2011 - Outubro
Depois de cinco meses de depressão profunda, onde eu era empurrado até a escola, não comia bem, não conseguia dormir direito... Bem, eu estava um verdadeiro zumbi. Eu não falava com ninguém, mas me destacava pelas minhas notas. Que era algo que eu, definitivamente, não queria.
Havia uma garota que vivia querendo se aproximar, e por mais que eu achasse que ela poderia ser legal, eu não deixava. Não queria ninguém perto de mim, eu via minha mãe ficando com a aparência cada vez mais abatida de tanto lutar comigo.
Estava eu, um dia, com minhas revistas de violão, que eu queria aprender a tocar, mas não tinha coragem de me matricular em alguma escola de música, então o jeito era praticar sozinho. Pois bem, estava eu distraído, andando pelo corredor da escola quando esbarro em um garoto e meus livros e revistas caem todos pelo chão.
_ Desculpa. _ Eu digo abaixando para pegar minhas coisas.
_ Ah, esquenta não cara. _ O rapaz se agacha e começa a me ajudar.
_ Não precisa me ajudar, eu estava distraído e não olhei por onde andava. _ Eu falei depois de pegar o último livro que no chão.
Estava me preparando para seguir quando ele me pergunta:
_ Você sabe tocar?
Eu, enfim, olho para ele e fico sem ar. Ele era lindo: alto, olhos cor-de-âmbar, cabelos castanhos, grande, encaracolados, com uma franja (que dava um certo charme) e um sorriso lindo. Ele usava uma camisa verde e uma jaqueta azul, deixava com um estilo despojado.
_ N-n-não! Estou apren-prendendo _ Respondo gaguejando.
_ Ah... Desculpa a pergunta mas você é gago?
_ Não! _ Eu respondo ficando vermelho.
_ Não precisa ficar envergonhado cara. _ Ele diz rindo. _ Aliás você é da minha sala, né?
Era? Nunca tinha reparado!
_ Ahn, não sei.
_ Mas eu sei, aluno nº 1.
Devo ter corado de novo, porque ele voltou a rir.
_ Faz aula de violão aonde?
_ Em lugar nenhum. _ Ele me olha confuso e eu completo: _ Eu tento aprender sozinho.
_ Sério, mas com um professor seria muito mais fácil.
_ Eu não gosto muito de ficar perto de pessoas. Eu costumo ficar sozinho.
Nossa eu nunca tinha conversado tanto naquela escola.
_ Você está perto de mim agora. _ Ele diz sorrindo.
_ É estou...
_ E agora não precisa ficar sozinho se não quiser.
Enrubesço pela milésima vez.
_ Como você se chama mesmo? _ Eu pergunto.
_ Pietro. Pietro Alves.
_ Prazer Pietro. _ digo estendendo a mão. _ Meu nome é...
_ Eu sei seu nome Daniel. _ Ele aperta minha mão e eu sinto choque em todo o meu corpo. _ Daniel Torintho.
Eu dou um sorriso. Um sorriso verdadeiro, daqueles que eu jamais pensei que daria de novo.
_ A Karol vai morrer de ciúmes. _ Ele diz.
_ Quem?
_ A garota que vive puxando assunto com você. _ Ele dá uma risada gostosa. _ Você estuda aqui a meses e não sabe o nome de ninguém, que viagem!
Toca o sino e então seguimos para a sala onde eu noto que ele senta no lugar ao extremo oposto ao meu. A aula passa e eu não consigo resistir e fico olhando para ele as vezes e sinto que quando eu não estou olhando ele me espia também. E quando eu o pego ele não faz que nem eu, que abaixo o olhar, ele sustenta e ainda sorrir.
Ficamos nesse flerte até, infelizmente, e sino bater marcando o final da aula. Fico enrolando até ele sair.
_ O que foi hoje? _ Alguém pergunta atrás de mim.
_ Oi? _ Eu me viro e vejo que é a Karol.
_ Você sempre é o primeiro a sair na hora de embora, só olha pra frente e não presta atenção em ninguém. Parece até que tem medo de pegar doença.
_ Não aconteceu nada hoje. _ Eu falo estranhando que uma pessoa tenha prestado tanta atenção em mim.
