SEXO QUENTE COM O MACHO MISTERIOSO

Um conto erótico de Augusto Treppi
Categoria: Homossexual
Data: 12/06/2012 20:11:25

A primeira pergunta que me veio à cabeça, antes mesmo de abrir os olhos foi:

- Alguém anotou a placa do caminhão que passou por cima de mim?

Era a primeira vez que experimentava a sensação de amnésia alcoolica. Minha cabeça estava explodindo e meu corpo parecia completamente moído. O amargo da boca se misturava com a extrema sede, fazendo com que eu sentisse meus lábios a ponto de rachar.

Ao passar a mão de leve pelo peito, percebi os pelos emaranhados e colados por uma camada de algo endurecido. Como em um reflexo, comecei a verificar também a minha bunda, meio peluda, e constatei a mesma condição.

Aos poucos, alguns fragmentos de memória foram espocando no meu cérebro, trazendo recordações ainda meio confusas. Assustado, acordei de uma vez, dando um pulo na cama:

- Será que aquele filho da puta gozou dentro de mim, sem camisinha?

A penumbra do quarto me permitiu abrir lentamente os olhos. Mesmo com o ambiente escuro pude notar a porta do armário aberta, coisa que minha organização jamais permitiria acontecer, nem que eu estivesse em coma alcoolico. Virei para o lado do criado mudo, tentando ver as horas, mas o que não vi foi o rádio relógio que sempre ficava próximo à cabeceira da cama. Embora o raciocínio ainda estivesse lento da bebedeira, constatei o óbvio.

Eu tinha sido roubado.

Com grande esforço me levantei e, cambaleando, tentei fazer o inventário do prejuízo. Do armário faltavam algumas peças de roupa, entre elas uma jaqueta de couro nova em folha que eu tinha acabado de comprar. Entre os eletrônicos, bem pior do que o rádio relógio foi registrar que meu notebook não estava mais sobre a comoda. Segurando nas paredes, sai do quarto e na sala encontrei a porta aberta, com a chave ainda na fechadura, pelo lado de dentro. Impossível imaginar há quanto tempo aquele marginalzinho já teria dado o fora. Desconsolado, sentei no chão, com as mãos na cabeça.

Puta merda, como eu podia ter sido tão burro?

O café forte tomado de pé, encostado na pia da cozinha, ajudou a reavivar minha memória. Como de costume às sextas, eu havia ido até uma boate gay na periferia. Um pouco bagaceira, mas garantida de pegar algum garoto.

Aos 45 anos, sou um homem ainda em forma, mas prefiro não me arriscar com playboyzinhos classe média. Os caras menos abonados sempre saem pra noite mais dispostos, sem intenção de só fazer caras e bocas exibindo as novas roupas adquiridas na semana.

Desde que me separei resolvi entrar de cabeça nessa minha segunda vida, tão deixada em segundo plano em função de esposa e filhos. Agora os moleques já estão criados, cuidam de seus próprios problemas e a mulher também perdeu o pouco interesse que tinha por mim. Nunca fomos muito apaixonados ou animados, nosso casamento parecia mais uma dupla de adultos empenhada em criar as crianças que dependiam de nós. Algo como uma empresa com o objetivo de preservar a espécie, fornecendo a sua contribuição na forma de três meninos. Felizmente tivemos sucesso na empreitada e eles agora retribuiam. Com certeza cuidariam bem da mãe e eu me sentia liberado. Não vou esconder, na minha vida secreta sempre gostei de dar, e agora ia tirar o atraso.

O líquido quente nos meus lábios aos poucos ia me trazendo as recordações necessárias para ao menos tentar encontrar o ladrãozinho. Na balada de véspera, eu estava bebendo além do normal. Já meio cambaleante, mal conseguia distinguir com precisão as fisionomias em torno de mim. Escorei no balcão e, em poucos segundos, senti alguém me dando uma encoxada firme. Virei pra trás, com a visão turva, e distingui um homem, talvez de uns 40 anos. Como realmente não era o meu número, tratei de tentar me desvencilhar. A pegada firme me impediu, fazendo com que eu ficasse ainda mais imprensado no balcão.

Surpreso, com o café amargo dançando na boca, constatei em um flash que minha busca não seria por um ladrãozinho, mas sim por um ladrãozão. Esse coroa, praticamente da minha idade, é que havia me arrastado para a minha própria casa.

