltar a trabalhar.
- Isso quem vai dizer é o médico e os seus novos exames. Agora termina com essa sopa antes que esfrie. Eu vou levar a Luíza pra casa, e volto pra dormir aqui com você.
- Não precisa Amanda. Já vou sair daqui amanhã. Vá pra casa e fique com nossa filha. Peça para a Maria fazer um delicioso bolo de chocolate pra mim, porque não suporto mais esta comida. Pode descansar em nossa casa. Eu vou ficar bem!
- Tem certeza Gustavo? Eu posso ficar. – ela insistiu.
- Sim. Agora vão.
Uma semana depois e o Gustavo se recuperava em casa. Seus exames deram ótimos e ele foi orientado a praticar exercícios físicos para melhorar o coração. Do outro lado, Paulo se preparava para conhecer mais um lugar. Já haviam passado por Paris, Madri e Veneza. Agora estaria indo para Suíça e por último Londres. Restavam apenas mais cinco dias da lua de mel de ambos, e a Julia curtia cada momento junto ao marido. Em alguns momentos, ele sentia tanta falta do Gustavo, que pensou em ligar para ele. Queria saber do seu estado de saúde, ouvir a voz dele...
O Gustavo também não parava de pensar nele. Se fechasse os olhos, conseguia sentir a voz do Paulo, sussurrando em seu ouvido: “eu te amo”. Ele tinha a certeza de que o amava e que este amor era compartilhado, e que iria fazer de tudo para viver esta história, nem que fosse como amantes, mas ele não deixaria o Paulo escapar da sua vida.
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O RETORNO, O AMOR, E A MENTIRA... TUDO COMEÇA...
A vida voltava como era antes. Não tão antes assim: Paulo era agora um homem casado, e morava em sua própria casa. Aumentou o seu escritório e contratou mais funcionários. Julia seguia com o seu emprego de Gerente de um Banco e o Gustavo retomou a sua rotina na empresa, agora no mais novo cargo de Diretor Financeiro.
Numa bela tarde, quando o sol estava indo embora, e o Gustavo se preparava para sair da sua sala, eis que recebe a sua última ligação. A Cintia informara uma visita àquela hora do dia.
- Doutor Gustavo, um homem chamado Paulo de... Paulo Belmonte está aqui querendo falar com o senhor. Eu digo pra voltar amanhã?
Ele quase teve um treco de novo! Seu coração palpitou e desta vez de alegria. Sentiu tanta, mais tanta falta dele, que chegava a doer por dentro. Era óbvio que ele iria recebê-lo.
- Cíntia, peça para ele entrar. E você já está liberada. Obrigado! – desligou o telefone. Sentiu se o seu perfume ainda permanecia no corpo, arrumou os cabelos e se sentou na cadeira.
- Com licença... Desculpa vir esta hora. É que eu precisava conversar com você. – Paulo abriu a porta devagar e ia entrando lentamente na sala. Gustavo ficou de pé, olhando dentro dos olhos dele, até se aproximar.
- Eu... Nossa, eu sentir tanto a sua falta. – Gustavo nem esperou ele dizer mais nada. Apenas caiu em seus braços, num abraço apertado e em prantos. Eles se beijaram descontroladamente, como se não tivessem e visto há anos.
CONTINUA...