_ Tá vendo, você só responde minhas perguntas com sim ou não. Hoje saiu uma frase inteira e não pense que eu não vi aquele flerte com o Pietro.
Fico muito envergonhado. Será que todo mundo tinha visto? Eu havia fingido que não havia ninguém perto de mim por tanto tempo, que realmente esqueci das pessoas a minha volta. Eu não queria que ninguém desconfiasse, não queria ser abusado por isso de novo. Comecei a ficar em pânico.
_ Você está bem? _ Ela diz mostrando preocupação, eu devia estar com cala de idiota.
_ Estou, mas parece que você ficou prestando atenção demais em mim.
Ela começa a rir e diz:
_ Eu prestei atenção? Você com esse jeito não toque em mim...
_ Eu só não quero chamar atenção! _ Digo a interrompendo.
_ Sério? _ Ela pergunta rindo. _ Pois para, que não tá funcionando! Você é famoso, aqui na escola, sabia?
Vendo minha cara de confusão ela diz:
_ O Garoto Mistério. _ Ela diz isso colocando as mãos em frente o rosto e as abrindo, depois com um semblante sério ela continua: _ O Sofredor Solitário, um Pobre Coração Infeliz...
A corto antes dela me nomear de mais alguma coisa.
_ Tá bom, tá bom.
_ Tchau, tenho que ir pra casa correndo.
Ela sai que nem uma doida e me deixa para trás.
_ Tchau, então. _ Eu digo sozinho.
No outro dia, na hora do recreio, ela senta no lugar onde eu sempre ficava sozinho. E começamos a conversar normalmente, surpreendentemente eu não me sentia incomodado. No dia anterior, na conversa com o Pietro, algo mudou dentro de mim, era como se pedaços desconexos de algo vazio e sem forma dentro do meu peito, tivessem se juntando. Nada era como antes. E, foi pensando nisso que eu perguntei:
_ E o Pietro?
_ O que tem ele? _ Ela pergunta depois de engolir um pedaço de esfirra.
_ O que você sabe sobre ele?
_ Muita coisa, estudo com ele desde o pré.
E então eu soube que ele tinha 16 anos, tinha começado a escola tarde, tinha uma banda chamada Ordem e Progresso por pura ironia, pois era uma banda de rock pesado, segundo Karol. E durante a conversa eu fui ficando assustado, pois estava ficando com a bexiga cheia. Eu nunca ia no banheiro da escola, eu ficava com medo. Então, com, muita vergonha, eu pedi:
_ Eu preciso ir no banheiro, será que você pode ficar na porta me esperando?
Ela faz uma cara estranha e eu me arrependo, mas ela responde:
_ Tudo bem, mas por que?
_ Nada, é que eu tenho medo de ficar em locais fechados sozinho.
_ Mas deve haver outros garotos lá...
É disso que eu tenho medo.
_ Beleza, vamos lá então! _ Ela diz se levantando.
_ Obrigado.
Vou no reservado e quando estou lavando as mãos Pietro sai de uma das cabines.
_ E ai, Daniel.
Tento não estremecer e parecer um garoto com problemas mentais.
_ Oi...
_ Cara, eu sei tocar violão. Eu sempre estou aqui na escola a tarde, se você quiser eu posso te ajudar.
_ Como?
_ Ah, eu posso ser seu professor. É de graça. _ Ele ri e eu também.
_ Não sei.
_ Aparece aí.
E então a tarde, fiquei olhando o violão (que minha mãe me deu) e ele ficou olhando para mim. Tomei minha decisão:
_ Ok, você venceu. Eu vou!
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(ário do Autor)
Bem seguindo a sugestão do meu Fã Nº 1 Chacon Bebe vou responder os comentários de vocês: Chacon Bebe, valeu por acompanhar o conto e quem sabe o Dani não use sua técnica no futuro (rs). Samye detive um abração (Fã Nº 2 vcs são impagáveis), David e CaioBarbosa o meu muito obrigado por acompanhar meu conto. Lukas ainda tem muito chão pela frente e eu prometo reviravoltas. TayChris e Marcos Costa a pergunta de vocês dois serão respondidas no próximo capitulo e por último, mas não menos importante, Rafagyn: espero que sua dúvida esteja sendo esclarecida. Pois bem, amo vocês e espero que continuem comigo!