Em um rasgo de indignação resolvi que o melhor seria chamar a polícia. Não me incomodava com a exposição que isso poderia ter. Já conseguia construir a imagem do sujeito na minha mente, me sentia capaz de descrevê-lo. Tinha o endereço da boate e algo me dizia que ele morava nas redondezas, pelo seu tipo simplório que agora lembrava.

A busca pelo celular por toda a casa se mostrou infrutifera. Claro, com certeza tinha ido embora na boa bagagem que o sacana arrumou enquanto eu estava apagado. Decidi mudar de planos. Já que teria que sair, em vez de ir a polícia ia primeiro dar uma circulada nas proximidades da balada. Quem sabe não dava a sorte de localizá-lo e assim resolver tudo de uma vez, sem maiores escandalos. Isso! Primeiro um banho pra varrer de vez a ressaca e em seguida a caçada!

A água gelada do chuveiro batendo em minhas costas trouxe as recordações que faltavam. Depois de me encoxar com firmeza no balcão, o cara me virou, segurou meu queixo e enfiou a língua na minha boca, forçando um beijo. Não sei se foi pelo efeito da bebida ou pelo tesão acumulado em uma semana, só sei que aquela mão aspera apertando meu queixo e a saliva grossa que me vi obrigado a engolir transformaram meu corpo, que a principio se mostrara resistente, em uma gelatina. Coloquei os braços em torno do pescoço largo do misterioso homem e me entreguei aos seus carinhos meio abrutalhados, que em nada lembravam os toques mais amenos dos garotos com os quais eu estava mais acostumado. Liberando minha boca e me enlaçando a cintura ele foi categórico:

- Vamos embora.

Embriagado e agora excitado, segui o macho sem pestanejar, não estranhando nem mesmo quando ele me pediu a comanda e a carteira. A bebedeira não me impediu de ver que ele pagou as duas contas com o meu dinheiro, me encarando cínico. Algo no seu jeito seguro de executar essa operação fez com que eu me calasse, aceitando passivo quando ele me pegou pela mão e foi me puxando para a saída.

Minha grana serviu também para pagar o taxi e não sei com que feitiço aquele cara conseguiu de mim a imprudência de dar meu endereço, levando um completo desconhecido para dentro de casa.

O prédio onde moro não tem porteiro físico, o que facilitou a nossa chegada. Subi até o apartamente praticamente carregado pelo outro. Tudo rodava a minha volta e nem mesmo eu entendia o que tentava falar, enrolando a língua com palavras desconexas. A lembrança seguinte já me traz pelado debaixo do chuveiro, de joelhos, chupando o pau do homem que, com total desenvoltura, tinha assumido o controle da transa. Uma estocada mais vigorosa fez com que o mastro cutucasse a minha garganta, causando o desastre. Em grandes golfadas coloquei pra fora tudo que havia no estomago. O cheiro azedo de vômito impregnou o ambiente e um zumbido na orelha me alertou para o tapão que levei na cara. Atordoado pela pancada e pela vergonha, instintivamente comecei a lavar o pé do macho, todo lambuzado de restos de comida. Nunca poderia me imaginar numa situação dessas. Além de pela primeira vez sentir o que era levar uma porrada, desconhecia meu comportamento. É verdade que nas transas com os moleques sempre eles é que me comiam. Porém, fora da cama eu que era o ativo, conduzindo a brincadeira do meu jeito.

Vomitar trouxe certo alívio e passei a não sentir mais tanta tonteira. O louco que eu tinha levado pra casa era de poucas palavras, mas me encarou com um meio sorriso, olhando de cima, satisfeito pela minha providência de limpá-lo sem esperar mandar. Logo na sequência estavamos no sofá, onde ele me dava um amasso ao mesmo tempo que me fazia beber mais, servindo com desenvoltura as cervejas que tirava da geladeira se dando total liberdade. Só então reparei seu corpo, um pouco mais alto que eu, bastante magro e bem liso, em contraste com meu tipo meio fofinho e peludo. No pouco que falava mostrava uma voz meio metálica, mantendo sempre o tom direto e um pouco rude. Eu me sentia intimidado dentro da minha própria casa.

Bem, esta é a primeira vez que publico algo inédito aqui na Casa dos Contos, geralmente posto trechos dos meus livros como divulgação. Essa história de agora está em construção, se quiserem comentar, será muito bom.

CONTINUA...


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Comentários

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12/06/2012 21:25:27
Muito bom,adoro quado vc escreve trechos de seus livros.
12/06/2012 21:25:15
Conto do caralho !! muito show... Continua isso ae.!
12/06/2012 20:39:53
Cilada,claro,mas bem construido. Parabéns!


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